Resumo:
O artigo propõe um esforço de tensionamento dos argumentos feministas pós-estruturalistas sobre as relações estabelecidas entre práticas discursivas e a materialidade dos corpos. O fio condutor do texto é uma entrevista realizada com uma mulher que vivencia uma forma rara de malformação congênita do aparelho reprodutor. Interpelamos, primeiramente a partir das perspectivas pós-estruturalistas e, em seguida, com base no realismo agencial de Karen Barad, a narrativa da entrevistada sobre os processos de diagnóstico e tratamento da condição de agenesia vaginal. Concluímos que o advento do realismo agencial permite superar os limites epistêmicos das teorizações construtivistas acerca dos processos de materialização corporal, garantindo uma fundamental complementação materialista a tais posições e evidenciando a eficácia produtiva do poder disciplinar em toda sua dimensão empírica.
Palavras-chave:
corpo; materialização; práticas discursivas; realismo agencial; agenesia vaginal