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Correlação entre HIV e HCV em prisioneiros brasileiros: evidência de transmissão parenteral no encarceramento

OBJETIVO: É um fato correntemente aceito que as condições de confinamento aumentam o risco de algumas infecções relacionadas às práticas sexuais e/ou ao uso de drogas injetáveis. Realizou-se estudo para estimar a densidade de incidência da infecção pelo HIV na população prisional com aplicação de técnicas matemáticas. MÉTODOS: Foram entrevistados em São Paulo, SP, 631 prisioneiros da maior prisão da América do Sul, que abrigava aproximadamente 4.900 presos na ocasião do estudo. Foi colhido sangue da população entrevistada, analisado o risco para a infecção pelo HIV e realizados testes sorológicos para HIV, HCV e sífilis. Técnicas matemáticas foram usadas para se estimar a densidade de incidência do HIV relacionada ao tempo de encarceramento. RESULTADOS: As prevalências gerais encontradas foram: HIV -- 16%; HCV -- 34%; sífilis -- 18%. Os principais fatores associados à infecção pelo HIV foram a soropositividade ao HCV (OR=10,49) e a confissão do uso de drogas injetáveis (OR=3,36). A análise matemática mostrou que o risco de adquirir a infecção pelo HIV aumenta com o tempo de detenção, atingindo o máximo por volta de 3 anos de aprisionamento. CONCLUSÕES: A correlação entre a soroprevalência do HIV e do HCV e os resultados da análise matemática sugerem que a transmissão do HIV nestsa população se dá preferencialmente pela via parenteral e que seu risco aumenta com o tempo de encarceramento.

Síndrome de imunodeficiência adquirida; Hepatite; Soroprevalência de HIV; Prisioneiros; Transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas; Fatores de risco; Estudos soroepidemiológicos; Uso de drogas; Prisioneiros masculinos


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