RESUMO Este texto esboça uma etnografia da trajetória do Teleférico do Complexo do Alemão, entre a sua construção, desativação e abandono. Seu objetivo é destrinchar as diferentes temporalidades que a construção do teleférico produziu e que permitiram concebê-lo como uma obra e infraestrutura de transportes viável no Rio de Janeiro. Com base em perspectivas da antropologia das infraestruturas, em que essas são tomadas como processos multiescalares a serem investigados, e não como dados a priori do espaço urbano, o caso do teleférico surge aqui como bom para pensar o fim do último grande ciclo de investimentos em provisão de infraestruturas urbanas no Rio de Janeiro. Não são apenas estações que se encontram em ruínas no topo dos morros, mas os futuros projetados pela conjuntura do presente da virada da última década.
ABSTRACT This article sketches an ethnography of the trajectory of the gondola cable car system known as the Teleférico built in the Complexo do Alemão, in Rio de Janeiro’s north zone, between 2007 and 2016. In order to elaborate its construction, deactivation and abandonment, we analyze the different temporalities of the cable car system that made its construction as a mass public transportation system possible. Drawing on theoretical insights of recent anthropological scholarship on infrastructures, we consider the social life of the Teleférico as the result of multi scalar processes and conflicts. We suggest that the Teleférico constitutes an exemplary case think through the provision of urban infrastructures in the run up to the 2016 Olympics in Rio de Janeiro, and thus the material ruins of the Teleférico shed light on the ruins of the various projected futures of Rio’s recent past.
RESUMEN Este texto hace un esbozo de una etnografía de la trayectoria del Teleférico del Complexo do Alemão , entre su construcción, desactivación y abandono. Su objetivo es desvelar las diferentes temporalidades que produjo la construcción do Teleférico y que permitieron concebirlo como una obra e infraestructura de transportes viable en Rio de Janeiro entre los años 2007 y 2011. A partir de perspectivas de la antropología de las infraestructuras, en las que estas son tomadas como procesos multiescalares que serán investigados, y no como datos a priori del espacio urbano, el caso del Teleférico surge aquí como pertinente para pensar el fin del último grande ciclo de inversiones en provisión de infraestructuras urbanas en Rio de Janeiro. No se trata apenas de estaciones que se encuentran en ruinas, sino de los futuros que habían sido proyectados por la coyuntura del presente del cambio de la última década.
RÉSUMÉ Ce texte esquisse une ethnographie de la trajectoire du téléphérique du Complexo do Alemão, depuis sa construction, sa désactivation et son abandon. L’objectif est de démêler les différentes temporalités que la construction du téléphérique a produites et qui ont permis de le concevoir comme une infrastructure de transport viable à Rio de Janeiro entre 2007 et 2011. À partir de perspectives de l’anthropologie des infrastructures, dans lesquelles ceux-ci sont pris comme des processus multi-échelles à investiguer, et non comme des données a priori de l’espace urbain, le cas Teleférico apparaît ici comme une bonne manière de penser la fin du dernier grand cycle d’investissements dans la fourniture d’infrastructures urbaines à Rio de Janeiro. Ce ne sont pas seulement des gares en ruines au sommet des collines, mais des futurs qui ont été projetés à la dernière décennie.