Enquanto experiência artística, o projeto fotográfico "Arborescência - fisionomia do vegetal na paisagem amazônica" proporciona ao autor uma série de descobertas: a paisagem como entrelaçamento de Natureza e Cultura (a presença indireta do homem; o face a face com 'sujeitos vegetais'); as relações de continuidade, indiferenciação e equivalência entre o 'natural' (heterogêneo, espontâneo, nativo, rural) e o 'cultural' (homogêneo, cultivado, exótico, urbano) na experiência da paisagem vegetal; a arborescência como "imagem cósmica" (Gaston Bachelard), onde o alto (céu, luz, galhos, água celeste) e o baixo (terra, sombra, raízes, água terrestre) são pólos equivalentes e reversíveis. Tal experiência encontra ressonâncias na eco-cosmologia das sociedades da floresta amazônica. A cosmologia ameríndia é uma "ecologia simbólica" (Philippe Descola), pois elabora "uma complexa dinâmica de trocas e transformações entre sujeitos humanos e não humanos, visíveis e invisíveis" (Bruce Albert); a ecologia ameríndia é uma "cosmologia posta em prática" (Kaj Århem), na qual animais caçados e plantas cultivadas são 'parentes' que é preciso seduzir ou coagir. Tal modelo constitui uma forma de "socialização da natureza" (Descola), de "humanização da floresta" (Evaristo Eduardo de Miranda) e de "antropização indireta" dos ecossistemas amazônicos (Descola), geradora de "matas culturais" (William Balée).
As an artistic experience, the photographic research "Arborescence - plant physiognomy in Amazonian landscape" conduces the author to discover landscape as an interpenetration of Nature and Culture (man's indirect presence; being face to face with vegetable subjects); continuity, undifferentiation and equivalence between the 'natural' (heterogeneous, spontaneous, native, rural) and the 'cultural' (homogeneous, cultivated, exotic, urban) in the experience of landscape; arborescence as a "cosmic image" (Gaston Bachelard), where the high (sky, light, branches, sky water) and the low (earth, shade, roots, land water) are equivalent and reversible poles. Such experience echoes the eco-cosmology of forest societies in Amazonia. The Amerindian cosmology is a "symbolic ecology" (Philippe Descola), that is, "a complex dynamics of social intercourse and transformations between humans and non-humans, visible and invisible subjects" (Bruce Albert); the Amerindian ecology is "a cosmology put into practice" (Kaj Århem), wherein hunted animals and cultivated plants are 'relatives' to be seduced or coerced. Such model appears to be a form of "socialization of nature" (Descola), "humanization of the forest" (Evaristo Eduardo de Miranda) and "indirect anthropization" of Amazonian ecosystems (Descola) which produces "cultural forests" (William Balée).