Resumo Este artigo objetiva apresentar uma narração dos Estudos Críticos em Políticas Públicas ( Critical Policy Studies ) como uma escola de pensamento que se constrói, reflexivamente, dentro do próprio campo de estudos em políticas públicas, consolidando-o e pluralizando-o. Esta abordagem, embora pouco conhecida no Brasil, representa cada vez mais um caminho alternativo e consistente de estudos, que se distingue pela assunção da centralidade da linguagem como principal dimensão de análise nos processos de políticas públicas; pela escolha da interpretação como método; tendo os argumentos como principal material de pesquisa e o pós-positivismo como propósito. Metodologicamente, este artigo foi construído por meio de revisão narrativa da literatura, adotando, como ponto de partida, o fórum de discussão sobre “o que é crítico?”, publicado em 2016, pela Revista Critical Policy Studies e o próprio Handbook of Critical Policy Studies (Fischer, Torgerson, Durnová, & Orsini, 2016). Em cinco seções, narramos a conformação dos Critical Policy Studies passando, sobretudo, pelas abordagens interpretativista e argumentativa, buscando estabelecer diálogos férteis com analistas, burocratas, gestores e pesquisadores deste campo de estudos. Bem como com todos aqueles interessados em enfrentar os desafios da produção de outras narrativas e do desenvolvimento de novos processos de investigação e de ensino, com o objetivo de tornar os estudos em políticas públicas mais diversos e mais condizentes com a realidade brasileira. Concluímos que, paradoxalmente, a pluralidade – disciplinar, epistemológica, metodológica, teórica e temática – que caracteriza o desenvolvimento do campo de estudos em políticas públicas, no Brasil, ainda não se traduz, necessariamente, em políticas públicas mais participativas, inclusivas e democráticas. Nesse sentido, acreditamos que o esforço de contribuir para a introdução desta literatura no campo brasileiro não apenas pressupõe a adoção de uma postura de pesquisa crítico-reflexiva, como também representa um primeiro passo em direção à adoção de práticas mais democratizantes no campo das políticas públicas.
Abstract This article aims at presenting a narrative of Critical Policy Studies as a school of thought that is built, reflexively, within the Policy Studies field, consolidating and pluralizing it. This approach, although little known in Brazil, represents, increasingly, an alternative and a consistent path of studies, that distinguishes itself by assuming the centrality of language as an unit of analysis in policy processes; choosing interpretation as a method; taking the arguments as the main research material and post-positivism as its purpose. Methodologically, this article has been built through a narrative review of the literature and it adopted, as a starting point, the discussion forum on “what is critical?”, published in the Critical Policy Studies Review (2016 edition), and the Handbook of Critical Policy Studies itself (Fischer, Torgerson, Durnová & Orsini, 2016). In five sections, we narrate the development of Critical Policy Studies School passing, mainly, through interpretative and argumentative approaches, seeking to establish fertile dialogues with analysts, bureaucrats, managers and researchers. As well as with all those interested in facing the challenges of producing other narratives and developing new research and teaching processes in this field of studies, with the objective of making the Policy Studies field more diverse and more consistent with the Brazilian reality. We conclude that, paradoxically, the plurality - disciplinary, epistemological, methodological, theoretical and thematic - that characterizes the development of the Policy Studies field, in Brazil, still falls short of meaning more participatory, inclusive and democratic public policies. In this sense, we believe that the effort to contribute to the introduction of this literature in the Brazilian Policy Studies field not only presupposes the adoption of a critical-reflexive research stance, but also represents a first step towards the adoption of increasingly democratizing practices in the Policy field.