OBJETIVO: Investigar o uso da contenção física em hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro. MÉTODOS: Um inquérito foi conduzido em agosto de 2009. As informações - sexo, idade, diagnóstico, ocorrência e duração de contenção física - foram coletadas no prontuário. RESULTADO: A amostra consistiu em 66 pacientes, dos quais 59% eram mulheres, com idade média de 44 anos. Durante o período estudado, 24% dos pacientes foram contidos no leito pelo menos uma vez, mas não é prática corrente o registro detalhado do procedimento. Não ocorreram eventos adversos importantes. Não houve associação entre o uso de contenção e variáveis sociodemográficas e clínicas. CONCLUSÕES: A prática de contenção física parece consistente nas emergências psiquiátricas do Rio de Janeiro: esse mesmo percentual foi observado em estudos conduzidos em três hospitais em outros momentos, 2001 e 2004, e situa-se em uma faixa intermediária em relação aos resultados observados em outros países. Não existem estudos randomizados para se fazer uma avaliação objetiva dos benefícios e riscos dessa prática, mas a segurança e a eficácia dessa intervenção deveriam ser objeto do mesmo escrutínio científico normalmente destinado aos outros tratamentos.

OBJECTIVE: To evaluate the use of restraints in a large psychiatric hospital in Rio de Janeiro city, Brazil. METHODS:A survey was carried on in August 2009. Data on sex, age, diagnostic, use and duration of restraints were collected from patients' notes. RESULT: Sample consisted on 66 patients, 59% women, with mean age of 44 years. During the study 24% of the patients were restrained at least once, but registering details of the procedure was not usual. There were no important adverse events. No associations were observed between restraints and sociodemographic and clinic variables. CONCLUSIONS: The use of restraints is a consistent practice in Rio de Janeiro's psychiatric hospitals: the same proportion was observed in three hospitals in distinct periods, 2001 and 2004, and this finding is in an intermediate position in relation to other studies results. There are no randomized trials to properly evaluate the benefits and risks of this practice, but the efficacy and safety of this intervention should be subject to the same scientific scrutiny as other treatments.

OBJETIVO: A tranquilização farmacológica rápida e segura de episódios de agitação/agressividade é muitas vezes inevitável. Esta revisão investiga a efetividade da combinação haloperidol e prometazina intramuscular, muito utilizada no Brasil. MÉTODO: Através de busca nos registros do Cochrane Schizophrenia Group, foram incluídos todos os ensaios clínicos nos quais a combinação haloperidol e prometazina foi avaliada em pacientes agressivos com psicose. Todos os estudos relevantes foram avaliados quanto à qualidade e tiveram seus dados extraídos de forma confiável. RESULTADOS: Foram identificados quatro estudos relevantes de alta qualidade. A combinação haloperidol e prometazina foi comparada com midazolam, lorazepam, haloperidol isolado e olanzapina, todos administrados por via intramuscular. No Brasil, a combinação foi efetiva, com mais de 2/3 dos pacientes tranquilos em 30 minutos, mas midazolam foi mais rápido. Na Índia, comparado a lorazepam, a combinação haloperidol e prometazina foi mais efetiva. Após as primeiras horas, as diferenças foram negligenciáveis. O uso de haloperidol isolado acarretou maior incidência de efeitos adversos. Olanzapina promove tranquilização tão rapidamente quanto a combinação, mas não tem efeito tão duradouro e mais pessoas necessitaram medicação adicional nas quatro horas subseqüentes. CONCLUSÃO: Todos os medicamentos avaliados são eficazes, mas esta revisão demonstra vantagens no uso da combinação haloperidol e prometazina.

OBJECTIVE: Rapid and safe tranquillisation is sometimes unavoidable. We conducted this systematic review to determine the value of the combination haloperidol plus promethazine, frequently used in Brazil. METHOD: We searched the Cochrane Schizophrenia Group's Register and included all randomised clinical trials involving aggressive people with psychosis for which haloperidol plus promethazine was being used. We reliably selected, quality assessed and extracted data from all relevant studies. RESULTS: We identified four relevant high quality studies. The combination haloperidol plus promethazine mix was compared with midazolam, lorazepam, haloperidol alone and olanzapine Intramuscular. In Brazil, haloperidol plus promethazine was effective with over 2/3 of people being tranquil by 30 minutes, but midazolam was more swift and in India, compared with lorazepam, the combination was more effective. Over the next few hours reported differences are negligible. Haloperidol given without promethazine in this situation causes frequent serious adverse effects. Olanzapine is as rapidly tranquillising as haloperidol plus promethazine, but did not have an enduring effect and more people needed additional drugs within 4 hours. CONCLUSION: All treatments evaluated are effective, but this review provides compelling evidence as to clear advantages of the haloperidol plus promethazine combination.

Introducción: La flufenazina, uno de los tres antipsicóticos de la lista de drogas esenciales de la OMS, está disponible desde hace 5 décadas. Las revisiones cuantitativas de sus efectos vs. placebo son escasas y desactualizadas. Método: Buscamos estudios controlados aleatorizados relevantes que compararan la administración de flufenazina oral contra placebo, en los registros de ensayos de los grupos de esquizofrenia de Cochrane (oct. 2006) y en referencias incluidas en los estudios. Los estudios consistentes y confiables muestran datos de ensayos clínicos aleatorizados (ECA). Calculamos el RR mediante un modelo de efectos fijos, el número necesario por tratar (NNT) y su intervalo de confianza de 95%. Resultados: En flufenazina vs. placebo, a corto plazo, el resultado "no mejoría" no fue muy diferente (n=75, 2 ECA, RR 0,71, IC 0,5 a 1,1). La flufenazina oral, a corto plazo, aumenta el riesgo de manifestaciones extrapiramidales, como la acatisia (n=227, 2 ECA, RR 3,43, IC 1,2 a 9,6, NNT 13, IC 4 a 128) y rigidez (n=227, 2 ECA, RR 3,54, IC 1,8 a 7,1, NNT 6, IC 3 a 17). La deserción fue más baja en el grupo de la flufenazina oral, pero los datos no fueron estadísticamente significativos (n=227, 2 ECA, RR 0,70 CI 0,4 a 1,1). Conclusión: La flufenazina es un tratamiento imperfecto con muy pocos datos que sustenten su uso. Otras drogas de bajo costo y pocos efectos adversos pueden ser mejor opción para pacientes psicóticos. La OMS debe revisar su lista de antipsicóticos esenciales.

Background: Fluphenazine, one of only three antipsychotics on WHO´s list of essential drugs, has been widely available for five decades. Quantitative reviews of its effects compared with placebo are rare and out of date. Methods: We searched for all relevant randomised controlled trials comparing oral administration of fluphenazine with placebo on the Cochrane Schizophrenia Group´s register of trials (October 2006) and in reference lists of included studies. Data were extracted from reliably selected trials. Where possible, we calculated fixed effects relative risk (RR), the number needed to treat (NNT), and their 95% confidence intervals (CI). Results: We found over 1200 electronic records for 415 studies. Ninety papers were acquired; 59 were excluded and the remainder were reports of the seven trials we could include (total participants=349). Compared with placebo, in the short-term, global state outcomes for ‘not improved’ were not significantly different (n=75, 2 RCTs, RR 0.71 CI 0.5 to 1.1). There is evidence that oral fluphenazine, in the short term, increases a person´s chances of experiencing extrapyramidal effects such as akathisia (n=227, 2 RCTs, RR 3.43 CI 1.2 to 9.6, NNH 13 CI 4 to 128) and rigidity (n=227, 2 RCTs, RR 3.54 CI 1.8 to 7.1, NNH 6 CI 3 to 17). We found study attrition to be lower in the oral fluphenazine group, but data were not statistically significant (n=227, 2 RCTs, RR 0.70 CI 0.4 to 1.1). Conclusions: Fluphenazine is an imperfect treatment with surprisingly few data from trials to support its use. If accessible, other inexpensive drugs, less associated with adverse effects, may be a better choice for people with schizophrenia. It is time for the World Health Organisation to revise their list of essential antipsychotic drugs.

Introducción: Los más recientes estudios independientes y de gran tamaño, hasta el momento, no han mostrado una clara diferencia entre el meditado uso de un medicamento de primera generación y los nuevos atípicos en personas con esquizofrenia. Objetivo: Evidenciar que de la mano de revisiones sistemáticas bien conducidas de todos los hallazgos disponibles, estos estudios asisten a los clínicos para hacer elecciones informadas en los tratamientos. Resultados y conclusiones: Las escogencias de medicamentos deben ser menos dirigidas por la culpa generada por los intereses económicos de la industria y más basados en el prudente uso de las mejores pruebas disponibles.

Introduction: Recent large independent studies show no clear difference between the thoughtful use of older generation drugs and the new atypicals for people with schizophrenia. Objective: Along with well-conducted systematic reviews of all available evidence, these studies assist clinicians to make informed treatment choices. Results and conclusions: These choices should be less directed by guilt generated by the pecuniary interest of industry, and more based on the judicious use of the best evidence.

O Cochrane Schizophrenia Group iniciou suas atividades em 1994 e agora produz, mantém e dissemina revisões sistemáticas de qualidade sobre a eficiência dos tratamentos disponíveis para pessoas com esquizofrenia. Este grupo internacional está identificando perguntas fundamentais neste campo do conhecimento, que terão que ser respondidas por meio de testes pragmáticos randomizados.

The Cochrane Schizophrenia Group was launched in 1994 and is now producing, maintaining and disseminating high quality systematic reviews of the effectiveness of care available for those with schizophrenia. This international Group is unearthing many fundamental gaps in knowledge that will have to be answered in pragmatic randomised controlled trials.