O processo de envelhecimento promove alterações significativas na produção e no equilíbrio dos níveis circulantes de diversos hormônios sexuais em homens e mulheres. Acredita-se que esses hormônios (estrógenos, progestógenos, testosterona, dehidroepiandrosterona [DHEA]) exercem papel modulador sobre diversas funções psíquicas, particularmente sobre o humor e a cognição. Alterações nesse papel modulador causadas por variações abruptas dos hormônios sexuais circulantes -- como as que ocorrem, por exemplo, durante a transição menopausal -- favorecem o surgimento de queixas depressivas. No entanto, a utilização terapêutica de hormônios sexuais pode promover alívio ou mesmo remissão de sintomas depressivos, como já foi caracterizado com o uso de estradiol em mulheres em perimenopausa e com a administração de testosterona após a menopausa. Este artigo aborda, por revisão da literatura, os diversos papéis atribuídos aos hormônios sexuais no desenvolvimento e tratamento das queixas depressivas. Estudos sobre a eficácia terapêutica de estrógenos, testosterona e DHEA nos quadros depressivos são discutidos de forma crítica. Em essência, existem resultados preliminares bastante promissores, particularmente quanto ao uso de estradiol e testosterona em subpopulações específicas para alívio de sintomas depressivos. Futuras investigações devem melhor definir a utilização de hormônios como agente depressivo monoterápico ou adjuntivo, bem como delinear os riscos e as contra-indicações associados a seu uso.
It has been demonstrated that aging has a significant impact on sex hormones production. It is now accepted that these hormones (including estrogens, progestogens, testosterone, and dehydroepiandrosterone [DHEA]) may play a pivotal role in the modulation of brain functioning, especially on mood and cognition. Changes in these modulatory effects due to abrupt sex hormonal fluctuations-as seen in the menopausal transition-contribute to the occurrence of mood disturbances. Hormonal interventions seem to improve depressive symptoms, as already demonstrated in studies of perimenopausal women treated with estradiol, and postmenopausal women treated with testosterone. This article reviews the potential role of sex hormones in the occurrence and treatment of depressive symptoms. Clinical studies on the antidepressant benefit of estrogens, testosterone, and DHEA are critically discussed. In essence, there are preliminary but promising data on the use of estradiol and testosterone for the treatment of depression in some specific sub-populations. Further studies would help to better delineate their therapeutic use (as monotherapy or adjunctive treatment), and to identify their limitations due to clinical contra-indications or risk of serious adverse events.