Abstract Thistheoretical article analyzes the development, in the feminist field of the early 1970s, of a radical feminist current, seeking to understand the tensions and contradictions that explain the emergence of a “new radical feminism” which is deemed transphobic. Seeking to characterize and contextualize both radical feminism (early 1970s) and the new radical feminism (late 1970s), this study is guided by a dialectical analysis aimed at identifying the various tensions and contradictions that explain, in each particular context, the feminist “movement”. Starting from a content analysis of texts associated with radical feminism and new radical feminism, the article explores common assumptions and internal divergences, taking into account the questions, controversies, and criticisms that have affected the feminist field throughout its history. The analysis reveals that new radical feminism’s construction of a “new” radicalism, which targets trans identities in the fight against patriarchy, is related to the growing influence of a particularly excluding identity paradigm and a biologizing and essentialist view of women’s oppression.
Resumo Este artigo, de natureza teórica, analisa a história de construção, no campo feminista, de uma corrente feminista radical, com o objetivo de compreender as tensões e contradições que explicam a emergência de um “novo feminismo radical” cunhado de transfóbico. Buscando caracterizar e contextualizar o feminismo radical (início dos anos 1970) e o novo feminismo radical (fim da década), este estudo é orientado por uma análise dialética que procura identificar as diversas tensões e contradições que explicam, em cada contexto particular, o “movimento” feminista. A partir de uma análise de conteúdo dos textos associados ao feminismo radical e ao novo feminismo radical, buscou-se abordar tanto os pressupostos comuns quanto as divergências internas, tendo-se como referência as questões, controvérsias e críticas que, a cada momento histórico, tensionam o campo feminista. A análise sugeriu que a “nova” radicalidade construída pelo “novo” feminismo radical, a qual elegeu as identidades trans como alvos do combate na luta contra o patriarcado, estaria relacionada à influência crescente de um paradigma identitário particularmente excludente, combinado com uma versão biologizante e essencialista acerca da opressão das mulheres.