OBJETIVO: analisar a acurácia da hístero-sonografia (HSoG) na avaliação da cavidade uterina nas pacientes que tiveram falha de implantação na primeira tentativa de fertilização in vitro. MÉTODOS: foram analisadas prospectivamente, em estudo duplo-cego, pacientes previamente submetidas à transferência de pelo menos um embrião e que apresentaram falha de implantação. As pacientes foram submetidas a HSoG e em seguida a histeroscopia diagnóstica, realizadas por equipes diferentes, não havendo troca de informações sobre os resultados das mesmas. Os resultados foram agrupados e interpretados somente após o término da pesquisa. A HSoG foi realizada após cateterização do colo uterino por sonda uretral nº 8 e injeção de soro fisiológico. A interface anecóica proporcionada pela solução salina permite determinar as anormalidades, tais como pólipos uterinos ou miomas submucosos. A histeroscopia diagnóstica foi realizada com equipamento Karl Storz, óptica rígida de 4 mm a 30°, e distensão da cavidade uterina com soro fisiológico. Não utilizou-se anestesia local nem houve a necessidade de realizar dilatação cervical. RESULTADOS: foram estudadas 28 pacientes das 33 inicialmente selecionadas para o presente estudo. A HSoG diagnosticou anormalidades em 8 pacientes, sendo que em cinco pacientes foram encontrados pólipos endometriais (62,5%), pólipos endocervicais em duas pacientes (25,0%) e mioma submucoso em uma (12,5%). A histeroscopia (padrão-ouro) diagnosticou alterações em 7 pacientes, sendo que em duas pacientes (28,6%) foram encontrados pólipos endometriais, em outras duas pacientes (28,6%) pólipos cervicais e em uma paciente, mioma submucoso (14,2%). A HSoG, quando comparada com a histeroscopia diagnóstica, apresentou sensibilidade de 71,4%, especificidade de 85,7%, valor preditivo positivo de 62,5% e valor preditivo negativo de 90%. CONCLUSÕES: por apresentar valor preditivo positivo baixo, todas as vezes que a HSoG for anormal, sugerimos confirmar o exame pela histeroscopia diagnóstica. Pelo fato de a HSoG apresentar boa especificidade e bom valor preditivo negativo, poderíamos sugerir que diante de HSoG normal não há necessidade de indicação de se avaliar a cavidade uterina pela histeroscopia diagnóstica antes de realizar a fertilização in vitro. Concluímos que a histero-sonografia é bom método para rastreamento de lesões polipóides da cavidade uterina que possam responder pela falha de implantação nas técnicas de fertilização in vitro.
PURPOSE: to analyze the accuracy of sonohysterography for the evaluation of the uterine cavity in patients with an implantation failure, at the first attempt of an in vitro fertilization cycle. METHODS: in a prospective double blind study, the authors analyzed patients previously submitted to at least one embryo transfer, who presented implantation failures. The patients were submitted to a sonohysterographic examination followed by a diagnostic hysteroscopic examination, carried out by different professionals each of whom was not aware of the results of the other. The results were recorded and only interpreted after the end of the trial. Sonohysterography was performed by the introduction of a urethral catheter 8 into the uterine cervix followed by infusion of physiological saline. The anechoic interface shown by the physiological saline can reveal abnormalities, like uterine polyps or submucosal myomas. Hysteroscopy was performed with a Karl Storz equipment, 4 mm 30º rigid telescope, and infusion of physiological saline for uterine cavity distention. RESULTS: twenty-eight of the 33 originally selected patients for this study were analyzed. Sonohysterography detected abnormalities in 8 patients, five with endometrial polyps (62.5%), two with endocervical polyps (25.0%), and one with submucosal myoma (12.5%). Hysteroscopy (gold standard) detected abnormalities in 7 patients, two with endometrial polyps (28.6%), two with cervical polyps (28.6%) and one with submucosal myoma (14.2%). Sonohysterography, when compared with diagnostic hysteroscopy, presented 71.4% sensibility, 85.7% specificity, 62.5% positive predictive value, and 90% negative predictive value of. CONCLUSION: due to its low positive predictive value, the authors suggest confirmation of the sonohysterography result by diagnostic hysteroscopy. Because sonohysterography presents a good level of specificity and a favorable low negative predictive value, the authors suggest that after a normal sonohysterography diagnostic hysteroscopy to evaluate the uterine cavity before in vitro fertlization is not necessary. This study leads to the conclusion that sonohysterography is a good screening method for the detection of polypoid lesions of the uterine cavity, which could be responsible for implantation failures in in vitro fertilization cycles.