Este artigo revisa as evidências clínicas e farmacológicas para o uso da repaglinida, um regulador da glicose prandial. Repaglinida tem um início rápido de ação e curta duração - um perfil farmacocinético que permite sua administração em esquemas flexíveis no horário das alimentações limitando as flutuações pós-prandiais da glicemia, típicas do diabetes mellitus do tipo 2 (DM2). Estudos comparativos com repaglinida controlados por placebo demonstram que seu uso também controla os níveis médios da glicemia, conforme indicado por parâmetros essenciais de glicemia, como a glicemia de jejum e os níveis de hemoglobina A1c (HbA1c). O controle da glicemia pós-prandial é de grande importância clínica, uma vez que ela é um importante fator de risco independente para as complicações do DM. O controle glicêmico melhorou ainda mais em pacientes com DM2 resistente a drogas quando a repaglinida foi incorporada ao esquema terapêutico combinado com agentes sensibilizadores de insulina, como a metformina ou o troglitazone. Existem, também, dados sugerindo que o esquema de repaglinida durante as alimentações pode reduzir a possibilidade de hipoglicemia quando comparado com esquemas tradicionais baseados nas sulfoniluréias. Isto pode ser particularmente benéfico para deixar o paciente livre para adotar padrões alimentares variados. Enquanto as sulfoniluréias podem efetivamente melhorar o controle glicêmico global, sua ação prolongada pode resultar em estimulação inapropriada das células beta durante períodos de glicemia relativamente baixa, incorrendo em risco aumentado para hipogicemia. Embora este risco possa ser reduzido se as alimentações forem consumidas em espaços regulares, este esquema impõe restrições à rotina dos pacientes e à liberdade para implementar melhorias no estilo de vida, como a restrição calórica. A repaglinida é metabolizada no fígado produzindo metabólitos inativos e excretada na bile, uma vantagem potencial para pacientes com comprometimento da função renal. Em conclusão, razões óbvias para se considerar um esquema prandial para controle da glicemia incluem a redução dos riscos de complicações diabéticas e de hipoglicemia, e uma maior flexibilidade por o paciente. Dados já disponíveis sobre a repaglinida sugerem que muitos benefícios teóricos deste esquema prandial para regulação da glicemia pode ser obtido na prática clínica.
This article reviews the clinical evidence and pharmacological rationale for repaglinide, a prandial glucose regulator. Repaglinide has a rapid onset and short duration of action - a pharmacokinetic profile that allows administration in a flexible schedule at mealtimes to limit the postprandial blood glucose excursions typical of type 2 diabetes mellitus. Placebo-controlled and comparative studies of repaglinide have demonstrated that prandial repaglinide also achieves overall glycaemic control, indicated by essential blood glucose parameters such as fasting blood glucose and hemoglobin A1c (HbA1c) levels. Regulation of postprandial glucose is of clinical importance, as this is an important independent risk factor for diabetic complications. Glycaemic control has been further improved in patients with drug-resistant type 2 diabetes when repaglinide is incorporated into combination therapy regimens with insulin-sensitizing agents such as metformin or troglitazone. There are also data to suggest that a mealtime regimen of repaglinide can reduce the likelihood of hypoglycemia compared with traditional sulphonylurea-based regimens. This benefit may be particularly marked when the patient is free to adopt a varying meal pattern. While sulphonylureas can effectively improve overall glycaemic control, their prolonged action may result in inappropriate stimulation of beta-cells during periods of relatively low blood glucose, thereby incurring the risk of hypoglycemia. Although this risk can be reduced if meals are consumed at regular intervals, such an approach places restrictions on the patient's routine and freedom to implement lifestyle measures such as caloric restriction. Repaglinide is metabolized in the liver to inactive metabolites and excreted in bile, a potential advantage for patients with renal dysfunction. In conclusion, compelling reasons for considering a prandial approach to glycaemic management include risk reductions for diabetic complications and hypoglycemia, and greater flexibility for the patient. Available data concerning repaglinide suggest that many theoretical benefits of the prandial approach to glucose regulation may be achievable in clinical practice.