RESUMO Os países altamente endividados, particularmente os latino-americanos, apresentaram resultados econômicos negativos na década de 1990, que são a consequência da “estratégia de crescimento com poupança externa”, ou o Segundo Consenso de Washington. Juntamente com a liberalização dos fluxos financeiros internacionais, tal estratégia, que não fez parte do primeiro consenso, levou os países, na onda de um novo ciclo mundial de fluxos de capital, a déficits elevados em conta corrente e aumento da dívida externa, ignorando a restrição da solidez e o limiar da dívida. Em termos práticos, envolvia moedas supervalorizadas (baixas taxas de câmbio) e altas taxas de juros; em termos políticos, a tentativa de controlar o déficit orçamentário enquanto o déficit em conta corrente foi ignorado. A consequência paradoxal foi a adoção, pelos países altamente endividados, do “populismo cambial”, uma forma menos óbvia, mas mais perigosa, de populismo econômico.
ABSTRACT Highly indebted countries, particularly the Latin American ones, presented dis- mal economic outcomes in the 1990s’ which are the consequence of the “growth cum foreign savings strategy”, or the Second Washington Consensus. Coupled with liber- alization of international financial flows, such strategy, which did not make part of the first consensus, led the countries, in the wave of a new world wide capital flow cycle, to high current account deficits and increase in foreign debt, ignoring the sol- vency constraint and the debt threshold. In practical terms it involved overvalued currencies (low exchange rates) and high interest rates; in policy terms, the attempt to control de budget deficit while the current account deficit was ignored. The para- doxical consequence was the adoption by highly indebted countries of “exchange rate populism”, a less obvious but more dangerous form of economic populism.