OBJETIVO: Analisar a influência do ácido tranexâmico no sangramento pós-operatório de cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea (CEC). MÉTODO: Foram randomizados, em 2 grupos, 51 pacientes submetidos a cirurgia cardíaca com auxílio de CEC. Grupos: Grupo I - controle, com 26 pacientes, sendo 12 com doença coronariana obstrutiva e 14 com lesões valvulares; Grupo II - ácido tranexâmico, com 25 pacientes, sendo 14 com doença coronariana obstrutiva e 11 com lesões valvulares. No grupo I foram infundidos 250ml de solução fisiológica (SF) 0,9%, após acesso venoso; o grupo II recebeu 100mg/kg de peso corpóreo de ácido tranexâmico diluído em 250ml de SF 0,9%, após acesso venoso. Foram colhidas amostras de sangue para exames na admissão ao CTI, após 12, 24 e 36 horas de pós-operatório. Os grupos foram comparados com relação a fatores que pudessem influir no sangramento pós-operatório e na necessidade de hemotransfusão: idade, sexo, creatinina, tempo de CEC, variação no hematócrito, plaquetas, fibrinogênio, número de pontes safenas, uso da artéria torácica interna, troca ou reconstrução valvar. Foram avaliados o sangramento no pós-operatório da 1a a 4a horas e o total. O método estatístico empregado foi o teste t de Student, com correção de Welch, dependendo do caso, para os dados contínuos. Os dados categóricos (sexo, troca valvar, etc.) foram analisados pelo teste não paramétrico do X². Em algumas situações foi usado teste exato de Fisher. Em todos os casos foi utilizado índice de significância p < 0,05. RESULTADOS: Com relação ao sangramento pós-operatório e a utilização de hemoderivados, houve redução da média dos mesmos nos pacientes com lesões valvulares no Grupo II, com diferença estatística. Com relação às complicações tromboembólicas ou renais, não houve diferença estatística entre os grupos. CONCLUSÃO: Nos pacientes com lesões valvulares, ocorreu redução do sangramento e da necessidade de transfusão de concentrado de hemácias, ambos com diferença estatística. Nos pacientes com doença coronariana obstrutiva, houve apenas tendência à redução do sangramento. O uso do acido tranexâmico não esteve relacionado a maior incidência de complicações tromboembólicas ou com insuficiência renal na casuística avaliada.
OBJECTIVE: To analyze the influence of tranexamic acid in postoperative bleeding of cardiac surgery with cardiopulmonary bypass. METHOD: 51 patients who underwent heart surgery with cardiopulmonary bypass were randomly divided in 2 groups: Group I - control, with 12 coronary artery disease patients and 14 valve disease patients. Group II - Tranexamic acid, with 14 coronary artery disease patients and 11 valve disease patients. The Group I after venous access, received 250 ml of 0.9% normal saline solution as a placebo, Group II received 100 milligram per kilogram of body weight of tranexamic acid diluted in 250 ml of 0.9% normal saline solution. Blood samples were taken and examined at entry to Intensive care unit and after 12, 24 and 36 hours in the postoperative period. The groups were compared concerning factors which might influence the postoperative bleeding and transfusion required: age, gender, creatinine, duration of Cardiopulmonary bypass, hematocrit, platelets and fibrinogen variations, number of saphenous vein grafts performed, mammary artery used and valve replacement or repair. The postoperative bleeding was evaluated from the 1st to 4th hours and the total. Data were analyzed by appropriate statistic methods (Student T-test, X² test and Fischer's test); a p-value of less than 0.05 was the accepted level of significance. RESULTS: Concerning the postoperative bleeding and transfusion required, there was a statistically significant reduction in its average in valve disease patients in Group II. In coronary disease patients there was only a slight tendency. There was no significant statistical difference as far as the thromboembolic or renal complications were concerned. CONCLUSION: In valve disease patients, there was a reduction in bleeding and the need of transfusions of red blood cells, both of which had statistical differences. In coronary disease patients there was only a reduced tendency. The use of tranexamic acid was not related to further thromboembolic complications or renal insufficiency in the assessed groups.