CONTEXTO: A hipertensão é um dos mais importantes fatores de risco cardiovasculares e a dificuldade de controle dos níveis tensionais é um desafio aos médicos em todo o mundo. Para melhorar o controle da pressão arterial é importante garantir a qualidade da assistência aos pacientes hipertensos, principalmente em hospitais de ensino nos quais futuros médicos estão sendo formados. OBJETIVOS: Caracterizar o perfil dos hipertensos do ambulatório de Clínica Médica de um hospital universitário no Rio de Janeiro e descrever o risco cardiovascular desses pacientes, identificando as falhas na assistência prestada aos hipertensos graves, visando nortear a implementação de um Programa de Hipertensão Arterial do hospital. TIPO DE ESTUDO: Estudo descritivo transversal. LOCAL: Ambulatórios de Clínica Médica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro. MÉTODOS: A população alvo foi composta pelos pacientes hipertensos em acompanhamento no ambulatório de Clínica Médica por um período de quatro meses. Os médicos assistentes obtiveram informações sobre dados demográficos, fatores de risco cardiovascular, lesões de órgãos-alvo, pressão arterial na consulta, terapêutica instituída e adesão do paciente ao tratamento. A distribuição das características dos pacientes foi descrita com as médias e respectivos desvios-padrão e proporções. RESULTADOS: Dentre os pacientes vistos no período, 24,2% (1.699 pacientes) eram hipertensos, dos quais 65% eram mulheres. A idade média foi de 63,9 anos (desvio-padrão = 11,6). Dislipidemia (49,2%) e diabetes (29,8%) foram os fatores de risco mais encontrados, o órgão alvo mais atingido foi o coração (46,1%) e 70% dos pacientes foram estratificados como de alto risco cardiovascular. Apesar da elevada intensidade de tratamento instituído nos pacientes mais graves (19,4% em um regime de tratamento anti-hipertensivo com três ou mais drogas) o controle da pressão arterial foi baixo (27%). Este estudo orientou a elaboração de uma rotina de diagnóstico e tratamento de hipertensão arterial e norteou os objetivos do Programa de Hipertensão Arterial do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UCFF-UFRJ), recém-implantado. CONCLUSÃO: Os pacientes hipertensos em tratamento neste Hospital têm elevado risco cardiovascular e controle inadequado dos níveis tensionais. Faz-se necessário maior esforço para controlar a pressão arterial, pois só assim será possível reduzir a morbimortalidade cardiovascular.
CONTEXT: Hypertension is one of the most important cardiovascular risk factors but its control is still a challenge for physicians all around the world. For blood pressure control to be improved, it is important to guarantee the quality of attendance provided for hypertensive patients, especially in teaching hospitals, where future physicians are being trained. OBJECTIVE: To characterize the profile of hypertensive patients attending the internal medicine outpatient clinic of a university hospital in Rio de Janeiro,describing their cardiovascular risk and identifying flaws in the treatment provided for severely hypertensive patients, in order to implement an arterial hypertension management program. TYPE OF STUDY: A descriptive cross-sectional population-based study. SETTING: Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro. METHODS: The study was carried out over a period of four months, involving all the hypertensive patients under treatment in the outpatient unit. The attending physician obtained information relating to demographic features, cardiovascular risk factors, target organ damage, blood pressure levels, therapeutic regimens and compliance with treatment. Means and the respective standard deviations and proportions were used to describe the distribution of patient data. RESULTS: Of the total number of patients seen, 24.2% (1,699 patients) were hypertensive. Women accounted for 65.0% of the patients. The mean age was 63.9 years. Dyslipidemia (49.2%) and diabetes (29.8%) were the most frequently reported risk factors and heart disease was the most prevalent end-organ damage. Seventy percent of the patients were classified as high cardiovascular risk. In spite of the high intensity treatment provided for the most severe patients (19.4% on a regimen of 3 or more antihypertensive drugs), the rate of blood pressure control was low (27%). CONCLUSIONS: The patients with arterial hypertension under treatment at the university hospital had a profile of high cardiovascular risk and poor blood pressure control. Greater effort for improving hypertension control is needed, since this is the only way to reduce the morbidity and mortality rates of cardiovascular diseases.