CONTEXTO: Exercícios físicos muito intensos causam dano tecidual, produção de hormônios do estresse e alterações do número e função de diversas células do sistema imune no sangue circulante. Muitos estímulos indutores de estresse, clínicos e físicos, tais como cirurgia, trauma, queimaduras e septicemia, induzem um padrão de resposta hormonal e imunológica semelhante àquela induzida pelo exercício. Existem evidências de que o exercício extenuante poderia ser um método a ser utilizado para causar quantidades variadas e bem definidas de trauma muscular, servindo, assim, como um modelo experimental para o estudo da resposta inflamatória e da septicemia. OBJETIVO: Estudamos os efeitos de três diferentes protocolos de exercício sobre o número dos leucócitos sangüíneos com o objetivo de investigar se alguma forma de exercício extenuante poderia fornecer um modelo útil da resposta inflamatória. TIPO DE ESTUDO: Estudo randomizado, utilizando quatro diferentes condições experimentais. LOCAL: Defence and Civil Institute of Environmental Medicine, North York, Ontario, Canada. PARTICIPANTES: Foram estudados oito indivíduos do sexo masculino, saudáveis e com preparo físico moderado (média de idade: 24,9 ± 2,3 anos). PROCEDIMENTOS: Foram atribuídas quatro condições experimentais, uma por vez, usando um modelo de distribuição randomizada. Os indivíduos realizaram cinco minutos de exercício em bicicleta ergométrica a uma intensidade de 90% do VO2max, duas horas de exercício em bicicleta ergométrica a uma intensidade de 60% do VO2max, um circuito padrão de exercícios de resistência (3 sets de 10 repetições numa intensidade de 60 a 70% de uma repetição máxima em cinco postos diferentes) ou permaneceram sentados durante cinco horas. TESTES LABORATORIAIS UTILIZADOS: Análise por citometria de fluxo. VARIÁVEIS ESTUDADAS: As amostras de sangue foram analisadas para a contagem dos leucócitos totais, das células T totais (CD3+), dos linfócitos T auxiliares (CD3+CD4+), dos linfócitos T citotóxicos/supressores (CD3+CD8bright+), dos linfócitos B (CD19+), dos linfócitos T citotóxicos (CD3+CD16+/56+) e das células natural killer (CD3CD16+/56+). RESULTADOS: Os exercícios aeróbicos, tanto o de alta intensidade quanto o prolongado submáximo, induziram alterações similares na contagem de células, e essas alterações foram maiores do que as induzidas pelos exercícios de resistência muscular, embora tanto o exercício aeróbico intenso quanto o de resistência muscular tenham resultado num decréscimo significantemente mais prolongado da relação CD4+/CD8+ do que o exercício aeróbico submáximo. CONCLUSÃO: Esses dados, em conjunto com nosso estudo paralelo sobre as alterações humorais observadas em indivíduos que realizaram os mesmos exercícios, sugerem que, dentre os três modelos de exercício estudados, o exercício aeróbico prolongado foi o que induziu as maiores e mais evidentes alterações mensuráveis da resposta imune, embora essas modificações somente forneçam um modelo parcial de um processo inflamatório clínico.
CONTEXT: High-intensity exercise causes tissue damage, production of stress hormones, and alterations in the function and quantity of various immune cells. Many clinical-physical stressors such as surgery, trauma, burns and sepsis induce a pattern of hormonal and immunological response similar to that of exercise. It has thus been suggested that heavy exercise might be used to cause graded and well-defined amounts of muscle trauma, thereby serving as an experimental model for inflammation and sepsis. OBJECTIVE: In order to explore whether some form of strenuous exercise might provide an useful model for the inflammatory process, we studied the effects of three different exercise protocols on blood leukocyte count during and following exercise. DESIGN: Four different experimental conditions, using a randomized-block design. SETTING: Defence and Civil Institute of Environmental Medicine, North York, Ontario, Canada. PARTICIPANTS: Eight healthy and moderately fit males. PROCEDURES: Participants were each assigned to four experimental conditions. Subjects performed 5 minutes of cycle-ergometry exercise at 90%, 2 hours of cycle-ergometry exercise at 60%, a standard circuit of resistance exercises with 3 sets of 10 repetitions at 60 to 70% of one-repetition maximum (1-RM) force at each of 5 different stations; or they remained seated for 5 hours. DIAGNOSTIC TEST USED: Flow cytometric analysis. MAIN MEASUREMENTS: Blood samples were analyzed for total leukocyte counts, total T cells, T helper/inducer cells, T suppressor/cytotoxic cells, B cells, cytolytic T cells, and natural killer cells. RESULTS: The peak aerobic and prolonged submaximal exercise induced similar alterations in cell counts. These changes were generally larger than those produced by the resistance exercise, although both resistance and peak aerobic exercise resulted in a significantly longer-lasting decrease in the CD4+/CD8+ ratio than the submaximal exercise bout did. CONCLUSION: The data suggest that, of the three exercise patterns tested, prolonged aerobic exercise induced the largest and most readily measured patterns of immune response. Nevertheless, the changes provided only a partial model for the clinical inflammatory process.