RESUMO Objetivo Investigar se há associação entre padrões alimentares e conteúdo mineral ósseo em adultos brasileiros. Métodos Este é um estudo transversal de base populacional. A saúde óssea de indivíduos adultos (20-59 anos) de ambos os sexos, residentes na cidade de Viçosa, MG, Brasil, (n=572) foi avaliada por meio da absorciometria de raios-X de dupla energia. O padrão alimentar foi obtido através de um questionário de frequência alimentar; a análise fatorial exploratória foi aplicada para obter os padrões alimentares e a regressão linear foi usada para a análise multivariada. Resultados Foram identificados dois padrões alimentares distintos: um padrão “carne e bebidas alcóolicas”, composto por condimentos, bebidas alcoólicas, alimentos à base de massa e salgadinhos, e um padrão “local tradicional”, composto de ovos, feijões, feijão tropeiro, margarina, manteiga, azeite, café e chá, cereais e tubérculos (cargas fatoriais ≥0,20). Verificadas as associações considerando os fatores de confusão, identificou-se que o conteúdo mineral ósseo para o sexo masculino se associou positivamente ao padrão alimentar “local tradicional” (β=0,058; 95% CI: 0,003–0,112; p=0,036), e para o sexo feminino foi encontrada associação inversa com o padrão “carne e bebidas alcóolicas” (β=-0,057; 95% CI: -0,110 -0,003; p=0,037). Conclusão Uma associação positiva entre o padrão alimentar “local tradicional” e a saúde óssea foi identificada.

ABSTRACT Objective The aim of the study was to investigate if there is an association between dietary patterns and bone mineral content among Brazilian adults. Methods This is a cross-sectional, population-based study. Bone health was assessed using dual-energy x-ray absorptiometry. The dietary pattern was obtained using a food frequency questionnaire. An exploratory factor analysis obtained the dietary patterns. Linear regression was used for the multivariate analysis. The research was conducted with adult individuals (20-59 years old) of both sexes residing in the city of Viçosa, MG, Brazil (n=572). Results Two distinct dietary patterns were identified: a “meats and alcoholic drinks” pattern, composed of condiments, alcoholic drinks, dough-based foods, and savory snacks; and a “local traditional” pattern, composed of eggs, beans, trooper’s beans, margarine, butter, olive oil, coffee and tea, cereals, and tubers (factor loadings ≥0.20). Having verified the associations considering the confounding factors, we identified that the bone mineral content for males was positively associated with the “local traditional” dietary pattern (β=0.058; 95% CI: 0.003–0.112; p=0.036), and for females an inverse association with the “meats and alcoholic drinks” pattern was found (β=-0.057; 95% CI: -0.110 -0.003; p=0.037). Conclusion We identified a positive association between the local traditional dietary pattern and bone health.

Resumo O objetivo foi estimar a associação entre as características sociodemográficas, de vínculo com a universidade, comportamentais, biológicas e de autoavaliação relacionada a saúde, com o tempo sentado em universitários de instituições federais do estado da Bahia, Brasil. Este estudo transversal foi realizado com universitários de seis instituições (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal do Oeste da Bahia, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Universidade Federal do Vale do São Francisco e Universidade Federal do Sul da Bahia) do estado da Bahia em 2019. Foi investigado o tempo sentado em horas/dia em relação as variáveis sociodemográficas, de vínculo com a universidade, comportamentais, biológicas e de autoavaliação do estresse e saúde. Empregou-se a análise de caminhos por meio da regressão linear múltipla. O nível de significância foi de 5%. Participaram do estudo 1.217 universitários. O modelo final explicou 6% do tempo sentado. Os universitários que autoavaliaram a saúde como positiva (β: -0,117; p: <0,001), aqueles com maior idade (β: -0,115; p: <0,001) e que apresentam mais tempo de prática de atividades físicas (β: -0,113; p: <0,001) apresentaram diminuição do tempo sentado. O aumento da quantidade de hábitos alimentares inadequados (β: 0,063; p: 0,032) favoreceu o aumento do tempo sentado. Os índices de ajuste foram satisfatórios. Concluiu-se que a autoavaliação da saúde como positiva, o avanço da idade e a prática de atividades físicas foram determinantes da redução do tempo sentado, por outro lado, os comportamentos alimentares irregulares favoreceram o sedentarismo.

Abstract The objective was to estimate the relationship between sociodemographic characteristics, link with the university, behavioral, biological, and self-rated related to health, with time sitting in university students at federal institutions in the state of Bahia, Brazil. This cross-sectional study was carried out with university students from six institutions (Federal University “Recôncavo da Bahia”, Federal University of “Bahia”, Federal University of “Oeste da Bahia”, University of International Integration of Afro-Brazilian Lusophony, Federal University of “Vale do São Francisco” and Federal University of “Sul da Bahia”) in the state from Bahia in 2019. Time sitting in hours per day was investigated and relation sociodemographic, link with the university, behavioral, biological, self-rated of stress and health variables. Path analysis was used to apply multivariate linear regression. The significance status was 5%. A total of 1,217 university students participated of the study. The final model accounts for 6% of sitting time. Self-rated health as positive (β: -0.117; p: <0.001), increasing age (β: -0.115; p: <0.001) and physical activity practice (β: -0.113; p: <0.001) contributed to the decrease in sitting time. The increase in the amount of inadequate eating habits (β: 0.063; p: 0.032) favored the increase in sitting time. The adjustment indices were satisfactory. Concluded that self-rated health as positive, advancing age and physical activities practice were determinants of reduced sitting time, on the other hand, irregular eating behaviors favored sedentary behavior.

RESUMO Objetivo O objetivo deste estudo foi verificar a relação entre o grau de processamento de alimentos e sobrepeso e adiposidade corporal em adultos brasileiros. Métodos Estudo transversal com 670 adultos (334 mulheres e 336 homens) com idades entre 20 e 59 anos, em Viçosa, Minas Gerais, Brasil, com base em dados populacionais coletados por meio de questionário estruturado, entrevista de recordatório alimentar de 24 horas e avaliação antropométrica. Os alimentos consumidos foram categorizados em quatro grupos: alimentos não processados ou minimamente processados, ingredientes culinários processados, alimentos processados e alimentos ultraprocessados. Modelos de regressão de Poisson foram utilizados para avaliar a relação entre o grau de processamento dos alimentos e excesso de peso e de adiposidade corporal. Resultados A contribuição de alimentos não processados ou minimamente processados para a ingestão total de energia foi um fator protetor para o excesso de peso em todos os quartis. Por outro lado, a contribuição dos alimentos ultraprocessados para a ingestão total de energia foi um fator de risco para o excesso de peso no quartil mais alto (razão de prevalência 1,308; intervalo de confiança de 95%, 1,085-1,577). O alto consumo de energia de alimentos ultraprocessados foi um fator de risco para o excesso de adiposidade nos quartis mais altos. Conclusão O consumo de alimentos ultraprocessados está associado ao excesso de peso e excesso de adiposidade, enquanto o consumo de alimentos não processados e minimamente processados é um fator protetor para o excesso de peso.

ABSTRACT Objective To check the relationship of the degree of food processing with overweight and body adiposity in Brazilian adults. Methods Cross-sectional study with 670 adults (334 women and 336 men) aged 20-59 years in Viçosa, Minas Gerais, Brazil, based on population data collected using a questionnaire, 24-hour dietary recall interview, and anthropometric evaluation. Consumed foods were categorized into four groups: unprocessed or minimally processed foods, processed culinary ingredients, processed foods, and ultra-processed foods. Poisson regression models were used to assess the relationship between degree of food processing and overweight and body adiposity. Results The contribution of unprocessed or minimally processed foods to total energy intake was a protective factor for overweight in all quartiles. The contribution of ultra-processed foods to total energy intake was a risk factor for overweight in the highest quartile (prevalence ratio, 1.308; 95% confidence interval, 1.085-1.577). High energy intake from ultra-processed foods was a risk factor for excess adiposity in the highest quartiles. Conclusion Consumption of ultra-processed foods is associated with overweight and excess adiposity, whereas consumption of unprocessed and minimally processed foods is a protective factor for overweight.

BACKGROUND The Zika virus (ZIKV) epidemics that affected South America in 2016 raised several research questions and prompted an increase in studies in the field. The transient and low viraemia observed in the course of ZIKV infection is a challenge for viral isolation from patient serum, which leads to many laboratories around the world sharing viral strains for their studies. C6/36 cells derived from Aedes albopictus larvae are commonly used for arbovirus isolation from clinical samples and for the preparation of viral stocks. OBJECTIVES Here, we report the contamination of two widely used ZIKV strains by Brevidensovirus, here designated as mosquito densovirus (MDV). METHODS Molecular and immunological techniques were used to analyse the MDV contamination of ZIKV stocks. Also, virus passages in mammalian cell line and infecting susceptible mice were used to MDV clearance from ZIKV stocks. FINDINGS MDV contamination was confirmed by molecular and immunological techniques and likely originated from C6/36 cultures commonly used to grow viral stocks. We applied two protocols that successfully eliminated MDV contamination from ZIKV stocks, and these protocols can be widely applied in the field. As MDV does not infect vertebrate cells, we performed serial passages of contaminated stocks using a mammalian cell line and infecting susceptible mice prior to re-isolating ZIKV from the animals’ blood serum. MDV elimination was confirmed with immunostaining, polymerase chain reaction (PCR), and analysis of the mosquitoes that were allowed to feed on the infected mice. MAIN CONCLUSIONS Since the putative impact of viral contaminants in ZIKV strains generally used for research purposes is unknown, researchers working in the field must be aware of potential contaminants and test viral stocks to certify sample purity.