OBJETIVO: Avaliar o papel da abstenção alcoólica, no período de 12 meses, na cardiomiopatia alcoólica (CMA) com disfunção ventricular de grau moderado, em pacientes tratados com esquema anticongestivo. MÉTODOS: Estudo observacional prospectivo com 20 pacientes com CMA, 9 (45%) na classe funcional (CF) II e 11(55%) na CF III, 16 (80%) homens, predomínio de negros (55%), de 35 a 56 (x=45) anos, com consumo pesado de álcool (>80g etanol/dia), por período de 51 a 112 (x=85) meses, que concordaram, inicialmente, em participar de programa de apoio, com psicoterapia de grupo, além do acompanhamento clínico com realização de exames não invasivos, antes do início do programa e após 12 meses da terapia, e foram divididos em dois grupos, o 1 (G-I) constituído pelos que atingiram a abstinência e o 2 (G-II) pelos não abstêmios. RESULTADOS: Após 12 meses, 11 (55%) pacientes permaneciam em terapia de apoio, 8 (72,72%) no G-I, enquanto os 9 (45%) que não se mantiveram no programa, apenas 2 (22,22%) tinham logrado abstinência (G-I). Ao fim da avaliação, alcançamos número igual de pacientes entre os grupos. Comparando os grupos observamos: a) menores valores médios dos diâmetros sistólico (DSVE) e diastólico (DDVE) do ventrículo esquerdo no G-I; b) maior número de internações no G-II (3) em relação ao G-I (1); c) na evolução clínica, maior número de pacientes do G-I, entre os que apresentaram melhoras (3 G-I e 1 G-II) e que permaneceram inalterados (6 G-I e 3 G-II), além do maior número de pioras entre o G-II (1 G-I e 5 G-II). CONCLUSÃO: Apesar do desejo inicial favorável, a abstinência só foi obtida em 50% dos pacientes com CMA e disfunção ventricular moderada, porém, quando alcançada, apresentou melhor evolução (melhoras + inalterados = 90%), com maior redução do DSVE e do DDVE (p<0,001), devendo sempre ser perseguida mesmo na presença de moderada disfunção ventricular.
PURPOSE: To evaluate the role of a 12 month alcohol abstinence period in patients with moderate left ventricular dysfunction treated with anticongestive therapy. METHODS: Prospective observational study with 20 patients with alcoholic cardiomyopathy (ACM), 9 (45%) in functional class (FC) II and 11 (55%) in FC III, 16 (80%) men, mostly black (55%), from 35 to 56 (x=45) years old, heavy alcohol users (>80g ethanol for 51 to 112 (x=88) months. At the beginning, all agreed to participate with psychotherapy and clinical evaluation. After 12 months, they were divided in G-I, formed by those who remained abstemious and G-II of non-abstemious. RESULTS: After 12 months, among the 11(55%) who remained in psychotherapy, 8 were in G-I, among those who did not 9 (45%), only 2 (22,22%) remained abstemious (G-I). At the end of the evaluation period, both groups had the same number of patients. Comparing them, we observed: a) lower mean systolic and diastolic left ventricular diameters in G-I; b) more hospitalizations in G-II (3); c) more patients with stable or better clinical evolution in G-I. CONCLUSION: Despite the initial will, only 50% reached abstinence. When it was reached, patients had a better evolution in left ventricular systolic diameter and abstinence should always be tried even in the presence of moderate left ventricular dysfunction.