Serão as marcas retóricas de "cientificidade" do discurso sociológico específicas? Para abordar esta questão sensível, partimos de um quadro de procedimentos retóricos correntemente utilizados em sociologia. Deduzimos as características gerais do gênero "escrito sociológico". Comparamos este gênero com um gênero literário às vezes próximo e às vezes distinto: roman à these (um gênero menor, bastante praticado na França no início do século XX e ilustrado, notadamente, por Charles Mauras e Paul Bourget). Os paralelos são desconcertantes. Além disso, se as diferenças entre a tese sociológica e o roman à these não são marcadas no texto, então o que eventualmente caracteriza sua "natureza científica"? Talvez sejam as frágeis condições de produção e recepção do conhecimento: no debate e crítica das fontes se efetivamente implementado. Mas será sempre o caso?
Are the rhetorical marks in sociological discourse specific and of a "scientific" nature? To tackle this delicate question, let us start by drawing up the generic characteristics of sociological texts. Let us compare these characteristics with those of a literary genre: the French "roman à these" from the beginning of the XX century. This old-fashioned and decried litterature will serve as a driving bolt in order to demonstrate that a formalism sometimes asserted as scientific, does not guarantee scientificity, but just conformity to editorial requirement. To conclude, if the difference between sociologal theses and novel is not embedded in the text itself then, what eventually makes its "scientific nature"? Maybe just the fragile conditions of its production and reception: debate and criticism of the sources, if effectively implemented. But is this always the case?
Les marqueurs rhétoriques de la "scientificité" des discours sociologiques sont-ils spécifiques? Pour aborder cette question sensible, partons d'un tableau des procédés rhétoriques couramment employés en Sociologie. Déduisons-en les caractéristiques génériques du genre «écrit sociologique». Comparons ce genre à un genre littéraire à la fois proche et distinct: le roman à thèse (un genre mineur, très pratiqué en France au début du XXe siècle et illustré notamment par Charles Mauras et Paul Bourget). Les parallèles sont troublants. Mais alors, si la différence entre thèse de sociologie et roman à thèse n'est pas marquée dans le texte, ne faut-il pas chercher ailleurs la "scientificité", dans les fragiles conditions de la production et de la réception savante: débat sur l'interprétation et critique des sources? Encore faut-il que ces conditions se trouvent remplies, ce qui n'est pas si fréquent.