Nos últimos anos, a literatura sobre carreiras foi enriquecida devido ao desenvolvimento do conceito de carreiras sem fronteiras. No entanto, a idéia de ausência de fronteiras pode ser considerada imprecisa, porque fronteiras continuam a existir. Este trabalho procura contribuir para o entendimento das novas fronteiras das carreiras sem fronteiras. Para tanto, foram realizadas 20 entrevistas semi-estruturadas com artistas e profissionais atuando nas indústrias criativas. Os setores abrangidos incluem arte multimídia, artesanato, cinema, dança, desenho, literatura, música, pintura, teatro e desenvolvimento de software. Os resultados dessas entrevistas apontam no sentido de que as carreiras são construídas num ambiente em que atuam forças contraditórias, originárias dos laços entre cultura e economia. Tais contradições geram paradoxos que demandam a construção de soluções de compromisso. Dois desses paradoxos são discutidos: o paradoxo entre amadorismo e profissionalismo e o paradoxo entre valorização intrínseca e valorização extrínseca do trabalho. O artigo discute, ainda, algumas das estratégias utilizadas pelos entrevistados para fazerem frente a esses paradoxos, concluindo com sugestões para futuras investigações.
Over the last few years literature about careers has been enriched by developments relating to the concept of boundaryless careers. But the idea of an absence of frontiers might be considered inaccurate, because boundaries continue to exist. This work tries to contribute to an understanding of the new boundaries of boundaryless careers. We carried out 20 semi-structured interviews with artists and professionals working in the creative industries. The sectors covered include multimedia art, crafts, film, dance, design, literature, music, painting, theater and software development. The results of these interviews show that careers are developed in an environment characterized by contradictory forces. These forces originate in the relationship between culture and the economy, and generate paradoxes that require trade-offs. Two of these paradoxes are discussed: the paradox between amateurism and professionalism and the paradox between the intrinsic value and extrinsic value of the work. The paper also discusses some of the strategies used by respondents to overcome these paradoxes, concluding with directions for future research.