O fungo Anthomyces brasiliensis foi descrito em 1899 no Rio de Janeiro causando ferrugem em Caesalpinia sp. ou Piptadenia sp. sendo redescoberto no ano de 2001 em Porto Seguro, Bahia, causando a ferrugem do pau-brasil (Caesalpinia echinata). Na descrição original de A. brasiliensis estão descritos apenas télios e urédios, não tendo sido observada a existência de espermogônios e écios. Folhas com pequenas lesões necróticas nos folíolos foram coletadas de mudas e plantas adultas de pau-brasil na Estação Experimental Pau-Brasil (CEPLAC) no município de Porto Seguro, Bahia. Folíolos frescos e herborizados foram examinados ao microscópio estereoscópico, sendo efetuadas raspagens e cortes histológicos, os quais foram analisados em microscópios e composto, e eletrônico de varredura para caracterização, mensuração e fotomicrografias das estruturas observadas. Nos estudos conduzidos no material coletado na Bahia foram encontrados espermogônios do grupo VI, tipo 7, característicos da família Raveneliaceae à qual pertence o gênero Anthomyces. Os espermogônios de A. brasiliensis são subcuticulares, de contorno circular, aplanados e medem 70-100 x 30-56 µm, com espermacióforos hialinos, basais, cilíndricos, agrupados em forma de paliçada, medindo 12-14 x 2-3 µm. Os espermácios são hialinos, unicelulares, lisos, medindo 3-4 x 2-3 µm. Pústulas acompanhadas por espermogônios foram interpretadas como écios uredinóides, característicos da família Raveneliaceae. Estas estruturas têm aspecto de pústulas alargadas, sem perídio definido, mostrando-se maiores que os télios e os urédios, medindo 200-700 µm diâmetro e 100-110 µm de altura, com eciósporos idênticos aos urediniósporos, medindo de 22-24 x 18-22 µm. Desta forma, A. brasiliensis passa a ser definida como uma ferrugem macrocíclica, autóica, contendo os estádios de 0 a IV.
The fungus, Anthomyces brasiliensis described in 1899 in Rio de Janeiro causing rust on Caesalpinia sp. or Piptadenia sp., was rediscovered in 2001 in Porto Seguro, Bahia, Brazil on Caesalpinia echinata. In the original description only telia and uredia were described, but spermogonia or aecia was not observed. Leaves with small necrotic lesions were collected from seedlings and trees of C. echinata at Pau-Brasil Experimental Station (CEPLAC) in the municipality of Porto Seguro, Bahia. Material from fresh and dried leaflets was examined under dissecting and compound microscopes. Micrographs were obtained using the compound and scanning electron microscopes. Group VI (type 7) spermogonia were found for the first time on the material collected in Bahia. They were subcuticular, round in outline, flattened, 70-100 x 30-56 ìm with spermatiophores hyaline, cylindrical, grouped in palisade, 12-14 x 2-3 ìm. Spermatia ellipsoid, hyaline, smooth, 3-4 x 2-3 ìm. Pustules associated with spermogonia were interpreted as uredinoid aecia. They are larger than uredia and telia, 200-700 ìm wide. Aeciospores are similar to urediniospores, measuring 22-24 x 18-22 ìm. Thus, A. brasiliensis can now be defined as a macrocyclic, autoecious rust containing 0 to IV states.