RESUMO Este estudo analisa como a audiodescrição - modalidade de tradução intersemiótica - e a visita sensorial podem se constituir em arcabouço para acessibilizar a arte teatral a espectadores com deficiência visual. A pesquisa, de caráter qualitativo e construída sob os pressupostos da pesquisa-ação (MONCEAU, 2005), relata as etapas de uma experiência vivenciada no estado do Espírito Santo para possibilitar a esse público a fruição estética de um espetáculo teatral por meio dos sentidos remanescentes (KOEHLER, 2017). Desenvolve discussões sobre acessibilidade cultural (SARRAF, 2018), dialogismo e exotopia (BAKHTIN, 1997, 2002), e ancora o entendimento sobre a percepção da pessoa cega a partir de análises da doutora em Comunicação e Semiótica Joana Belarmino (2009). Conclui que o processo de planejar e executar a audiodescrição e a visita sensorial em um evento artístico ao vivo demanda rigor metodológico, exotópico e dialógico, com atitudes responsivas e multilaterais, em detrimento do improviso e do fazer solitário. E que o perceber o mundo, para pessoas com deficiência visual, propõe exercícios permanentes que envolvem o corpo, o espaço e os acontecimentos, consistindo em uma atividade estética.
ABSTRACT This study analyzes how the audio description - intersemiotic translation modality - and the sensorial visit can constitute a framework to access the theatrical art to spectators with visual impairment. The research, of qualitative character and grounded under the assumptions of action-research (MONCEAU, 2005), reports the stages of a living experience in the state of Espírito Santo to enable this audience the aesthetic enjoyment of a theatrical show through the remaining senses (KOEHLER, 2017). It develops discussions on cultural accessibility (SARRAF, 2018), Dialogism and exotopia (BAKHTIN, 1997, 2002), and anchors the understanding about the blind person’s perception based on analyses of the PhD. in Communication and Semiotics Joana Belarmino (2009). It concludes that the process of planning and executing the audio description and the sensorial tour in a live artistic event demands methodological rigor, exotopic and dialogic, with responsive and multilateral attitudes, to the detriment of improvisation and solitary making. And that the perception of the world, for people with visual impairment, proposes permanent action involving the body, space and events, consisting of an aesthetic activity.1