Existe um "mistério Mauss": a questão é entender como Mauss-o pequeno judeu de Épinal, Mauss-o professor universitário de filosofia que não passou pela École Normale, Mauss- o sobrinho sempre à sombra de seu tio Émile Durkheim, Mauss-o intelectual e o militante, tornou-se o "pai da antropologia moderna" contribuindo de maneira original ao desenvolvimento das ciências humanas. Após a publicação da primeira biografia de Marcel Mauss (Paris, Fayard), da edição de seus Escritos políticos (Écrits politiques, Paris, Fayard) e de sua correspondência com Durkheim (Paris, PUF), proponho uma reflexão sob dois aspectos: 1) a situação da biografia nas ciências sociais; e 2) as dificuldades em escrever uma biografia de Marcel Mauss (1872-1950). Essas dificuldades inúmeras são de ordem metodológica (coleta e interpretação de dados) e teórica (teoria da ação). A questão que o biógrafo levanta, no início de suas pesquisas, "Fracasso ou êxito de uma vida?" transforma-se, ao final do trabalho, na seguinte pergunta: "Fracasso ou êxito de uma biografia?".
There's a "Mauss mystery:" the question is to understand how Mauss-the tiny Jew of Épinal, Mauss-the Philosophy professor who didn't study at the École Normale, Mauss-the nephew always in the shade of his uncle, Émile Durkheim, Mauss-the intellectual and the militant, became the "father of modern anthropology," contributing in a distinct way to the development of the human sciences. After the publication of the first biography of Marcel Mauss (Paris, Fayard), the publication of his Political writings (Écrits politiques, Paris, Fayard), and the publication of his correspondence with Durkheim (Paris, PUF), I propose a reflexion on two aspects: 1) the situation of biography in the social sciences; and 2) the difficulties of writing a biography of Marcel Mauss (1872-1950). The question raised by the biographer in the beginning of his researches, "Failure or Success of a Life?" turns, in the end of the paper, into another question: "Failure or Success of a Biography?"
Il y a un "mystère Mauss": comment Mauss-le petit juif d'Épinal, Mauss l'agrégé de philosophie qui n'a pas fait l'École normale, Mauss-le neveu à l'ombre de son oncle Émile Durkheim, Mauss-le savant et le militant, est devenu le "père de l'anthropologie moderne", fournissant une contribution des plus originales au développement des sciences humaines? À la suite de la publication de la première biographie de Marcel Mauss (Paris, Fayard), de l'édition des Écrits politiques de Marcel Mauss (Paris, Fayard) et de la correspondance entre Durkheim et Mauss (Paris, PUF), je vous propose une réflexion à deux volets : 1) le statut de la biographie en sciences sociales; et 2) les difficultés d'écrire une biographie de Marcel Mauss (1872-1950). Ces difficultés, nombreuses, sont d'ordre méthodologique (collecte et interprétation des données) et théorique (théorie de l'action). La question "Échec ou réussite d'une vie ?" que se pose le biographe au début de sa recherche devient, une fois son travail terminé, "Échec ou réussite d'une biographie?".