INTRODUÇÃO: O Brasil vive um período de crescimento do número de escolas médicas, atrelado à redução da qualidade do ensino, estruturas universitárias e hospitalares precárias e alunos mal preparados para a prática médica. Em 2012, o exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) tornou-se obrigatório para a obtenção de registro profissional. Dos recém-formados em São Paulo, 54% tiveram escore insuficiente após responder a questões correspondentes às áreas básicas da medicina. OBJETIVO: Avaliar fatores relacionados ao mau desempenho dos recém-formados no exame do Cremesp em 2012. METODOLOGIA: Foi realizada revisão bibliográfica a partir de fontes dos bancos Bireme, Scielo, PubMed e do site do Cremesp. "Escolas médicas" e "educação médica" foram os descritores em ciências da saúde utilizados. A reportagem intitulada "54,5% dos recém-formados em Medicina foram reprovados no exame do Cremesp" foi a base para o trabalho. De março a abril de 2013, analisaram-se artigos publicados a partir de 2007. RESULTADOS: Na última década, o número de médicos aumentou 21%, enquanto a população geral cresceu apenas 12%. Cerca de 63% dos alunos que realizaram o exame do Cremesp em 2012 avaliaram que o curso de Medicina deveria ser mais exigente. Pelo menos 16 faculdades de Medicina obtiveram, por três anos consecutivos, conceitos sofrível ou ruim no Enade. Em estudo desenvolvido entre acadêmicos de Medicina, 39% dos universitários dedicavam oito horas semanais ou mais a atividades extracurriculares. A precariedade do ensino médico brasileiro tem causas multifatoriais. Isto pode interferir no aumento do número de casos de iatrogenia e no questionamento sobre a necessidade de implantar outros métodos de avaliação do ensino médico, como testes de progresso. É preciso, portanto, compreender que uma educação médica de qualidade contribui para que os avanços econômicos caminhem pari passu com os sociais, sendo necessário repensar o modelo vigente para direcionar a vontade política e a gestão adequada de investimentos.
INTRODUCTION: Brazil is currently undergoing a period of growth in the number of its medical schools, accompanied by a reduction in the quality of teaching, precarious university and hospital installations and students who are poorly equipped for medical practice. In 2012, passing the exam set by the São Paulo State Regional Medical Council (Cremesp) became a requisite for obtaining a medical license. Of São Paulo's recent graduates, 54% received an unsatisfactory score for their answers to the questions on the basic fields of medicine. OBJECTIVE: To assess factors related to the low performance of these graduates in Cremesp's 2012 exam. METHODOLOGY: A bibliographical revision was undertaken based on data provided by Bireme, Scielo, PubMed and the Cremesp website. "Medical schools" and "medical education" were the terms used to describe health sciences. The report, entitled "54.5% of recent medicine graduates failed the Cremesp exam" formed the basis of the work. From March to April 2013, articles published as of 2007 were analyzed. RESULTS: In the previous decade, the number of doctors increased by 21%, while the general population only increased by 12%. Around 63% of students to have taken the Cremesp exam in 2012 stated that the medical course should be more demanding. At least 16 medical faculties registered a low or poor performance in the National Exam for the Assessment of Student Performance (Enade) for three years running. In a study developed among medical academics, 39% of universities were revealed to dedicate eight hours per week or more to extra-curricular activities. The precarious nature of the teaching of medicine in Brazil is due to a variety of factors. This may impact the increase in the number of cases of iatrogenic infections or in the questioning of the need to implant other methods of assessing medical schools, as progress tests. We therefore must realize that quality medical education helps ensure economic advances match social advances, and must rethink the existing model in order to attract political will and the effective management of investments.