Como um dos mais poderosos da era moderna, o império colonial português estabeleceu colônias e possessões em vários continentes. Controlando vastas regiões, administrou ligações comerciais, de trânsito de mercadorias e pessoas entre estes pontos. Como conseqüência deste quadro, foi obrigado também a lidar com diferentes grupos populacionais. Neste processo, um vasto conhecimento foi gerado no sentido de se definir fórmulas de "governo" destas populações que foram, de uma forma ou outra, incorporadas ao império. Entre estes grupos populacionais estavam: "degredados", "gentios", "índios" etc; certamente um dos mais significativos (demográfica e simbolicamente) eram os "escravos". O presente trabalho procura observar como muitos destes grupos foram sendo construídos como grupos, em diferentes contextos sócio-geográficos (em especial o Rio de Janeiro e Goa), a partir de práticas de administração de territórios e experiências sociais do "governo" de populações dentro dos quadros de políticas imperiais do exercício do poder. Assim, parte-se desta démarche para introduzir a perspectiva de como a idéia (moderna) de "escravo", paulatinamente construída pelo império colonial português, foi subsumindo e obscurecendo diferentes formas de vivenciar o cativeiro - ou seja, diferentes formas de trabalho compulsório - que eram encontradas em algumas colônias.
Being one of the most powerful of the Modern Era, the Portuguese colonial empire has established colonies and possessions in several continents. Controlling large regions, it has administrated commercial connections, products’ trades and people between these places. As a consequence, it had to deal with different population groups. During this process, a huge knowledge was achieved when trying to define government patterns for these populations, which were somehow added to the empire. Among these groups there were "exiled people", "heathens", "Indians" etc.; certainly one of the most important groups (demographic and symbolically) were the "slaves". This article observes how many of these groups were formed as groups in different social-geographic contexts (especially Rio de Janeiro and Goa) because of the territorial administration and social experiences performed by these populations’ "government" during the exercise of power according to the empyreal policy. This way, the author is starting from this démarche to introduce the perspective of how the (modern) idea of slave, day-by-day built by the Portuguese colonial empire, darkened different ways of living in captivity - different ways of compulsory labor, which could be found in some colonies.
Comme l’impire colonial portugais était l’un des plus puissants de l’Époque Moderne, il a installé des colonies et des possessions dans différents continents. Contrôlant de vastes régions, il a geré des liaisons commerciales, le trafic de marchandises et des personnes entre ces points du globe. Par conséquent, il a été obligé de prendre également en compte différents groupes de population. Dans ce processus, une vaste expérience a été acquise dans la définition de formes de « gouvernement » de ces populations. Parmi ces « groupes », on trouvait: des « déportés », des « gentilhomes », des « indiens », etc.; l’un des plus significatifs (démographiquement et symboliquement) était celui des « esclaves ». Cet article essaie de montrer comment beaucoup de ces groupes se sont constitués en tant que « groupes », dans divers contextes socio-géographiques (tout particulièrement à Rio de Janeiro et à Goa), à partir de pratiques de gestion de territoires et d’expériences sociales de « gouvernement » des populations. Ainsi, en partant de cette démarche, on peut introduire la perspective selon laquelle l’idée (moderne) d’esclave s’est constituée, au fin et à mesure, par l’impire colonial portugais et va subsumer, dépasser plusieurs formes de vivre l’esclavage, c’est-à-dire diffèrentes formes de travail forcé que l’on retrouvait dans certaines colonies.