OBJETIVO: Comparar o desenvolvimento de linguagem de crianças anêmicas e não-anêmicas de uma creche pública de Belo Horizonte. MÉTODOS: Estudo transversal com avaliação do desenvolvimento de linguagem de crianças anêmicas (casos) e não-anêmicas (controles) entre dois e seis anos de idade. Todas as crianças realizaram punção digital para detecção da anemia (hemoglobina <11,3g/dL). O Grupo Caso foi constituído por 22 crianças anêmicas e o Controle, por 44 crianças, selecionadas por amostragem aleatória pareada. O desenvolvimento de linguagem de cada um dos participantes foi observado e classificado em duas grandes áreas: aspectos comunicativos (recepção e emissão) e aspectos cognitivos da linguagem, com utilização do Roteiro de Observação de Comportamentos de crianças de zero a seis anos. Índices de desempenho foram aplicado para qualificar as respostas das crianças. RESULTADOS: Os valores médios de hemoglobina dos Grupos Caso e Controle foram 10,6 e 12,5g/dL, respectivamente. Os grupos não diferiram quanto às seguintes variáveis: idade, gênero, aleitamento materno e escolaridade materna. Na avaliação de linguagem, observou-se uma diferença estatisticamente significante nos índices de recepção (p=0,02), emissão (p<0,001) e aspectos cognitivos da linguagem (p<0,001), com pior desempenho das crianças anêmicas. CONCLUSÕES: Crianças anêmicas apresentaram pior desenvolvimento da linguagem em comparação às não-anêmicas. A anemia deve ser considerada um problema relevante de Saúde Pública também pelas possíveis alterações que pode provocar no desenvolvimento da linguagem e, consequentemente, na aprendizagem e futuro desempenho social e profissional da criança.
OBJECTIVE: To compare language development in anemic and non-anemic children from a public day care center in Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil. METHODS: Cross-sectional study with evaluation of language development of anemic (cases) and non-anemic children (controls) between two and six years old. All children had a digital puncture to detect anemia (hemoglobin <11.3g/dL). Cases were 22 anemic children and controls, 44 children selected by randomized paired sampling. The language development of each participant was observed and classified according to two main fields: communicative aspects (reception and emission) and cognitive aspects, based on the Child Behavior Observation Guide for children from zero to six years old. Performance rates were created in order to qualify children's answers. RESULTS: The hemoglobin values observed in case and control groups were 10.6 and 12.5g/dL, respectively. The groups did not differ regarding age, gender, breastfeeding and mother's schooling. Significant differences were observed in the language evaluation in all examined fields: levels of reception (p=0,02) and emission (p<0.001) and cognitive aspects (p <0.001), with worse performance of anemic children. CONCLUSIONS: Anemic children presented worse language development when compared to non-anemic ones. In the public health context, childhood anemia should be considered as a relevant problem due to language development alterations with possible consequences on learning abilities and future social and professional performance.