Costuma-se argumentar que a teoria do valor-trabalho de Marx não mais se aplica ao mundo contemporâneo, em que partes crescentes da população estão envolvidas em trabalho "imaterial" ou trabalho "digital". Este ensaio argumenta que essa teoria ainda é relevante, mas que, a fim de entender como ela pode ser aplicada ao trabalho imaterial e ao trabalho de modo mais geral, é necessário analisar criticamente os três principais componentes da teoria: a natureza particular de qualquer forma de trabalho, o valor que é criado por esse trabalho e os meios de subsistência do trabalhador. Essa análise nos permite não apenas distinguir entre "tempo de trabalho necessário" e mais-valia, mas também identificar o local de produção. Em um mundo em que novas atividades estão sendo constantemente trazidas para dentro da esfera das relações sociais capitalistas e novas mercadorias sendo produzidas, é importante identificar esses locais de produção e os trabalhadores que estão diretamente envolvidos na produção de mais-valia, porque são esses trabalhadores que têm o potencial, ao retirar seu consentimento, de se organizar de forma eficaz junto aos interesses comuns da classe trabalhadora global.
It is often argued that Marx's labour theory of value no longer applies in the contemporary world in which increasing proportions of the population are involved in "immaterial" or "digital" labour. This article contends that the theory is still relevant, but that in order to understand how it can be applied both to immaterial labour and to labour more generally, it is necessary to examine critically the three key components of the theory: the particular nature of any given form of labour, the value that is created by that labour, and the worker's means of subsistence. Such an analysis enables us not only to distinguish between "necessary labour time" and surplus value but also to identify the point of production. In a world in which new activities are constantly being brought within the sphere of capitalist social relations and new commodities are being produced, it is important to identify these points of production and the workers who are directly engaged in the production of surplus value because it is these workers who have the potential, by withdrawing their consent, to organise effectively in the common interests of the global working class.
La théorie de la valeur-travail de Marx est souvent considérée comme une théorie ne s'appliquant plus au monde contemporain où une partie de plus en plus grande de la population est impliquée dans un travail "immatériel" ou un travail "numérique". On démontre dans cet article qu'elle est toujours d'actualité mais que pour comprendre la manière dont elle peut être appliquée au travail immatériel et au travail en général, il est nécessaire de faire une analyse critique des trois principaux éléments de cette théorie : la nature particulière de toute forme de travail, la valeur engendrée par ce travail et les moyens de subsistance du travailleur. Cette analyse nous permet non seulement de faire la distinction entre le "temps de travail nécessaire" et la plus-value mais aussi d'identifier le lieu de production. Dans un monde où de nouvelles activités sont continuellement introduites dans la sphère des relations sociales capitalistes et que de nouveaux produits sont fabriqués, il est important d'identifier ces lieux de production ainsi que les travailleurs directement impliqués dans la production de la plus-value car ce sont ces travailleurs qui sont capables de s'organiser de manière efficace pour défendre les intérêts de la classe ouvrière mondiale.