Processos de maré foram importantes na deposição da Formação Barreiras localizada no norte do Brasil, enquanto depósitos correlatos do nordeste brasileiro têm sido tradicionalmente relacionados a ambientes continentais. Análise de fácies no sul de Alagoas revelou que a Formação Barreiras consiste em conglomerados e arenitos com estratificações cruzadas (facies Sx e Cgx), arenitos com estratificação cruzada composta (facies Cx), e acamamentos heterolíticos (facies H). Uma porção significativa desses depósitos ocorre inserida em morfologias de canal, internamente contendo sucessões de granocrescência e adelgaçamento ascendentes. A abundância de feições sedi-mentares é comparável àquelas documentadas em depósitos correlatos do norte do Brasil. Estas incluem: bandamentos de maré; estratificações cruzadas espinha-de-peixe; acamamen-tos heterolíticos contendo camadas de arenitos e argilitos em contato brusco; e icnofósseis consistindo principalmente em Ophiomorpha nodosa, Skolithos e Planolites. Estas feições apontam para ambiente deposicional marinho marginal dominado por processos de maré, possivelmente relacionado a sistema estuarino. Esta interpretação é similar à atribuída para a Formação Barreiras no norte do Brasil. A ampla ocorrência de depósitos contendo evidência inequívoca de processos de maré na Formação Barreiras no norte do Brasil, e agora também no Estado de Alagoas, leva a propor que o período de transgressão marinha registrada globalmente no eo/meso Mioceno pode ter deixado um registro sedimentar muito mais amplo ao longo da costa brasileira do que até então considerado.
Mioceno; transgressão marinha; correntes de maré; estruturas sedimentares; nordeste do Brasil