No Nordeste do Brasil, a redução da cobertura florestal original a pequenos fragmentos isolados tem trazido consequências negativas para a avifauna local, em particular, uma perda de espécies mais especializadas e o aumento populacional de algumas espécies generalistas. O presente estudo foca na composição e nos grupos tróficos de uma comunidade de aves de uma propriedade rural em Alagoas, nordeste do Brasil. Amostragens mensais foram realizadas entre novembro de 2008 e outubro de 2009, através de capturas com redes-de-neblina e observações de campo. De forma geral, foram identificadas 112 espécies, das quais 76 estiveram associadas aos dois fragmentos florestais estudados, com as demais ocorrendo apenas na matriz de pasto e pomares. A avifauna da área de estudo demonstrou um predomínio de espécies insetívoras seguidas por onívoras. No entanto, insetívoros especialistas como os forrageadores de troncos e de subosque, corresponderam a apenas ∼15% dos insetívoros como um todo. A baixa diversidade de algumas guildas e espécies com dietas mais específicas e a total ausência de outras espécies sensíveis, tais como grandes rapineiros e papagaios, é reflexo da fragmentação acentuada e degradação das florestas locais, o que reduziu a disponibilidade de recursos alimentares e eliminou seus sítios reprodutivos.
Floresta Atlântica; aves; Nordeste do Brasil; grupos tróficos
