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Abelhas sem ferrão e árvores com floradas maciças na Mata Atlântica: uma relação estreita

As pequenas abelhas sem ferrão ou meliponíneos (Apidae, Hymenoptera) representam cerca de 70% de todas as abelhas em atividade nas flores em uma área de Floresta Tropical Atlântica. Além disso, concentram o forrageio nas flores do estrato superior. Propõe-se a hipótese de que esta distribuição vertical resulta da distribuição desigual de suas fontes florais preferidas nos estratos da floresta. No estrato superior, a maioria das árvores intensamente visitadas pelos meliponíneos apresenta flores nectaríferas, pequenas e inconspícuas, com morfologia generalizada (simetria radial e corola aberta), reunidas em grandes inflorescências. Em geral, essas árvores são hermafroditas ou monóicas e suas copas tendem a apresentar floração maciça (isto é, numerosas flores abrem-se a cada dia). Como mais de 70% dos meliponíneos concentraram o forrageio nessas árvores, foi reexaminada a hipótese de que a abundância dessas abelhas generalistas estaria relacionada à abundância de árvores dióicas na floresta tropical pluvial. Desenvolve-se o argumento de que os meliponíneos facilitam a auto-polinização (autogamia ou geitonogamia) e, ocasionalmente, participam da polinização cruzada de árvores com florações maciças. A relação ecológica estreita dos meliponíneos com as floradas maciças envolve possível co-evolução difusa, com gradual substituição de outros polinizadores generalistas, imprevisíveis e pouco eficientes no dossel da floresta tropical.

abelha sem ferrão; dossel; estratificação; floração maciça; Mata Atlântica


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