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Suporte Circulatório como Ponte para Transplante Cardíaco Pediátrico

Palavras-chave
Suporte Vital Cardíaco Avançado; Cardiopatias Congênitas; Transplante Cardíaco; Avaliação de Resultados (Cuidados de Saúde)

Prezado Sr. Editor,

O artigo "Emprego do suporte circulatório de curta duração como ponte para o transplante cardíaco pediátrico", recentemente publicado11 Canêo LF, Miana LA, Tanamati C, Penha JG, Shimoda MS, Azeka E, et al. Use of short-term circulatory support as a bridge in pediatric transplantation. Arq Bras Cardiol. 2015;104(1):78-84. em Arquivos Brasileiros de Cardiologia nos despertou grande interesse.

Caneo et al.11 Canêo LF, Miana LA, Tanamati C, Penha JG, Shimoda MS, Azeka E, et al. Use of short-term circulatory support as a bridge in pediatric transplantation. Arq Bras Cardiol. 2015;104(1):78-84. publicaram a maior experiência nacional com o uso de assistência circulatória em idade pediátrica. Os autores, de acordo com a experiência relatada, demonstraram que o uso de dispositivos de assistência ventricular aumentou a possibilidade de crianças em choque cardiogênico serem transplantadas, com resultados de mortalidade ainda muito elevados, segundo experiências internacionais.22 Reinhartz O, Maeda K, Reitz BA, Bernstein D, Luikart H, Rosenthal DN, et al. Changes in risk profile over time in the population of a pediatric heart transplant program. Ann Thorac Surg. 2015;100(3):989-95.,33 Zafar F, Khan MS, Bryant R, Castleberry C, Lorts A, Wilmot I, et al. Pediatric heart transplant waiting list mortality in the era of ventricular assist devices. J Heart Lung Transplant. 2015;34(1):82-8.

Apesar de ser uma experiência digna de nota para o Brasil, seria conveniente que alguns detalhes fossem observados.

Sobre a estratificação de risco, por exemplo, Caneo et al.11 Canêo LF, Miana LA, Tanamati C, Penha JG, Shimoda MS, Azeka E, et al. Use of short-term circulatory support as a bridge in pediatric transplantation. Arq Bras Cardiol. 2015;104(1):78-84. agruparam pacientes em Interagency Registry for Mechanically Assisted Circulatory Support (INTERMACS) 1 e 2 na mesma categoria, o que certamente tem diferença na gravidade do choque e na resposta terapêutica.

Mais importante que a avaliação inicial, é a resposta do paciente ao tratamento. É de extrema necessidade que a criança tenha tempo hábil para a correção da disfunção de múltiplos órgãos antes da execução do transplante. Caneo et al.11 Canêo LF, Miana LA, Tanamati C, Penha JG, Shimoda MS, Azeka E, et al. Use of short-term circulatory support as a bridge in pediatric transplantation. Arq Bras Cardiol. 2015;104(1):78-84. tiveram tempo médio de 19 dias para a realização do transplante no grupo submetido à assistência circulatória mecânica, mas houve paciente que foi transplantado em 6 horas! Como os autores conduzem a criança em assistência em relação à manutenção ou não na fila de transplante? Quais são as condições mínimas do receptor para a aceitação de um eventual doador nessa fase de assistência circulatória?

A alocação de recursos é limitada em nosso meio, portanto é importante utilizá-los de forma racional e para quem tem mais chance de sobrevivência. Além disso, o número de doadores é insuficiente para atender a demanda de receptores. Utilizar doador para receptor em INTERMACS 1 e 2 não seria desperdiçar um doador para outro receptor com maiores chances? Dilemas éticos certamente estão envolvidos nessa discussão.

Gostaria de congratular Caneo et al.11 Canêo LF, Miana LA, Tanamati C, Penha JG, Shimoda MS, Azeka E, et al. Use of short-term circulatory support as a bridge in pediatric transplantation. Arq Bras Cardiol. 2015;104(1):78-84. por trazer tão importante experiência para a comunidade cardiológica brasileira. Finalmente, mas não menos importante, a indisponibilidade dessa tecnologia em nosso meio constitui um grave problema, que deve contar com o apoio dos órgãos competentes, a fim de que haja capacitação e racionalização de uso em centros de referência de transplante cardíaco.

References

  • 1
    Canêo LF, Miana LA, Tanamati C, Penha JG, Shimoda MS, Azeka E, et al. Use of short-term circulatory support as a bridge in pediatric transplantation. Arq Bras Cardiol. 2015;104(1):78-84.
  • 2
    Reinhartz O, Maeda K, Reitz BA, Bernstein D, Luikart H, Rosenthal DN, et al. Changes in risk profile over time in the population of a pediatric heart transplant program. Ann Thorac Surg. 2015;100(3):989-95.
  • 3
    Zafar F, Khan MS, Bryant R, Castleberry C, Lorts A, Wilmot I, et al. Pediatric heart transplant waiting list mortality in the era of ventricular assist devices. J Heart Lung Transplant. 2015;34(1):82-8.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Abr 2016

Histórico

  • Recebido
    15 Nov 2015
  • Revisado
    21 Jan 2016
  • Aceito
    22 Jan 2016
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