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Nódulos de Aschoff e fibrose miocárdica em músculo papilar do ventrículo esquerdo

Imagens ABC

Nódulos de Aschoff e fibrose miocárdica em músculo papilar do ventrículo esquerdo

Lurildo R. Saraiva, Giordano Bruno Parente, Vital Lira

Pernambuco, PE

Mulher de 19 anos, com renda familiar mensal per capita inferior a R$60,00, apresentou insuficiência cardíaca atribuída a cardite reumática aguda. O exame físico revelou paciente pálida, dispnéica, com sinais de desnutrição. O índice de massa corpórea foi 18,2 kg/ m2. A semiologia do coração revelou ritmo de galope protodiastólico, e intenso sopro sistólico de insuficiência da valva mitral. O eletrocardiograma demonstrou aumento do intervalo PR. O ecocardiograma evidenciou diâmetro sistólico do átrio esquerdo alcançou 8,5 cm, diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo 7,3 cm. A fração de ejeção do ventrículo esquerdo foi 52%. A dosagem plasmática de anti-estreptolisina O foi de 298 U Todd

Recebeu tratamento com o emprego de diuréticos e vasodilatadores, 70mg diários de prednisona. A dose de prednisona administrada foi diminuída progressivamente no decorrer de 90 dias. Foi também administrada quinzenalmente a penicilina benzatina. A paciente permaneceu com palidez, dispnéia de esforço e idêntica semiologia cardíaca. A reavaliação ecocardiográfica na evolução demonstrou discreta redução dos valores de diâmetros diastólicos. O diâmetro diastólico do átrio esquerdo foi 6,8cm, o diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo 7,1cm. A fração de ejeção do ventrículo normalizou-se (65%).

Foi indicado o tratamento cirúrgico da insuficiência mitral. A paciente foi submetida à troca de valva mitral por bioprótese. O estudo histológico do fragmento de músculo papilar do ventrículo é apresentado nas figuras 1 e 2.



Comentários

Em Pernambuco, a doença reumática exibe formas muito graves na população carente. A concomitância de achados histopatológicos típicos de fase aguda da doença reumática (fig. 1) com achados histológicos da fase crônica (fig. 2) indica tratar-se de surto agudo sobre coração previamente lesado pela doença. Evidencia ainda a perenidade da estimulação inflamatória, desencadeada por estreptococcia silenciosa, a julgar pelo intenso dano tecidual cardíaco. Além disso, justifica a dificuldade no controle da moléstia pelo uso tradicional do corticosteróide.

Disciplina de Cardiologia, Universidade Federal de Pernambuco

Correspondência: Lurildo R. Saraiva – Rua Pedro Correia, 110 – 52050-400 – Recife, PE – E-mail: lurildo@cardiol.br

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Set 2001
  • Data do Fascículo
    Set 2001
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