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Departamento de doenças infecciosas e parasitárias

INVESTIGAÇÃO CLÍNICA, EPIDEMIOLÓGICA, LABORATORIAL E TERAPÊUTICA

Departamento de doenças infecciosas e parasitárias

PO30 - Avaliação do diagnóstico laboratorial de leishmaniose tegumentar americana no laboratório de dermatomicologia (UnB)

Fioravanti MS; Alvarenga RY; Motta JOC; Paula CDR; Sampaio RNR

Hospital Universitário de Brasília - Brasília, DF

FUNDAMENTOS/OBJETIVOS: O diagnóstico laboratorial da LTA é feito pelo achado do parasita por exames parasitológicos: esfregaço, cultura e inoculação em hamster ou por exames imunológicos: intradermoreação de Montenegro (IDRM) e imunofluorescência indireta (IFI). O objetivo deste estudo é avaliar a sensibilidade dos exames parasitológicos e imunológicos no Laboratório de Dermatomicologia entre janeiro de 2003 e dezembro de 2004.

MATERIAL E MÉTODOS/CASUÍSTICA: Foram incluídos 82 pacientes (65 masculinos/18 femininos), com idade média 42 anos (3-82 anos). O tempo entre o início dos sintomas e a realização dos exames variou de 7 dias a 4 anos (média - 7 meses). O esfregaço foi realizado por meio de impressão do fragmento obtido por biópsia contra lâminas (6 imprints), fixado com metanol e corado com Giemsa 50%. A cultura foi realizada com o aspirado da lesão semeado em meio NNN. A inoculação em hamster foi feita com fragmento da lesão triturado em solução salina, confirmada pela constatação da lesão no local da inoculação e cultura em meio NNN. IDRM e IFI foram feitas conforme técnicas padronizadas pelo Ministério da Saúde.

RESULTADOS/DISCUSSÃO: Os esfregaços foram negativos em todos casos de forma mucosa e foram positivos em 45% (28/62) da cutânea. Na doença com menos de 6 meses, a sensibilidade aumentou para 58%. A cultura foi positiva em 12,5% na mucosa (1/8) e 69% (44/63) na cutânea e houve contaminação em 2 casos (3%). A inoculação em hamster foi positiva em 33% (1/3) nas formas mucosas e 48,4% (16/33) nas cutâneas. A IDRM foi positiva em todos os casos de forma mucosa e 83,3% (40/48) na cutânea. A IFI em 90% (9/10) na mucosa e 47% (27/57) na cutânea. Em identificação pregressa (1997) de 16 casos deste laboratório, a forma predominante foi L (V) braziliensis (69%), seguida da (L) amazonensis. O tempo entre o início das lesões e a realização dos exames foi fator importante. Nos parasitológicos, observou-se maior índice de positividade em lesões recentes. Já nos sorológicos, os exames realizados tardiamente foram mais positivos. Nos casos de IDRM negativa, o tempo entre início da lesão e a realização do teste variou entre 7 dias e 3 meses, exceto 1 caso (5 meses). Acredita-se que a baixa positividade dos exames parasitológicos nas formas mucosas deva-se ao maior tempo de evolução e à presença constante de bactérias. É importante uma assepsia adequada antes da coleta do material.

CONCLUSÃO: Os exames imunológicos apresentaram maior sensibilidade e a IDRM foi a mais sensível de todos exames. A IFI teve alta sensibilidade nas formas mucosas. O exame parasitológico de maior sensibilidade foi a cultura.

PO31 - Dermatite infecciosa e mielopatia associada ao HTLV-I/paraparesia espástica tropical em pacientes infanto-juvenis

Primo JRLC; Oliveira MF; Moreno-Carvalho O; Correia J; Bittencourt AL

Hospital Universitário Professor Edgar Santos (HUPES) - Universidade Federal da Bahia - Salvador, BA

FUNDAMENTOS: A infecção pelo vírus linfotrópico de células T humanas tipo I (HTLV-I), está associada com um amplo espectro de patologias humanas incluindo a leucemia linfoma de células T do adulto (ATL) e uma forma de mielopatia, dentre outras doenças. Em 1966 Sweet descreveu na Jamaica uma forma de eczema, de início precoce aos 18 meses de idade, caracterizada por lesões eritematosas, descamativas, exsudativas, crostosas e infectadas, localizadas em áreas específicas. Posteriormente, denominada de dermatite infecciosa associada ao HTLV-I (DIH) por La Grenade et al., que estabeleceram os seus critérios diagnósticos. A mielopatia associada ao HTLV-I/ paraparesia espástica tropical (HAM/TSP) representa mielopatia grave com moderado envolvimento sensorial, distúrbio vesical e paraparesia espástica progressiva, ocorrendo quase sempre na vida adulta e com raros relatos de início precoce juvenil.

OBJETIVOS: Avaliar a existência de manifestações mielopáticas para HAM/TSP em portadores de DIH e em seus familiares.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram submetidos à avaliação neurológica, clínica e laboratorial, pacientes com DIH (n =20), suas respectivas mães e irmãos soropositivos para o HTLV-I atendidos no ambulatório de dermatologia da UFBA entre outubro de 2002 a novembro de 2004. Os diagnósticos de DIH foram baseados nos critérios de La Grenade e os diagnósticos HAM/TSP foram baseados nos critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS). Em todos os sintomáticos para HAM/TSP foram determinados os níveis sanguíneos de anticorpos anti-HTLV-I estudo do líquor e ressonância nuclear magnética do crânio e medula espinhal para exclusão de outras causas de mielopatia.

RESULTADOS/DISCUSSÃO: A freqüência da associação de HAM/TSP e DIH foi de 35%. Duas mães e um irmão sem DIH também foram diagnosticados como tendo HAM/TSP. Duas das pacientes com HAM/TSP eram irmãs. Encontraram-se altos níveis de anticorpos no sangue dos pacientes com HAM/TSP e DIH, variando de 1:3.125 para 1:78.125. Foi elevada a freqüência de HAM/TSP neste estudo e encontrou-se agrupamento de casos da HAM/TSP em três famílias. Atribuiu-se a associação da mielopatia com DIH e seu início precoce à intensa resposta imunomediada, anti-HTLV-I. A aglutinação familiar sugere um background genético.

CONCLUSÃO: Triagem sorológica deve ser realizada nas crianças com eczema crônico e/ou mielopatia de áreas endêmicas, no sentido de diagnosticar precocemente a HAM/TSP e oferecer tratamento adequado e melhor qualidade de vida para os pacientes.

PO32 - Estudo comparativo da eficácia tópica da loção de permetrina 5% como repelente para Aedes sp

Miot HA; Ferreira DP; Mendes FG; Cunha FP; Carrenho FRH

Departamentos de Dermatologia e de Parasitologia - FMB-UNESP - Botucatu, SP

FUNDAMENTOS/OBJETIVOS: Os mosquitos representam os mais importantes vetores das doenças infecciosas no mundo. É estabelecida a eficácia da permetrina nas roupas contra picadas de artrópodes. Sua eficácia tópica na prevenção contra picadas de mosquitos não foi estabelecida.

MATERIAL E MÉTODOS: Estudo experimental empregando 10 voluntários adultos hígidos que submeteram seus antebraços sem proteção (controle negativo), cobertos com permetrina 5% ou com DEET 50% (controle positivo) a picadas de 20 fêmeas adultas de Aedes sp. Foi medido o tempo desde a introdução dos antebraços até a primeira picada ou pouso com duração de mais de 10 segundos. Considerou-se significativo p<0,05.

RESULTADOS/DISCUSSÃO: Foram realizadas 71 medições. A média (desvio padrão) dos tempos para picadas com braço sem produto, com permetrina 5% e com DEET 50% foram, respectivamente 7,9s (8,5), 336,2s (539,4) e 7512,1s (1703,2). Houve diferença significativa entre as medidas da permetrina e placebo e da permetrina e DEET 50% (Wilcoxon, p<0,01). Verificou-se também um efeito inseticida da permetrina. Um dos voluntários apresentou reação irritativa 90 min após a aplicação de permetrina. Observou-se grande variabilidade individual na susceptibilidade a picadas.

CONCLUSÃO: Loção de permetrina 5% mostrou-se efetiva como repelente contra picadas de Aedes sp. in vitro, porém, com um perfil de repelência inferior ao DEET 50%.

PO33 - Leishmaniose tegumentar americana em Campinas - SP e região - magnitude do problema e desafios

Da-Silva LMR; Cunha PR; Galvão AMP; Vieira APS

Faculdade de Medicina de Jundiaí - Jundiaí, SP

FUNDAMENTOS/OBJETIVOS: A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é um problema de saúde pública, ocupando o segundo lugar entre as protozoonoses transmitidas por vetores, superada apenas pela malária. O conhecimento da região e das peculiaridades da LTA na área de incidência é fundamental para o estabelecimento de métodos eficientes de controle. Este trabalho tem como objetivos verificar a incidência e a distribuição dos casos de LTA na macrorregião de Campinas-SP, correlacionar as prevalências nas áreas rural, periurbana e urbana e identificar as principais dificuldades na prevenção da doença nesta região.

MATERIAL E MÉTODOS/CASUÍSTICA: A área estudada corresponde à macrorregião de Campinas (DIRXII) e abrange 42 municípios ao sudeste do Estado de São Paulo, com área de 9.182,952 km2. Trata-se de um estudo retrospectivo em que foram recolhidos dados do Sistema Nacional de Agravos e de Notificação do Grupo Técnico de Vigilância Epidemiológica DIRXII-Campinas, no período de 1998 a 2004, da Superintendência de Controle de Endemias e do Centro de Zoonoses do Estado de São Paulo, além de pesquisa da literatura.

RESULTADOS/DISCUSSÃO: No período estudado houve 458 casos notificados confirmados. Campinas e Jundiaí são os municípios com maior número de notificações e de casos por município de residência. Predominou no sexo masculino (62,45%), mas acometeu também mulheres e crianças de todas as faixas etárias, de forma endêmica e predominando na região urbana (57,64%). As espécies vetoras encontradas foram Lutzomyia intermedia sl, L. neivai, L. migonei, L. whitmani, L. fisheri, e L. pessoai. As principais dificuldades constatadas para o controle da LTA foram: modificação da história natural da doença, com crescente adaptação do vetor ao ambiente urbano e de novos reservatórios ao peridomicílio, tais como cachorro e cavalo; crescente desmatamento; inadequação das políticas públicas da doença, com pouca integração entre os órgãos públicos de controle e insuficiência de ações específicas em nível municipal.

CONCLUSÃO: Podemos inferir que a LTA terá cada vez maior abrangência e adaptação ao meio urbano. Devido à impossibilidade de erradicar completamente os vetores e os reservatórios, a LTA mantém caráter endêmico e crescente desafio de controle. Implica-se: estudo e acompanhamento sistemático das peculiaridades ambientais, relacionando-as com o comportamento da doença; capacitação de equipes médicas para diagnóstico adequado, notificação compulsória, tratamento precoce e seguimento de casos confirmados; investimento em pesquisas biológicas; organização de campanhas educativas voltadas à população, com maior precocidade de diagnóstico e conscientização ambiental; adoção de políticas públicas que capacitem o município, inclusive financeiramente, com ações diretas junto aos pacientes.

PO34 - Síndrome de Sjögren-Larsson: correlação clínica e molecular

Auada MP; Cintra ML; Steiner CE; Alexandrino F; Puzzi MB

Universidade Estadual de Campinas - Campinas, SP

FUNDAMENTOS/OBJETIVOS: A síndrome de Sjögren-Larsson (SLS; OMIM#270200)) é uma ictiose congênita autossômica recessiva com alterações neurológicas decorrentes da deficiência enzimática da aldeído graxo desidrogenase (FALDH). Mutações no gene ALDH3A2 que codifica a FALDH são responsáveis pela doença, porém as relações genótipo-fenótipo não são completamente definidas. A proposta foi estudar pacientes com SLS a nível molecular e sua correlação clínica e histológica.

MATERIAL E MÉTODOS/CASUÍSTICA: Foram estudados nove pacientes de três famílias distintas. Para tal fim foram realizadas biópsias com punch 5mm de cada paciente e também de indivíduos controles voluntários. As espécimes foram coradas com hematoxilina-eosina e analisadas por meio de microscopia óptica. Amostras de pele também foram obtidas para cultura de fibroblastos utilizando método padrão para dosagem da enzima FALDH. Para extração de DNA genômico foram coletados 5,0 ml de sangue total periférico em tubos Vacuntainer com EDTA a 10% como anticoagulante. O DNA foi extraído usando-se o protocolo padronizado no Laboratório de Genética Humana - CBMEG. Os fragmentos amplificados por PCR foram purificados utilizando-se o Kit Wizard SV Gel and PCR Clean-UP System (Promega) de acordo com o protocolo do fabricante. As reações de seqüenciamento foram corridas no seqüenciador automático ABI PRISMTM 377 (Perkin Elmer) utilizando-se o BigDyeTM Terminator Cycle Sequencing Kit V3.1 Ready Reaction (ABI PRISM/PE Biosystems). As seqüências obtidas foram analisadas e comparadas com a seqüência normal com o auxílio dos programas Chromas e Generuner.

RESULTADOS/DISCUSSÃO: A mutação encontrada foi a 1108-1GC no intron 7/exon 8. Esta alteração aboli um sítio de restrição para a enzima Dde I (Promega). O produto de amplificação do exon 8 apresenta 275bp, na presença da base G o fragmento é digerido apresentando bandas de 181, 82 e 12bp, entretanto na presença da base C o produto da PCR é digerido em fragmentos de 263 e 12pb. Com relação ao fenótipo, os pacientes exibiram diferenças na presença e intensidade da doença (prurido, retardo mental, espasticidade, fotofobia, alterações de retina). Comparada com a pele normal de mesma região anatômica a histologia dos pacientes afetados mostrou hiperqueratose ortoqueratótica compacta, papilomatose e acantose da epiderme. A camada granulosa variou de 1,3 a 4 camadas de células examinadas em dez áreas de cada biópsia.

CONCLUSÃO: As manifestações clínicas e histológicas da SLS não são exclusivamente decorrentes da mutação c.1108-1G>C mas também sujeitas as outras modificações genéticas e ambientais. A mutação descrita pode ser classificada como uma causa comum da doença no Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Ago 2007
  • Data do Fascículo
    Ago 2005
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