Avaliamos retrospectivamente os resultados da cirurgia transesfenoidal num grupo de acromegálicos operados por um único neurocirurgião, comparando-os com uma meta-análise cumulativa de 10 séries (1.632 pacientes) publicadas entre 1992-2005. Estudamos 28 pacientes (17M/11F; 44,1 ± 12,7 anos; 27 com macroadenomas, sendo 86% invasivos), acompanhados por 21,4 ± 17,6 meses após a cirurgia; eles foram classificados de acordo com a atividade da acromegalia em: 1) doença controlada (DC): GH basal ou médio < 2,5 ng/ml ou GH nadir no TTOG < 1ng/ml e IGF-1 normal; 2) não controlada (DNC): GH basal ou médio > 2,5 ng/ml ou nadir no TTOG > 1 ng/ml e IGF-1 elevado; 3) inadequadamente controlada (DIC): GH normal e IGF-1 elevado ou GH elevado e IGF-1 normal. Após a cirurgia, os níveis de GH reduziram de 61,7 ± 101,1 ng/ml para 7,2 ± 13,7 ng/ml (p< 0,001), e os de IGF-1 de 673,1 ± 257,7 ng/ml para 471,2 ± 285 ng/ml (p= 0,01). A taxa de remissão bioquímica foi de 57% [10 pacientes (35,5%) com DC e 6 (21,5%) com DIC], similar àquela obtida na meta-análise de cirurgias de macroadenomas. Sete dos 28 pacientes foram submetidos à re-intervenção (4 operados em outro hospital e 3 pelo nosso neurocirurgião), sendo 5 (71,5%) classificados como DC no pós-operatório. Invasão de seio cavernoso foi mais prevalente nos DNC e DIC, e desvio de haste hipofisária no grupo DNC. A taxa de remissão foi maior nas séries em que apenas um único cirurgião realizou os procedimentos (66% vs. 49%; p< 0,05). Em conclusão, esses dados comprovam que a experiência do neurocirurgião pode aumentar significativamente as taxas de remissão do tratamento cirúrgico da acromegalia, especialmente em tumores maiores e mais invasivos, e que a re-intervenção realizada por cirurgião experiente deve ser considerada nos algoritmos de abordagem terapêutica desta doença.
Acromegalia; Tumor hipofisário; Tratamento; Neurocirurgia; Hormônio de crescimento