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Persistência de hiperprolactinemia após tratamento de hipotiroidismo primário e suspensão do uso prolongado de estrogênio: os neurônios dopaminérgicos túberoinfundibulares são permanentemente lesados?

Uso prolongado de altas doses de estrogênio e a presença de hiperprolactinemia crônica pode, pelo menos no rato, provocar lesão nos neurônios dopaminérgicos tuberoinfundibulares (TIDA) responsáveis pelo controle da secreção de prolactina (Prl). Essa ocorrência, ainda não bem documentada em humanos, pode ter ocorrido em uma paciente em tratamento crônico com contraceptivo oral (OC), que veio para consulta por hipotiroidismo primário, hiperprolactinemia e uma massa hipofisária. Após reposição de hormônio tiroidiano, suspensão do tratamento com o OC e a bromocriptina, essa paciente não manteve níveis normais de Prl, necessitando tratamento contínuo com agonista dopaminérgico, mesmo quando a RM da região selar indicava uma situação normal. A função dos neurônios TIDA foi investigada pelo teste do TRH (200µg IV), realizado antes e após 25mg de carbidopa e 250mg de L-dopa a cada 4 horas por um dia. TSH basal (3,9µU/mL) era normal, enquanto Prl (67,5 ng/mL) estava alta; ambos aumentaram apropriadamente após o estímulo com TRH, com picos de 31,8µU/mL (TSH) e 157,8ng/mL (Prl). Após tratamento com carbidopa/L-dopa, os níveis de TSH (1,6µU/mL) e Prl (34ng/mL) diminuíram e a resposta ao TRH foi parcialmente bloqueada (10,3µU/mL e 61ng/mL, respectivamente). Apesar da resposta normal, discutimos a possibilidade que a persistência da hiperprolactinemia é devida a uma lesão dos neurônios TIDA, produzida pelo longo uso de altas doses de estrogênios e pela presença de hiperprolactinemia crônica.

Hipotiroidismo; Hiperprolactinemia; Estrogênio; Dopamina; Hipófise


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