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Utilidade da varredura com baixa dose de 131 Iodo após a tireoidectomia e antes da radioiodoterapia em pacientes com carcinoma diferenciado de tireóide

CARTAS AO EDITOR

Utilidade da varredura com baixa dose de 131 Iodo após a tireoidectomia e antes da radioiodoterapia em pacientes com carcinoma diferenciado de tireóide

Pedro W.S. Rosário; Álvaro Luís Barroso; Eduardo L. Padrão; Leonardo L. Rezende; Saulo Purisch

Departamento de Tireóide, Clínica de Endocrinologia e Metabologia (PWSR, SP) e Serviço de Medicina Nuclear (ALB, ELP, LLR) da Santa Casa de Belo Horizonte, MG, Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Pedro W.S. Rosário CEPCEM - Centro de Estudos e Pesquisa Clínica de Endocrinologia e Metabologia Av. Francisco Sales, no. 1111; Ala "D" - Santa Efigênia 30150-221 Belo Horizonte, MG – Brasil e-mail: cepcem.bhz@zaz.com.br Telefax: (31) 3213-0836

EM PACIENTES COM CARCINOMA diferenciado de tireóide (CDT), a dose de radioiodo administrada após a tireoidectomia depende do estadiamento da doença (1). Para isto, a varredura de corpo inteiro (VCI) com 131Iodo (131I) é recomendada (1); mas a possibilidade de stunning, a sensibilidade limitada, a eficácia de altas doses de radioiodo sem VCI (2,3) e a tentativa de redução de custo colocam em dúvida o valor deste exame. A VCI antes da terapia pode mudar a conduta, diagnosticando metástases abordáveis cirurgicamente ou requerentes de doses maiores de 131I e dispensando da radioiodoterapia aqueles com VCI limpa e Tg <5ng/ml (4).

Verificamos a utilidade da varredura pré-dose (com 185MBq de 131I e filmagem em 72h) em 134 pacientes (91 mulheres e 43 homens) com CDT (papilífero em 92 e folicular em 42) após a tireoidectomia total.

Em 56 pacientes de baixo risco (<45 anos, tumor <4cm, sem nodo, sem invasão local) o resultado da VCI alterou a conduta em 2 (3,5%): um com linfonodo cervical metastático foi reoperado e outro, com metástases pulmonares, teve a dose aumentada de 3,7 para 7,4GBq. Em 78 pacientes não baixo risco, a conduta foi mudada em 9 (11,5%): 3 submetidos à ressecção de linfonodos cervicais e em 6 incrementamos a dose de 3,7GBq ou 5,5GBq para 7,4GBq devido à metástases distantes: em 2, apesar da captação mediastinal, a dose de 5,5GBq não foi modificada. A tireoglobulina (Tg) sem tiroxina discriminou melhor os pacientes que se beneficiaram da VCI: 30% daqueles com Tg >15ng/ml tiveram alguma mudança no tratamento vs 3,6% com valores inferiores. Em pacientes de baixo risco, considerando a Tg >15ng/ml, 12% tiveram a terapia modificada vs 40% dos pacientes não baixo risco.

Nossos dados contrariam o uso rotineiro da VCI, pois raramente altera a conduta em pacientes não selecionados: mas o abandono deste exame também não nos parece adequado, já que uma parcela considerável (40%) dos pacientes não baixo risco e com Tg >15ng/ml tiveram a conduta modificada, com reoperação ou aumento da dose, sendo recomendada neste subgrupo. O stunning pode ser evitado com a administração da dose ablativa em poucos dias ou com dose traçadora de 74MGq (5). Apesar de tratarmos todos, um outro grupo também teria o tratamento modificado, neste caso não recebendo radioiodo: pacientes com Tg <5ng/ml e VCI limpa (4). Mas, apenas 10% dos pacientes com este nível de Tg tinha VCI negativa em nossa série.

Esperamos que outros colegas manifestem sua opinião sobre o assunto.

REFERÊNCIAS

1. Meier DA, Brill DR, Becker DV, Clarke SE, Silberstein EB, Royal HD, et al. Society at Nuclear Medicine Procedure guideline for therapy of thyroid disease with iodine-131. J Nucl Med 2002;43:856-61.

2. de Klerk JM, de Keizer B, Zelissen PM, Lips CM, Koppeschaar HP. Fixed dosage or 131I for remnant ablation in patients with differentiated thyroid carcinoma without pre-ablative diagnostic 131I scintigraphy. Nucl Med Commun 2000;21:529-32.

3. Arsian N, Ilgan S, Serdengecti M, Ozguven MA, Bayhan H, Okuyucu K, et al. Post-surgical ablation of thyroid remnants with high-dose (131) I in patients with differentiated thyroid carcinoma. Nucl Commun 2001;22:1021-27.

4. Pacini F, DeGroot LJ. Thyroid neoplasia. In: DeGroot LJ, Hennemann G, editors. Thyroid diseases manager. 2002. http:/www.thyroidmanager.org

5. Morris LF, Waxman AD, Brausntein GD. Thyroid stunning. Thyroid 2003;13:333-40.

  • Endereço para correspondência

    Pedro W.S. Rosário
    CEPCEM - Centro de Estudos e Pesquisa
    Clínica de Endocrinologia e Metabologia
    Av. Francisco Sales, no. 1111; Ala "D" - Santa Efigênia
    30150-221 Belo Horizonte, MG – Brasil
    e-mail:
    Telefax: (31) 3213-0836
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      08 Jul 2004
    • Data do Fascículo
      Abr 2004
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