Acessibilidade / Reportar erro

Análise retrospectiva do resultado do tratamento com iodo radioativo em 120 pacientes tirotóxicos por doença de Basedow-graves

Estudamos retrospectivamente 120 pacientes (96 F/ 24 M) portadores de tirotoxicose por doença de Basedow-Graves submetidos à terapia com iodo radioativo (131I), que receberam inicialmente, para compensação da moléstia, drogas anti-tiroidianas (DAT). A indicação terapêutica posterior de radioiodo deveu-se a uma das seguintes condições clínicas: recidiva após compensação com DAT, falta de compensação devida à baixa aderência às DAT, bócios maiores que 60g, idade avançada ou doença grave associada. As DAT foram suspensas uma semana antes da administração da dose de 131I, calculada pela fórmula: volume glandular (em g) X radiação efetiva (80 mCi/g de tecido) ¸ captação tiroideana de 24hs. Reavaliamos os pacientes por até 48 meses após a radioiodoterapia. As medianas iniciais de idade, bócio e captação tiroideana de 24hs dos 120 pacientes foram, respectivamente, 34 anos (17-69), 54,5g (20-210) e 73% (21-99). A evolução para hipotiroidismo foi gradual, com 15% dos pacientes a cada 6m até o 18º mês, seguidos de 2 a 5% dos pacientes a cada 6m até o 48º mês. O número de pacientes em tirotoxicose decresceu continuamente, representando 52,2% do total inicial após 6m, 25% após 18m e 6,7% após 48m. Ao final, 8 pacientes continuaram em tirotoxicose. O número de pacientes sem tirotoxicose após o tratamento com 131I, ou seja a soma daqueles em eutiroidismo com aqueles em hipotiroidismo com reposição com T4 (denominada por nós de "cura da tirotoxicose"), alcançou 46,8% dos pacientes em óm, 63,3% em 12m, 81,7% em 24m, 87,5% em 36m e 93,3% em 48m. O número de pacientes que apresentaram hipotiroidismo transitório, ou seja, elevação do TSH acima de 4,5 mU/L até 12m após a dose de 131I, com normalização posterior, foi 7,5%. Correlacionaram-se positivamente: a) valores iniciais de T3 e ausência de evolução para a cura da tirotoxicose (p=0,02); b) doses totais de 131I administradas, únicas ou múltiplas, em relação ao tempo de cura da tirotoxicose (p=0,01); c) dose de 131 l/volume glandular em relação ao tempo de cura da tirotoxicose (p=0,02). Os efeitos adversos incluíram exacerbação da tirotoxicose em 3 pacientes e dor na região cervical anterior em um, com reversão dos quadros em todos. Outras duas pacientes engravidaram após o dose terapêutica de 131I para a tirotoxicose e tiveram gestações sem intercorrência e recém-nascidos normais.

Tirotoxicose; Radioiodo; 131I; Doença de Graves; Seguimento


Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Rua Botucatu, 572 - conjunto 83, 04023-062 São Paulo, SP, Tel./Fax: (011) 5575-0311 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: abem-editoria@endocrino.org.br