Resumo
As mudanças climáticas globais e a rápida urbanização aumentam o risco de eventos climáticos extremos, tornando espaços urbanos focos de medidas de adaptação e mitigação. As desigualdades sociais inerentes a muitas cidades contribuem para acentuar fragilidades preexistentes, expondo a população a situações de risco ambiental e de saúde, por exemplo, como o estresse térmico. Em vista disso, o objetivo deste trabalho é verificar a vulnerabilidade ao estresse térmico no espaço aberto de um assentamento informal durante a ocorrência de onda de calor. Utilizou-se um índice multidimensional para avaliação da vulnerabilidade ao estresse térmico. Para tanto, realizou-se um levantamento de campo na favela de Paraisópolis, São Paulo, para coleta de dados meteorológicos e aplicação de questionários aos pedestres locais. Os resultados indicaram que o índice PET (temperatura fisiológica equivalente) subestimou a real avaliação dos pedestres em relação à sensação térmica. Considerando o índice multidimensional, aproximadamente um quarto da amostra encontra-se em alta ou muito alta situação de vulnerabilidade, sendo que os indicadores individuais que contribuíram para maior vulnerabilidade foram baixa escolaridade, idade avançada e presença de diabetes e/ou hipertensão. Dessa forma, há indicação de que populações residentes em favelas estão sujeitas ao estresse térmico e expostas a riscos à saúde.
Palavras-chave
Mudanças climáticas; Eventos climáticos extremos; Urbanização
Abstract
Global climate change and rapid urbanization increase the risk of extreme weather events and turn urban spaces into focal points for adaptation and mitigation measures. The social inequalities inherent in many cities exacerbate pre-existing vulnerabilities and expose the local population to environmental and health risk situations, for example, such as heat stress. Given this, the objective of this work is to assess the vulnerability to thermal stress in the open spaces of informal settlements during the occurrence of a heat wave. A multidimensional index was used to evaluate this vulnerability. To achieve this, a field survey was carried out in the Paraisópolis slum, São Paulo, to collect meteorological data and administer questionnaires to pedestrians. The results indicated that the PET (physiological equivalent temperature) index underestimated pedestrians’ actual thermal sensation. Considering the multidimensional index, approximately a quarter of the sample was found to be in a high or very high vulnerability situation, with the key individual factors contributing to the higher vulnerability being low education, advanced age, and the presence of diabetes and hypertension. Therefore, the findings suggest that populations residing in slums are susceptible to thermal stress and exposed to significant health risks.
Keywords
Climate change; Extreme weather events; Urbanization
Introdução
As mudanças climáticas globais e a rápida urbanização aumentam o risco de eventos climáticos extremos e desastres naturais nas cidades (IPCC, 2021), de modo que os espaços urbanos se tornaram foco de políticas de mitigação e adaptação (IPCC, 2022). As desigualdades sociais, inerentes a muitas regiões metropolitanas como São Paulo, tornam as cidades particularmente vulneráveis aos problemas de mudanças climáticas, sendo que fatores socioeconômicos, ambientais e geográficos convergem para acentuar as fragilidades preexistentes (Tarifa; Armani, 2001; Hardoy; Pandiella, 2009; Darela Filho et al., 2016; Di Giulio et al., 2017).
A diversidade das áreas urbanas propicia a formação de microclimas locais, que podem resultar em variações significativas de temperatura e ocasionar níveis distintos de exposição ao calor (Oke et al., 2017; GHHIN, 2020). Nesse sentido, o estresse térmico é entendido como a perturbação do mecanismo de termorregulação humana. No caso de estresse térmico por calor, o corpo produz mais calor do que dissipa e acarreta aumento da temperatura corporal e da frequência cardíaca (Cramer; Jay, 2016). Este desequilíbrio de energia interna no corpo humano pode resultar em desconforto, desmaios e até aumento do risco de morbidade e mortalidade (Di Napoli; Pappenberger; Cloke, 2019). No Brasil, a exposição a temperaturas extremamente altas tem sido associada ao aumento no risco de morte e hospitalização (Geirinhas et al., 2019; Libonati et al., 2022).
Os impactos do estresse térmico na saúde humana são, então, determinados não apenas por fatores climáticos, mas também por outras condições como local de residência e características pessoais, a saber, idade, gênero, peso corporal, condição física, doenças preexistentes, aclimatação, condições financeiras e condições de acesso a serviços de saúde (McGregor et al., 2015; WMO; WHO, 2022). A avaliação da vulnerabilidade a partir de um conjunto de indicadores permite a integração de dados quantitativos e qualitativos para compreender quais indivíduos são mais vulneráveis e de que maneira essa vulnerabilidade se manifesta. Assim, o conceito de vulnerabilidade é entendido como uma combinação entre exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa (IPCC, 2014), sendo, portanto, uma noção fluida e dinâmica, que não será comum a todos os cidadãos e/ou residências de uma cidade.
O componente de exposição refere-se à intensidade, duração e frequência de exposição ao calor (Rathi et al., 2021; WMO; WHO, 2022). A sensibilidade, por sua vez, diz respeito a quão bem um indivíduo consegue lidar com o aumento de calor ou até que ponto a exposição o afetará fisicamente (Mallen; Stone; Lanza, 2019). Por fim, a capacidade adaptativa consiste no potencial de mudar para um estado mais desejável frente aos impactos ou riscos às mudanças climáticas (Eakin; Lemos; Nelson, 2014), evidenciando o nível de preparação para antecipar ou responder a eventos de perigo (IPCC, 2014; Sharma; Ravindranath, 2019). Desse modo, percebe-se que um aumento na exposição e sensibilidade acarreta aumento na vulnerabilidade, enquanto o acréscimo na capacidade adaptativa promove redução da vulnerabilidade (Wilhelmi; Hayden, 2010).
Uma vez que é esperado o aumento da frequência e intensidade de riscos associados ao calor (Singh et al., 2019), é fundamental o mapeamento de perigo a estresse térmico para identificar e abordar questões de desigualdade social (GHHIN, 2020), assim como para aprimorar a tomada de decisões e apoiar iniciativas locais mais eficazes (WMO; WHO, 2022). No contexto da urbanização, os assentamentos informais caracterizam-se como espaços que carecem de serviços básicos e infraestrutura urbana. As habitações geralmente não se adequam a regulamentos de planejamento e construção e situam-se em áreas geografica e ambientalmente perigosas. Além disso, também há insegurança de posse em relação à terra e/ou moradias. Nesse sentido, as favelas se enquadram como a forma mais carente e precária de assentamentos informais. As populações residentes nesses espaços estão mais suscetíveis à exclusão social, espacial e econômica, com menor acesso aos benefícios e oportunidades disponíveis nas demais regiões urbanas (ONU, 2015a, 2015b).
Em vista disso, o estudo da percepção de desconforto ambiental em assentamentos informais permite uma análise mais abrangente da vulnerabilidade local. Ao investigar a resposta dos residentes ao microclima da comunidade, pode-se estabelecer uma melhor compreensão sobre como espaços que carecem de infraestrutura adequada, serviços básicos e planejamento urbano resiliente estão suscetíveis aos desafios climáticos iminentes (Sobral, 2005; Nobre et al., 2011). Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é verificar a vulnerabilidade ao estresse térmico nos espaços abertos de assentamentos informais durante a ocorrência de onda de calor.
Materiais e métodos
A fim de atingir os objetivos deste estudo, adotou-se o método empírico dedutivo, partindo do pressuposto de que o observado durante a coleta de dados ocorra em escala representativa da favela de Paraisópolis. A metodologia empregada consistiu na coleta de dados em campo por meio de medições meteorológicas e aplicação de questionários, além da obtenção de dados secundários. Em seguida, utilizaram-se essas informações no cálculo de um índice de conforto térmico e no emprego de um índice de vulnerabilidade ao estresse térmico. Essas etapas serão detalhadas nas seções subsequentes.
Índice de vulnerabilidade ao estresse térmico
Diversas pesquisas dedicam-se à agregação de indicadores para criação de índices multidimensionais que avaliam a vulnerabilidade ao calor de modo geral (Wolf; McGregor, 2013; Lapola et al., 2019; Maragno; Fontana; Musco, 2020; Rathi et al., 2021). A partir de uma metodologia que considera características da população e do ambiente (Aubrecht; Özceylan, 2013), utilizaram-se informações demográficas (indicador 1: idade, indicador 2: doenças), socioeconômicas (indicador 3: escolaridade, indicador 4: índice de desenvolvimento humano (IDH)), comportamentais (indicador 5: tempo gasto sob radiação solar direta diariamente), de conforto térmico (indicador 6: de temperatura fisiológica equivalente – PET, do termo em inglês “physiological equivalent temperature” e percepção individual de sensação e conforto) e do ambiente (indicador 7: cobertura vegetal) para composição do índice de vulnerabilidade ao estresse térmico.
Estes indicadores podem ainda ser classificados nas dimensões exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa (Quadro 1). É importante ressaltar que a metodologia de referência considera ainda outros indicadores de bases secundárias, isto é, dados já disponíveis em outras fontes, como no recenseamento demográfico. No âmbito desta pesquisa, entretanto, houve a predominância de dados primários, ou seja, aqueles coletados diretamente em campo. Todavia, visto que não há ponderação dos indicadores no cálculo do índice, o método pôde ser empregado em caráter exploratório e experimental. Além disso, originalmente, a metodologia é empregada em escala regional, visando comparar a vulnerabilidade de locais distintos, mas neste estudo aplicou-se um ensaio em escala local.
Tendo em vista as variáveis selecionadas, é fundamental compreender a contribuição de cada uma na vulnerabilidade ao estresse térmico. A idade é um fator importante de sensibilidade, uma vez que crianças e idosos são fisiologicamente mais suscetíveis aos riscos relacionados ao calor (McGregor et al., 2015; Singh et al., 2019; WMO; WHO, 2022). A presença de doenças, como diabetes e hipertensão, também faz com que os indivíduos sejam mais afetados pela exposição prolongada ao calor extremo (Patz et al., 2005; Guo et al., 2017; Dong et al., 2020; WMO; WHO, 2022).
Já o indicador de escolaridade aponta que pessoas com baixo nível educacional são propensas a maior vulnerabilidade ao estresse térmico no que diz respeito à compreensão dos riscos e alertas, bem como às relações do ambiente físico e a exposição ao calor (Harlan et al., 2006; Dong et al., 2020). A educação também está fortemente relacionada a outros fatores socioeconômicos, como o IDH. Este, por sua vez, indica a qualidade de vida das pessoas e o acesso a recursos materiais e informações. Desse modo, locais com menores valores tendem a apresentar realidades nas quais a exposição ao calor afetará significativamente os moradores, como condições habitacionais inadequadas, por exemplo (Patz et al., 2005; Guo et al., 2017; GHHIN, 2020).
Tendo em vista a dimensão exposição, o indicador de conforto térmico, composto pelo índice PET, calculado em função dos dados meteorológicos medidos durante o levantamento de campo, e a percepção individual, obtida por meio das respostas ao questionário. A média entre estes dois indicadores é uma forma de ponderar o índice objetivo e a percepção subjetiva. A variável comportamental de tempo gasto sob radiação solar direta contribui para vulnerabilidade, visto que quanto maior este tempo, maiores os riscos relacionados a queimaduras, insolação e desidratação (Sobral, 2005; Nobre et al., 2011). Por fim, a presença significativa de vegetação no espaço de estudo é um dos elementos capazes de contribuir para a redução dos efeitos do calor, principalmente devido ao sombreamento e ao maior fluxo de calor latente (Mills, 2007; Oke et al., 2017).
Após definição e seleção dos indicadores, normalizaram-se os dados para os valores obtidos ficarem entre 0 e 1 (Equação 1 para relação funcional positiva, e Equação 2 para relação funcional negativa). Algumas abordagens para atribuição de pesos aos indicadores podem incluir julgamento de especialistas (Özceylan; Coskun, 2012), técnicas estatísticas de multivariáveis, como análise de componentes principais (Cutter; Boruff; Shirley, 2003; Conlon et al., 2020) ou abordagens aditivas, por exemplo. Nesse sentido, consideraram-se pesos iguais para os indicadores, de modo que estes tenham igual importância no índice de vulnerabilidade, seguindo a abordagem aditiva (Bao; Li; Yu, 2015). Esta alternativa é comumente utilizada na composição de indicadores, visto que contribui para evitar subjetividade adicional no desenvolvimento do índice (UNEP, 2002; Vincent, 2004; Wilhelmi; Hayden, 2010).
Agregaram-se, por média simples, os valores dos indicadores, de modo que o índice de vulnerabilidade resultou num valor no intervalo entre 0 e 1, em que 1 representa máxima vulnerabilidade ao estresse térmico. Finalmente, dividiram-se os resultados do índice em cinco classes de vulnerabilidade (muito baixa, baixa, média, alta, muito alta) a partir do método de quebras naturais de Jenks (Jenks, 1967).
Em que:
di é o valor normalizado da variável;
Ai é o valor mensurado da variável;
Mi é o valor máximo da variável; e
mi é o valor mínimo da variável.
Levantamento de dados meteorológicos
Realizou-se a pesquisa com o método empírico dedutivo, a partir de um trabalho de campo executado no dia 22 de setembro de 2023, entre 09h00 e 16h00, em uma área de grande circulação de pessoas, para medição das seguintes variáveis meteorológicas: temperatura do ar, umidade relativa do ar, direção do vento, velocidade do vento e temperatura de globo cinza. A escolha do dia relaciona-se com a atuação de uma onda de calor em grande parte do Brasil, incluindo o município de São Paulo. Conforme esperado para esse tipo de sistema, registrou-se um dia com baixa cobertura de nuvens e elevada incidência de radiação solar direta.
Utilizou-se um termo higrômetro Hobo Pro v2 com precisão de 0,21 °C para temperatura do ar e de 2,5% para umidade relativa do ar, sendo ambos os sensores localizados no interior de um abrigo de coloração branca e programados para coleta dos dados a cada 5 minutos. Instalaram-se esses equipamentos a um metro do chão. Dadas as condições específicas da área de estudo, não foi possível proceder de modo exato conforme a norma da Agência Nacional de Águas (2016), devido a limitações dos equipamentos e à não existência de área com vegetação. Entretanto, as instalações e medições seguiram boas práticas, além das especificações possíveis. Ademais, mensurou-se, a cada hora, a velocidade do vento com um anemômetro de hélice e a direção do vento com o auxílio de uma bússola.
A partir dos dados de temperatura de globo cinza, calculou-se a temperatura radiante média (TRM) (Aparicio et al., 2016) (Equação 3).
Em que:
Tg é a temperatura de globo;
é a emissividade do termômetro de globo;
Ta é a temperatura do ar; e
D é o diâmetro do globo.
Em seguida, considerando a temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do vento e temperatura radiante média, aplicou-se o índice de temperatura fisiológica equivalente (PET) para avaliação do conforto térmico no espaço aberto. Para cálculo deste índice, que tem como base o balanço energético do ser humano, utilizou-se o software RayMan, considerando os seguintes parâmetros: sexo masculino, metabolismo 100 W, altura 1,65 m, peso 70 kg, resistência térmica da roupa 0,5 clo. Justifica-se o uso de tais parâmetros a partir dos dados preponderantes da amostra analisada. Além disso, o valor para o metabolismo representa a condição de atividade aeróbica leve, como a caminhada, situação em que a maioria das pessoas que responderam ao questionário encontrava-se (Pereira; Souza Junior, 2010).
Aplicação de questionários
Realizou-se uma pesquisa por meio de questionários com os pedestres do local de levantamento. Aplicou-se a entrevista entre 09h00 e 16h00 a partir de abordagens às pessoas que transitavam no local e que concordaram em responder às perguntas propostas. Com essa etapa, coletaram-se informações para caracterização dos residentes da favela de Paraisópolis, bem como para avaliar a percepção dos pedestres quanto à sensação térmica e conforto térmico do local. Além disso, adquiriram-se também dados necessários para o desenvolvimento do índice de vulnerabilidade. Nesse sentido, elaborou-se um questionário com 13 perguntas (Figura 1), orientado pela norma ISO 10551 (ISO, 2019) e submetido na Plataforma Brasil (Parecer número 7.474.894).
Caracterização da área de estudo
Realizou-se o estudo em Paraisópolis (Figuras 2 e 3), a maior favela do município de São Paulo. A comunidade localiza-se no bairro nobre Morumbi, no distrito de Vila Andrade, evidenciando um cenário de intensa desigualdade social e segregação espacial. A população da favela é de aproximadamente 58 mil habitantes, sendo estes formados por maioria preta e parda e com aproximadamente 40% de pessoas pertencentes à classe D/E (Instituto Favela Diz, 2022; IBGE, 2022).
O espaço é caracterizado por um aglomerado de habitações em situação precária de construção, que, em geral, são de alvenaria, sem revestimento, sem isolamento térmico, mal ventiladas e com uma parcela de edificações localizada ainda em área de risco de alagamento. A topografia da região é irregular e o sistema viário interno é configurado por vielas estreitas, escadarias, becos sem saídas e com poucas vias adequadas ao tráfego de automóveis. Essa configuração urbana contribui para acentuar as fragilidades já existentes e expor a comunidade a riscos e vulnerabilidades de diversas ordens (Silva; Ribeiro, 2006; Katz, 2008; Alessi, 2009; Castilho, 2013; Pizarro, 2014; Maziviero; Silva, 2018).
Análise dos resultados
Caracterização da amostra
A partir da aplicação do questionário aos transeuntes do local de levantamento, coletou-se a entrevista de 62 pessoas. Nesse ponto, é importante destacar que esta amostra é pequena em relação à população da favela de Paraisópolis. Este total de entrevistas decorre de limitações de tempo, equipamento e pessoal para a realização da pesquisa. Todavia, ressalta-se que, apesar dos limites de representatividade, o estudo pôde prosseguir e ser empregado em caráter exploratório e experimental.
Observou-se distribuição bastante próxima da amostra em relação aos sexos feminino e masculino. Constatou-se que a maioria dos entrevistados é jovem, com idade entre 20 e 29 anos, sendo a menor idade registrada 15 anos e a maior 78 anos. Nesse sentido, notou-se a presença de 13% de idosos (acima de 60 anos) na amostra e a ausência do grupo de risco de crianças. Tendo em vista a altura dos entrevistados, verificou-se a concentração entre 1,55 m e 1,74 m, sendo a média de 1,65 m (±0,09 m). Já no peso da amostra, identificaram-se distribuições similares nas faixas de 55 a 64 kg, 65 a 74 kg e 75 a 84 kg, sendo que estes intervalos compreendem 78% do total das pessoas (Figura 4). Devido ao dia de elevadas temperaturas e alta incidência de radiação solar, característico de um cenário de onda de calor, a vestimenta predominante das pessoas entrevistadas foi de 0,5 clo.
Considerando a escolaridade da amostra, observou-se que a maioria possui ensino médio completo, seguido por ensino fundamental completo. Nesta variável, é importante destacar que cerca de 6% dos entrevistados são analfabetos. Em relação à ocorrência das doenças diabete e hipertensão, verificou-se que estas atingem aproximadamente um quarto das pessoas. Já no que diz respeito ao tempo gasto diariamente sob luz solar direta, grande parte das pessoas passa menos de 30 minutos ou entre 1 e 2 horas, enquanto 10% da amostra expõe-se por aproximadamente 8 horas. Além disso, a maioria dos entrevistados é residente de Paraisópolis há pelo menos 10 anos, sendo que 88% dos transeuntes estão na comunidade pelo tempo mínimo de 2 anos (Figura 5), caracterizando uma amostra bastante aclimatada ao local.
Caracterização da amostra em relação à escolaridade, presença de doenças, tempo gasto sob luz solar direta diariamente e tempo de residência na favela de Paraisópolis
Meteorologia e conforto térmico
A partir do levantamento realizado entre 09h00 e 16h00 do dia 22 de setembro de 2023, verificou-se variação da temperatura do ar entre 22,7 °C, valor obtido no início das medições, e 32,6 °C, valor registrado às 14h25min. A temperatura média do período foi de 31,2 °C (±2,1 °C), com relativa estabilidade ao entorno de 32,0 °C entre 12h00 e 16h00. Para a umidade relativa do ar, notou-se valor máximo de 72%, às 09h00, e valor mínimo de 34%, às 11h40min. A umidade relativa média do intervalo foi de 41% (±7%). Em relação à temperatura radiante média, registrou-se o menor valor no início do levantamento, 26,5 °C, e o maior valor às 11h25min, 52,2 °C (Figura 6).
Curvas de temperatura do ar, temperatura radiante média, temperatura fisiológica equivalente e umidade relativa do ar
Considerando a calibração para o município de São Paulo das faixas de temperatura do índice PET, tem-se o intervalo de 18,0 °C a 26,0 °C, correspondendo à neutralidade, de 26,0 °C a 34,0 °C a pouco calor, de 34,0 °C a 43,0 °C a calor e acima de 43 °C a muito calor (Monteiro, 2018). Tendo em vista os resultados obtidos para o PET no período do levantamento, verificaram-se 2% das ocorrências classificadas como neutralidade, 41% como pouco calor e 57% como calor (Figura 6). Nesse sentido, registrou-se o maior valor às 11h25min, 41,4 °C, e o menor valor às 09h00, 20,2 °C, em concordância ao comportamento da TRM. É importante salientar que, durante o período da manhã, o termômetro de globo cinza ficou exposto à radiação solar direta. Esse fato contribui para explicar os valores elevados de TRM e, consequentemente, do PET durante esse período.
Além dos dados medidos e calculados, tem-se também a avaliação dos pedestres entrevistados quanto à sensação térmica e ao conforto térmico (Figura 6). Nesse sentido, observou-se a distribuição das respostas relativas a calor, muito calor, desconfortável e muito desconfortável ao longo de todo o período de estudo. Notaram-se ainda respostas para sensação térmica de neutralidade concentradas no início da manhã e respostas pontuais para pouco calor no final da manhã.
Comparando os resultados dos questionários e dos dados calculados de PET (Figura 7), verificou-se que, enquanto nenhum valor de PET se enquadra na faixa de muito calor, a maioria dos entrevistados (66%), na verdade, classificou a sensação térmica como muito calor. Essas respostas foram registradas, sobretudo, entre 13h00 e 15h00. Apenas 37% da amostra residente em Paraisópolis caracterizou essa situação como muito desconfortável e 29% como desconfortável. Além disso, em relação à tolerância às condições do tempo, 18% dos entrevistados consideraram o ambiente intolerável. Já para a preferência, 61% da amostra gostaria que o tempo estivesse um pouco mais frio, apesar da sensação de muito calor.
Frequência das respostas dos pedestres para sensação térmica, conforto térmico, tolerância e preferência, além da temperatura fisiológica equivalente segundo classificação de Monteiro (2018)
Índice de vulnerabilidade ao estresse térmico
A partir do método de quebras naturais de Jenks, que determina os valores que melhor dividem os dados em grupos homogêneos, agregaram-se os resultados do índice de vulnerabilidade para verificação da vulnerabilidade ao estresse térmico em Paraisópolis em 5 classes. Nesse sentido, constatou-se predominância de pessoas em vulnerabilidade muito baixa e baixa (Figura 8). Entretanto, notou-se que aproximadamente um quarto da amostra encontra-se em situação de vulnerabilidade alta ou muito alta. Para estas pessoas, observou-se que os indicadores que contribuíram para maior vulnerabilidade foram baixa escolaridade, idade elevada e presença de diabetes e/ou hipertensão. A média do índice para a amostra é de 0,44 (±0,11), sendo o menor valor 0,30 e o maior 0,74.
Discussão
Durante o dia da coleta de dados, 22 de setembro de 2023, grande parte do Brasil, incluindo o município de São Paulo, estava sob o efeito de uma onda de calor (INMET, 2023a). Este evento extremo ocorre predominantemente nas estações de primavera e verão e tem se tornado mais duradouro e intenso nos últimos anos (Bitencourt et al., 2016). Nesse contexto, tendências positivas no número de ondas de calor em cidades brasileiras, como São Paulo, por exemplo, foram associadas ao efeito da urbanização (Geirinhas et al., 2017).
Somado a este cenário, o mês de setembro na capital paulista foi o setembro mais quente considerando toda a série histórica da estação convencional de referência climatológica (INMET, 2023b). Como consequência desse aquecimento urbano, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) registrou, nos primeiros sete meses de 2023, um aumento de 102% nos atendimentos relacionados à exposição ao calor com relação ao mesmo período em 2022. Os grupos mais afetados compreendem pessoas com mais de 60 anos, crianças com menos de 4 anos e indivíduos com deficiências cognitivas (SP, 2023).
Tendo em vista as medições realizadas na favela de Paraisópolis, as elevadas temperaturas registradas são coerentes a este cenário generalizado de aumento do calor, representando risco à saúde da população. Nesse sentido, a partir da comparação entre os resultados obtidos para o PET e as respostas dos pedestres para a sensação térmica, constatou-se que os transeuntes apresentaram uma percepção de maior calor do que o índice conseguiu demonstrar. Este fato é observado também em pesquisas semelhantes, em que índices tendem a subestimar a real percepção das pessoas e não demonstrar uma alta taxa de acerto em relação à avaliação da população (Gobo, 2017). Possíveis medidas mitigadoras de estresse térmico em favelas geralmente estão relacionadas aos materiais de construção das residências, especialmente telhados (Nutkiewicz et al., 2022).
Além disso, apesar de aproximadamente dois terços dos entrevistados avaliarem a sensação térmica como de muito calor, apenas cerca de um terço classificou essa sensação como muito desconfortável. Estes resultados evidenciam que as condições para o conforto térmico dependem de uma série de fatores além do clima local, como adaptação cultural e expectativas pessoais, por exemplo (Cramer; Jay, 2016). Dessa forma, ressalta-se a complexidade de estudos de conforto térmico em ambientes externos, visto que essa análise engloba diversos aspectos subjetivos.
Em relação à análise de vulnerabilidade ao estresse térmico, os resultados apontam para que Paraisópolis, já caracterizado como um espaço frágil em termos socioeconômicos, também se encontra suscetível aos impactos decorrentes de alterações climáticas. Os indicadores considerados ressaltam que componentes individuais como baixa escolaridade, idade avançada e presença de certas doenças contribuem para expor os indivíduos a maior vulnerabilidade ao estresse térmico. Além disso, indicadores comuns a toda a amostra acentuam esse cenário de vulnerabilidade, como as condições meteorológicas do levantamento de campo, a ausência de vegetação na comunidade (Shinzato; Duarte, 2018) e o valor médio de IDH (Atlas Brasil, 2023).
No contexto do índice de vulnerabilidade utilizado, é importante ainda ressaltar que a investigação de outros indicadores é relevante para a melhor compreensão da realidade local. A análise de mais doenças preexistentes, principalmente cardiovasculares, respiratórias e psiquiátricas, permite rastrear indivíduos mais suscetíveis a riscos relacionados ao calor, visto que se constatou este indicador como contribuinte para maior vulnerabilidade. A inclusão de mais características do espaço urbano no exame da comunidade também é fundamental para ampliar a pesquisa. As construções precárias, por exemplo, com materiais e técnicas que dificultam o isolamento térmico, resultam em menor inércia térmica e tornam os residentes expostos a maiores variações de temperatura e a condições climáticas extremas. A resiliência do ambiente construído a partir do planejamento urbano é um ponto fundamental no combate à vulnerabilidade das grandes cidades (Bortoli; Vila, 2020; Carvalho et al., 2020).
Ademais, é válido enfatizar a existência de diversas metodologias para análise de vulnerabilidade ao calor de modo geral na literatura. Esta pluralidade permite a aplicação dos métodos em diversos cenários, considerando as especificidades locais e a possibilidade de acesso e/ou levantamento dos dados demandados. Entretanto, a variedade de metodologias dificulta a comparação dos resultados entre pesquisas distintas. Diante disso, percebe-se a necessidade de utilização do mesmo índice de vulnerabilidade em locais com características diferentes, a fim de permitir comparações e análises em escalas regionais.
Conclusão
Este estudo destaca a urgência de abordar a vulnerabilidade ao estresse térmico nos espaços urbanos. A diversidade das cidades resulta em microclimas locais que precisam ser investigados com atenção a todas as suas especificidades. As desigualdades sociais deste cenário precisam ser consideradas no contexto das mudanças climáticas globais, uma vez que eventos climáticos extremos tendem a acentuar as fragilidades preexistentes em assentamentos informais, como a favela de Paraisópolis.
Evidenciou-se a importância de considerar a percepção das pessoas na análise de conforto térmico, uma vez que o PET subestimou a real avaliação dos pedestres acerca do dia de análise. Todavia, como cada índice possui limitações, recomenda-se, em pesquisas futuras, a comparação do PET com outros índices para ambiente externo, como o UTCI (“universal thermal climate index”). Além disso, a partir da metodologia empregada, constatou-se que um quarto da amostra se encontra em alta ou muito alta vulnerabilidade ao estresse térmico, sendo os principais indicadores individuais agravantes a idade avançada, baixa escolaridade e presença de diabetes e/ou hipertensão.
Nesse sentido, aponta-se a amostra reduzida obtida durante o levantamento de campo como uma limitação da pesquisa, sendo necessários estudos futuros com amostras mais abrangentes. Além disso, como não se investigou o tempo que os pedestres estavam no ambiente externo no momento da entrevista, levanta-se a hipótese da influência desse período de exposição na tolerância às condições meteorológicas. Assim, é importante a inclusão de outras perguntas no questionário, que permitam aprofundar a compreensão da relação entre sensação térmica, percepção de conforto térmico e expectativa. Ademais, também recomenda-se a adoção de condições similares durante todo o período de levantamento de campo, evitando situações de sombreamento, por exemplo, a fim de minimizar a influência das variações diurnas nas medições.
Em linhas gerais, o estudo contribui para a ampliação do conhecimento acerca da favela de Paraisópolis e consequentemente contribui para amparar o desenvolvimento de medidas de mitigação e adaptação mais eficazes. Considera-se que os resultados obtidos são uma indicação de que a população residente em comunidades está sujeita ao estresse térmico e exposta a riscos à saúde. Todavia, é necessária a condução de mais pesquisas para obtenção de evidências desta realidade e dos efeitos das alterações climáticas à saúde humana.
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Editado por
-
Editor:
Enedir Ghisi
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
16 Jun 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
-
Recebido
04 Out 2024 -
Aceito
21 Dez 2024











Fonte:

Nota: faixas de temperatura fisiológica equivalente segundo classificação de 
