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Estudo das podridões dos toletes de cana-de-açúcar

Professor Assistente da 11.a Cadeira - Fitopatologia e Microbiologia Agrícola da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", USP

No presente trabalho o Autor estudou as podridões dos toletes de cana-de-açúcar, um dos problemas fitopatológicos de interêsse para a lavoura canavieira.

Os trabalhos experimentais realizados para o exame do problema foram agrupados em quatro classes, que correspondem à sequência dos trabalhos realizados: levantamento da incidência de microrganismos do solo sobre os toletes de cana-de-açúcar, testes de patogenicidade, etiologia da podridão abacaxi e contrôle de Ceratocystis paradoxa, e outros fungos patogênicos do solo.

O levantamento da incidência de microrganismos do solo sôbre os toletes de cana-de-açúcar abrangeu a região canavieira de Piracicaba, tendo sido incluídas também, algumas amostras procedentes de outras zonas canavieiras.

Com os isolamentos obtidos no levantamento anterior, o Autor executou testes de patogenicidade, para a determinação da interferência daquêles isolamentos no processo germinativo dos toletes de cana-de-açúcar. Nestes testes, o Autor verificou que Ceratocystis paradoxa (De Seynes) Moreau foi o isolamento mais patogênico; realizou então, um estudo da etiologia da podridão abacaxi causada por aquêle microrganismo, o qual abrangeu: estudos das variações culturais, influência da temperatura, do pH e de nitrogênio, fósforo e potássio sobre C. paradoxa.

Com relação ao contrôle de C. paradoxa e outros fungos patogênicos do solo, o Autor instalou experimentos de campo e casa de vegetação, com o emprêgo de fungicidas organo-mercuriais.

Dos resultados obtidos no presente trabalho, o Autor extraiu as seguintes conclusões:

1) Ceratocystis paradoxa, Trichoderma sp., Fusarium spp., Mellanconium sacchari, Rhizopus nigricans, Pythium arrhenomanes e Pythium spp. são isolados frequentemente, associados aos toletes não germinados. Além dêstes, são isolados ocasionalmente os seguintes: Lacellinopsis sacchari, Leptodiscus sp., Penicillium sp., Rhizoctonia sp., Mucor sp., Zygorhincus sp., Allomyces sp., Achlya sp,, Dycthiucus sp., Thraustotheca sp. e mais 10 isolamentos não classificados.

2) Ceratocystis paradoxa destaca-se entre todos os fungos isolados, sendo o patógeno mais forte sôbre os toletes, impedindo a sua germinação.

3) Fusarium spp. (culturas 7a, e 39a e 44), Mellanconium sacchari e Pythium arrhenomanes retardam ou impedem parcialmente a germinação demonstrando fraca patogenicidade sobre os toletes de cana-de-açúcar.

4) Fusarium spp (culturas 6a, 30 e 44), Penicillium sp., Trichoderma sp., Rhizopus nigricans, Mucor sp., Lacellinopsis sacchari e isolamentos não identificados n.°s 8, 13, 29, 31 e 67,a desenvolveram-se no parênquima celular dos toletes, sem, no entanto, afetarem o processo germinativo.

5) Outros fungos, ou seja, Pythium sp., Leptodiscus sp., Dycthiucus sp., Zygorhincus sp., Allomyces sp., Achlya sp., Thraustotheca sp. e isolamentos não identificados n°s. 2a, 12, 13, 23a, e 46a, não se desenvolvem nos tecidos sadios dos toletes.

6) Culturas monospóricas obtidas a partir de uma única cultura, também monosfórica, podem apresentar variações culturais morfológicas e fisiológicas, sem diferirem na sua patogenicidade.

7) Entre os vários isolamentos de C. paradoxa existem diferenças no comportamento com relação à temperatura, cujo ótimo está entre 25 e 30°C e a mínima e máxima em tôrno de 10 e 35°C, respectivamente.

8) Ceratocystis paradoxa cresce entre os limites de pH de 2,2 a 9,0. Apresenta bom desenvolvimento entre 3,0 e 7,0. O ótimo encontra-se entre 4,0 e 6,0, normalmente entre 5,0 e 6,0, variando com a cultura examinada.

9) O nitrogênio, fósforo e potássio, aplicados no solo, isolada ou simultaneamente, não influem na incidência da podridão abacaxi dos toletes de cana-de-açúcar.

10) O tratamento dos toletes com fungicidas mercuriais orgânicos proporciona um aumento na brotação dos toletes.

11) Em solos contaminados com Ceratocystis paradoxa, o tratamento dos toletes promove um aumento na produção final de canas, fruto em parte, do melhor "stand" de germinação.

12) Em solos contaminados com Ceratocystis paradoxa, o tratamento dos toletes com fungicidas mercuriais orgânicos parece proporcionar um aumento no pèso unitário das canas.

13) Os aumentos verificados na brotação, pêso total e pêso unitário das canas, são frutos do contrôle de C. paradoxo, e outros fungos patogênicos do solo.

14) Os fungicidas mercuriais orgânicos não apresentam ação estimulante sôbre os toletes de cana-de-açúcar.

15) Os fungicidas à base de cloreto etoxi-etil-mercúrio são os mais eficientes entre os fungicidas mercuriais orgânicos utilizados nos experimentos.

16) Os resultados experimentais indicam a viabilidade da hipótese de que da ação metabólica de C. paradoxa resultam toxinas que afetem a germinação e desenvolvimento das canas.

Resumo da tese de doutoramento apresentada à Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo.

  • Estudo das podridões dos toletes de cana-de-açúcar

    Paulo de Campos Torres de Carvalho
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      27 Jun 2012
    • Data do Fascículo
      1964
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