Prof. Cat. de Botânica Geral e Descritiva da E. S. A. "Luiz de Queiroz", da Universidade de S. Paulo
NOTA PRELIMINAR
Após concluir o estudo sÔbre a ocorrência de um órgão cupuliforme, com pêlos absorventes nos bordos e situado no colo dos "seedlings" de numerosas espécies de Eucalyptus, julguei de interesse investigar, com o mesmo objetivo, os gêneros brasileiros de Myrtaceae e aquêles que compõem as famílias da ordem Myrtiflorae.
Preliminarmente, coletei sementes de grande número de gêneros de Myrtaceae, Isto pôsto, coloquei-as em condições de germinar, tal como procedi para com as sementes das espécies de Eucalyptus. Foi durante a germinação das sementes de goiaba (variedades de polpa branca e vermelha) que notei o desprendimento de um opérculo, à semelhança do que se passa com os frutos pixídios e com as cápsulas dos musgos, no momento da deiscência.
Pelo que me foi dado comprovar, a deiscência opera-se no ato da germinação (Fig. 1), devido à pressão que a ponta da radícula exerce, ao crescer, contra a face interna e ligeiramente aconcheada do opérculo. Êste, à guiza de rolha de garrafa que cede ante a pressão interna do gás, vai se soltando.
Comumente o opérculo permanece quer aderente à radícula, quer nos bordos do canal, onde se encontrava encaixado.
Os "seedlings'* de Psidium Guayava L. exibem, por seu turno, o órgão cupuliforme, embora menos pronunciado que os revelados pelas espécies de Eucalyptus.
Em face da existência de um opérculo nas sementes de Psidium Guayava, órgão provavelmente não assinalado ainda para a Botânica, elaborei a presente nota preliminar. Entrementes, continuo com as observações em andamento, pois tenciono verificar se as espécies e gêneros de Myrtaceae, bem como as famílias que integram a ordem Myrtiflorae, possuem, também, o opérculo, cuja origem e estrutura pretendo estudar.
Sementes com opérculo
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
01 Nov 2012 -
Data do Fascículo
1953