Acessibilidade / Reportar erro

Caso de um mosquito intensamente parasitado por larvas de ácaros aquáticos

A case of mosquito heavily parasitized by water Mite larvae

Resumo

One female of Culex fatigans Wied., 1828, was collected in a light trap at CENA-ESA«LQ»-USP, Piracicaba, at about 500 meters off the Piracicaba River banks. This mosquito exhibited 15 partially engorged pionid larvae of water mites (Prostigmata, Hydrachnellae) of the genus Arrenurus, attached to the articular membranes of the abdominal segments; no mites were found on the thorax or coxae. The larva is drawn, dorsad and ventrad. Since species cannot be identified from larvae, no specific name is given.


Carlos H. W. Flechtmann

Deptº Zoologia, ESA «LQ», USP, 13400 Piracicaba, S. P., Brasil

SUMMARY

One female of Culex fatigans Wied., 1828, was collected in a light trap at CENA-ESA«LQ»-USP, Piracicaba, at about 500 meters off the Piracicaba River banks. This mosquito exhibited 15 partially engorged pionid larvae of water mites (Prostigmata, Hydrachnellae) of the genus Arrenurus, attached to the articular membranes of the abdominal segments; no mites were found on the thorax or coxae. The larva is drawn, dorsad and ventrad. Since species cannot be identified from larvae, no specific name is given.

Muitos ácaros se constituem em ecto e endoparasitos de insetos; mosquitos (culicídios) são parasitados principalmente por larvas de ácaros aquáticos (Acari: Prostigmata, Hydrachnellae) e o seu estudo tem sugerido algumas linhas de pesquisa. Assim, UCHIDA & MIYAZAKI (1935) sugeriram tratar-se de agentes potenciais de controle natural. MITCHELL (1962) e CORBET (1970) sugeriram que esses ácaros poderiam ser utilizados como marcadores de estudos de dispersão de mosquitos e como indicadores da idade dos mosquitos. MAURI & HEPPER (1967) observaram esses ácaros parasitando culicídeos pela primeira vez na Argentina.

MATERIAL

O mosquito fêmea examinado (Culex fatigans Wied., 1829) foi coletado em uma armadilha luminosa localizada no CENA-ESA«LQ» - USP, em Piracicaba, a cerca de 500 metros das margens do Rio Piracicaba.

OBSERVAÇÕES

Como octoparasitos de culicídeos ocorrem dois tipos de larvas de ácaros, segundo JALIL & MITCHELL (1972), e que podem ser distinguidas pelo seu aspecto geral.

Nas larvas do tipo tiasídeo o tegumento é delicado e estriado; as cer-das dorsais são longas e delicadas, conferindo um aspecto aveludado ao animal; as coxas são pequenas e separadas. No tipo pionídeo o tegumento é rígido e firme; as cerdas dorsais são curtas; dorsalmente apresentam um desenvolvido escudo; as coxas são grandes, contíguas.

A maioria das larvas pionídeas de ácaros aquáticos parasitando mosquitos pertencem a espécies do gênero Arrenurus, segundo MUNCHBERG (1954).

O mosquito coletado apresentava, preso às membranas articulares dos segmentos abdominais (figura 1), 15 larvas parcialmente engurgitadas de ácaros aquáticos do gênero Arrenurus (figuras 2,3). Na larva não ingur-gitada o escudo dorsal cobre quase todo o dorso do animal; apresenta tipicamente dois pares de cerdas na sua extensão anterior, além de outros três pares de cerdas. Os olhos situam-se em dois escudos laterais à extensão anterior do escudo dorsal, e que também levam, cada um, um órgão pseudoestigmático. Antes do ingurgitamento, a face ventral é quase totalmente tomada pelas coxas; à medida que a larva ingurgita, as coxas se separam ao longo de sua linha mediana, mas, as 3 coxas de cada lado permanecem contíguas.

Como não é possível proceder-se à identifcação específica somente pelas larvas, é aconselhável a sua criação até a obtenção dos adultos.

DESENVOLVIMENTO

As larvas desses ácaros aquáticos fixam-se durante a emergência do mosquito adulto do estojo pupal; assim, iniciam a sua vida parasitária quando os mosquitos adultos emergem e, após o ingurgitamento, devem retornar à água.

Como os mosquitos machos raramente retornam à água e as fêmeas precisam a ela retornar para a postura, esses ácaros são encontrados sobretudo parasitando mosquitos fêmeas, o que deve ser uma adaptação para o retorno ao ambiente aquático. Segundo CORBET (1963) larvas de ácaros de certas espécies abandonam o hospedeiro na primeira vez em que este retorna à água para oviposição, assim identificando fêmeas nulíparas.

LITERATURA CITADA

Entregue para publicação em 13/12/1974.

  • CORBET, P. S., 1963 - Reliability of parasitic water mites (Hydracarina) as indicators of physiological age in mosquitos (Diptera: Culicidae). Entomol. Exp. Appl. 6: 215-233.
  • CORBET, P. S. 1970 - The use of parasitic water mites for age-grading female mosquitoes. Mosquito News 30: 436-438.
  • JALIL, M. & R. MITCHELL, 1972 - Parasitism of mosquitoes by water mites. J. med. Entomol. 9(4): 305-311.
  • MAURI, R. & H. C. HEPPER, 1967 - Ácaros (Hydrachnellae) associados a culídeos. Rev. Soc. Entomol. Argentina 29(1,4): 9-10.
  • MITCHELL, R., 1962 - Storm-induced dispersal in the damselfly Ischnura verticals (Say). Amer. Midi. Natur. 68:199-202.
  • MUNCHBERG, P., 1954 - Zur Kenntnis der an Culiciden (Diptera) schmarotzenden Arrenurus-Larven (Hydracarina), sowie ueber die Bedeutung dieser Parasiten fuer Wirt und Mensch. Zeitschr. Parasitenkunde 16: 298-312.
  • UCHIDA, T. & I. MIYAZAKI, 1935 - Life-history of a water-mite parasitic on Anopheles. Proc. Imper. Acad. Japan, 11: 73-76.
  • Caso de um mosquito intensamente parasitado por larvas de ácaros aquáticos

    A case of mosquito heavily parasitized by water Mite larvae
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      29 Maio 2012
    • Data do Fascículo
      1974
    Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Av.Páduas Dias, 11, C.P 9 / Piracicaba - São Paulo, Brasil, tel. (019)3429-4486, (019)3429-4401 - Piracicaba - SP - Brazil
    E-mail: scientia@esalq.usp.br