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Estudo de bacteriemia relacionada à ligadura elástica versus injeção de cianocrilato para varizes esofágicas em pacientes com doença hepática avançada

CONTEXTO: A ligadura elástica é considerada o melhor tratamento endoscópico para o sangramento agudo por varizes esofágicas ou para profilaxia do sangramento varicoso, sendo a escleroterapia com N-2-butil-cianoacrilato uma alternativa para os pacientes com doença hepática avançada e distúrbio de coagulação. Bacteriemia é uma complicação rara associada à ligadura elástica, por outro lado, a incidência de bacteriemia relacionada com o uso de N-2-butil-cianoacrilato permanece desconhecida. OBJETIVOS: Avaliar e comparar a incidência de bacteriemia transitória entre os pacientes cirróticos submetidos a endoscopia digestiva alta diagnóstica, escleroterapia com N-2-butil-cianoacrilato ou ligadura elástica para tratamento das varizes esofágicas. MÉTODOS: Estudo prospectivo realizado entre 2004 e 2007 foi conduzido no Hospital da Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP, Brasil. Cirróticos com doença hepática avançada (Child B ou C) foram incluídos. Os pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com o tratamento: grupo ligadura elástica (pacientes submetidos a ligadura elástica, n = 20) e grupo N-2-butil-cianoacrilato (pacientes submetidos a injeção de N-2-butil-cianoacrilato, n = 18). Cirróticos sem varizes esofágicas ou com varizes esofágicas sem indicação de tratamento endoscópico foram recrutados como controles (grupo endoscopia diagnóstica, n = 20). Bacteriemia foi avaliada por hemocultura basal e 30 minutos após o procedimento. RESULTADOS: Dos 137 procedimentos endoscópicos realizados, nenhum dos 58 pacientes apresentou febre ou qualquer sinal sugestivo de infecção. Todas as hemoculturas de base foram negativas. Nenhuma cultura positiva foi observada após o uso de N-2-butil-cianoacrilato ou no grupo controle. Três (4,6%) culturas positivas foram encontradas após as 65 sessões de ligadura elástica (P = 0,187). Duas dessas foram positivas para Staphylococcus coagulase-negativo, provavelmente relacionadas à contaminação. O microorganismo isolado no terceiro caso foi Klebsiella oxytoca. Nesse caso, o paciente apresentava a própria doença hepática como única situação relacionada à imunodeficiência. CONCLUSÕES: Não houve diferença significante na incidência de bacteriemia entre os três grupos de pacientes. Ligadura elástica ou injeção de N-2-butil-cianoacrilato para profilaxia do sangramento varicoso podem ser considerados procedimentos de baixo risco quanto ao surgimento de bacteriemia, mesmo em pacientes com doença hepática avançada.

Bacteriemia; Ligadura; Escleroterapia; Cianoacrilatos; Varizes esofágicas e gástricas; Hepatopatias


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