Contexto
Para a obstrução gástrica/duodenal por câncer, o tratamento paliativo de referência é a colocação de prótese expansível. Quando tal não é possível, o doente pode ser paliado usando uma gastrojejunostomia (PEG-J), mas a deslocação do tubo jejunal é frequente, devido a manipulação para alimentação e drenagem. A obstrução pode resultar em refluxo gastroesofágico e perda de líquido extra-tubo com lesão cutânea. Para evitar estas complicações é possível colocar uma segunda gastrostomia (PEG) dedicada à drenagem gástrica.
Objetivo
O nosso objetivo foi avaliar a utilidade de uma segunda gastrostomia em doentes com câncer no estômago ou duodeno alimentados por PEG-J respeitante a: 1. Controlo do refluxo gastroesofágico e perda de líquido gástrico extra-tubo; 2. Prevenir a deslocação do tubo jejunal.
Métodos
Avaliamos retrospetivamente doentes submetidos a PEG-J por impossibilidade de colocação de prótese para paliação de obstrução gástrica por câncer no estômago ou duodeno. Selecionamos os quatro que necessitaram de uma segunda PEG para drenagem gástrica, efetuada a alguns centímetros da PEG-J. Para maior conforto a PEG de drenagem pode ser ligada a um saco de jejunostomia.
Resultados
Os quatro doentes oncológicos alimentados por PEG-J com maior sobrevida necessitaram de uma segunda PEG. Após a PEG de drenagem, os sintomas melhoraram ou desapareceram e, não houve qualquer deslocação do tubo jejunal.
Conclusões
Quando não é possível a paliação por prótese de doentes com obstrução neoplásica do estômago ou duodeno, a paliação com uma PEG-J para alimentação e uma PEG para drenagem é uma alternativa útil, permitindo a manipulação mínima do tubo jejunal.
Gastrostomia; Jejunostomia; Obstrução da saída gástrica; Neoplasias gástricas