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A qualidade de vida relacionada à saúde em adolescentes e adultos jovens com doença inflamatória intestinal está mais associada à redução na produtividade escolar e no trabalho do que ao comprometimento físico: um estudo multidisciplinar

RESUMO

CONTEXTO:

As doenças inflamatórias intestinais (DII), que englobam a doença de Crohn e a colite ulcerativa, são doenças inflamatórias crônicas do trato gastrointestinal que frequentemente se manifestam em adolescentes e adultos jovens (AAJ). As DII são caracterizadas por episódios de doença ativa intercalados com períodos de remissão, e sua atividade se correlaciona inversamente com a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS).

OBJETIVO:

Este estudo teve como objetivo determinar se AAJ em remissão ou com baixa atividade de DII exibiria QVRS semelhante à de indivíduos saudáveis pareados por idade, e se fatores demográficos da doença poderiam afetar a QVRS usando um instrumento de medidas de desfecho relatadas pelo paciente.

MÉTODOS:

Este estudo envolveu apenas AAJ com DII, com baixa atividade. Esta pesquisa incluiu cinco clínicas multidisciplinares de dois Hospitais Universitários: Divisões de Gastroenterologia Pediátrica, Gastroenterologia, Coloproctologia, Reumatologia Pediátrica e Adolescentes, São Paulo, Brasil. Um total de 59 AAJ com DII (13-25 anos de idade) e 60 AAJ controle saudáveis (13-25 anos de idade) responderam os questionários Pediatric Quality of Life Inventory 4.0 e 36-Item Short-Form Health Survey e as escalas visuais de dor. Dados demográficos, manifestações extra intestinais, tratamentos e desfechos da doença de Crohn e a colite ulcerativa foram avaliados.

RESULTADOS:

AAJ com DII e os controles saudáveis foram grupos semelhantes com relação à média de idade (18,63 [13,14-25,80] vs 20,5 [13,68-25,84] anos, P=0,598), quanto à proporção de pacientes do sexo feminino (42% vs 38%, P=0,654), e quanto à porcentagem da classe socioeconômica brasileira média elevada/ média (94% vs 97%, P=0,596). Os escores escola/trabalho foram significativamente mais baixos nos AAJ com DII do que nos controles saudáveis (70 [10-100] vs 75 [5-100], P=0,037). O escore ‘percepção geral de saúde’ foi significativamente mais baixo nos AAJ com DII do que no agrupamento controle saudável (50 [10-80] vs 0 [25-90], P=0,0002). As escalas de avaliação visual de dor foram semelhantes entre os dois grupos (2 [0-10] vs 3 [0-9], P=0,214). Nenhuma associação entre QVRS e parâmetros clínicos e demográficos foi identificada entre os pacientes com DII.

CONCLUSÃO:

AAJ com baixa atividade das DII relataram baixa QVRS nos domínios da escola/trabalho e percepção geral da saúde, o que destaca um critério de incapacidade nesta vulnerável população.

Palavras-chave:
Doenças inflamatórias intestinais; doença de Crohn; colite ulcerativa; qualidade de vida relacionada à saúde; qualidade de vida; incapacidade; deficiência; adolescente; adulto jovem

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