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Tendência temporal do adenocarcinoma do estômago na região central do Rio Grande do Sul: o que mudou em 25 anos?

CONTEXTO: O câncer gástrico é a quarta neoplasia mais frequente no mundo e sua incidência varia de acordo com a região estudada. É mais frequente nos países asiáticos, principalmente Japão e China. No Brasil, é o terceiro e quinto câncer mais comum em homens e mulheres, respectivamente. Estas taxas são similares no Rio Grande do Sul e o principal tipo histológico é o adenocarcinoma. OBJETIVO: Investigar o comportamento deste câncer no período de 25 anos em um centro de referência na região central do Rio Grande do Sul. MÉTODOS: Foram revisados os laudos das endoscopias digestivas altas realizadas no Hospital Universitário de Santa Maria, RS, entre 1986 e 2010. Avaliaram-se a incidência, distribuição por faixa etária, sexo, subsítio anatômico e subtipo histológico do câncer gástrico ao longo deste período. RESULTADOS: Entre 20.521 pacientes submetidos a endoscopia digestiva alta, no período estudado, foram identificados 335 (1,6%) pacientes com adenocarcinoma gástrico. A idade média dos pacientes foi 62,4 (± 13,0) anos e 67,8% pertenciam ao sexo masculino (razão homem:mulher de 2:1). Câncer da cárdia ocorreu em 14,3% e não-cárdico em 85,7% dos casos. Na classificação de Lauren, 48,1% foram classificados como subtipo intestinal em 48,1% e difuso em 40,9%. Não houve diferenças na distribuição por idade ou sexo em relação à localização anatômica ou subtipo histológico, assim como na proporção dos subtipos histológicos em relação à localização anatômica. No período de 25 anos não houve mudanças na distribuição anatômica, porém foi observada redução significativa do subtipo intestinal e aumento do subtipo difuso (P = 0,02). No estrato abaixo de 45 anos foram identificados 39 (11,6%) pacientes, com maior probabilidade de serem do sexo feminino e apresentarem tumor do subtipo difuso em relação ao total da série. CONCLUSÕES: No período de 25 anos, não houve mudanças significativas em relação à idade, distribuição por sexo ou na localização cárdica e não-cárdica do câncer gástrico nesta série de pacientes do sul do Brasil. Ocorreu uma redução significativa do subtipo intestinal e aumento acentuado do subtipo difuso. Nos pacientes abaixo de 45 anos, o câncer gástrico foi mais frequente em mulheres com predomínio do subtipo difuso.

Neoplasias gástricas; Adenocarcinoma; Rio Grande do Sul


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