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Terapia neoadjuvante e cirurgia para câncer do reto. Estudo comparativo entre resposta patológica parcial e completa

RESUMO

Contexto

A abordagem do câncer retal extra-peritoneal localmente avançado implica em um tratamento com quimio e radioterapia neoadjuvante associada com a cirurgia de excisão total do mesorreto. Entretanto, os tumores respondem de maneiras variadas a esta terapia neoadjuvante, não se conhecendo completamente os mecanismos envolvidos nesta resposta.

Objetivo

Avaliar os fatores relacionados à resposta tumoral completa e o seguimento de pacientes operados, comparando o grupo com regressão parcial com aqueles em que se evidenciou remissão total da lesão no reto, pelo estudo anatomopatológico.

Métodos

Análise retrospectiva de prontuários médicos de 212 pacientes operados entre 2000 e 2010, sendo que 182 (85,9%) apresentaram remissão parcial a neoadjuvância (Grupo 1) e 30 (14,1%), remissão total (Grupo 2).

Resultados

Não foi encontrada diferença entre os grupos em relação a gênero, etnia, idade, distância do tumor a margem anal, ocorrência de metástases e lesões sincrônicas no estadiamento pré-operatório, dose de radioterapia e tipo de cirurgia realizada. No Grupo 2, foi verificada alta taxa de remissão completa quando o paciente foi operado com intervalo menor ou igual a 8 semanas após a terapia neoadjuvante (P=0,027), e uma tendência a menor valor de antígeno carcinoembrionário pré-tratamento (P=0,067). Na análise patológica, o Grupo 1 apresentou em relação ao Grupo 2, mais linfonodos acometidos (média de 1,9 e 0,5 respectivamente; P=0,003), mais invasão angiolinfática (19,2% e 3,3%; P=0,032) e perineural (15,4% e 0%; P=0,017), e maior número de linfonodos examinados (16,3 e 13,6; P=0,023). No seguimento tardio, o Grupo 1 também apresentou menor sobrevida global do que o Grupo 2 (94,1 e 136,4 meses, respectivamente; P=0,02) e sobrevida livre de doença (85,5 e 134,6 meses; P=0,004). Não houve diferença estatística entre os Grupo 1 e Grupo 2 na ocorrência de recidiva local (3,4% e 15%, respectivamente; P=0,32) e metástases à distância (13,8 e 28%; P=0,26).

Conclusão

Neste estudo, o único fator que foi associado à remissão completa do adenocarcimona retal, foi o tempo entre neoadjuvância e a cirurgia. Este grupo de pacientes apresentou menos linfonodos acometidos, menor invasão angiolinfática e perineural, maior sobrevida global e livre de doença, porém não apresentou diferença estatística significativa com relação à recorrência local e metástases à distância. Embora a remissão completa fosse associada com melhor prognóstico, não implicou na cura da doença em todos os pacientes.

DESCRITORES
Terapia neoadjuvante; Cirurgia colorretal; Neoplasias retais

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