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Arquivos de Gastroenterologia, Volume: 55 Suplemento 1, Publicado: 2018
  • Muita informação. Em quem confiar? Editorial

    MORAES-FILHO, Joaquim Prado P. de
  • Eficiência e segurança de secretagogos intestinais para constipação crônica: uma revisão sistemática e meta-análise Original Article

    LASA, Juan Sebastian; ALTAMIRANO, María Josefina; BRACHO, Luis Florez; PAZ, Silvina; ZUBIAURRE, Ignacio

    Resumo em Português:

    RESUMO CONTEXTO: Os secretagogos intestinais têm sido testados para o tratamento da constipação crônica e síndrome do intestino irritável com constipação predominante. O efeito classe desses tipos de drogas ainda não foi estudado. OBJETIVO: Determinar a eficácia e a segurança de secretagogos intestinais para o tratamento da constipação crônica e síndrome do intestino irritável de constipação predominante. MÉTODOS: Realizada pesquisa baseada em banco de dados de trabalhos publicados entre 1966 e setembro de 2017. A estratégia de pesquisa consistia dos seguintes termos MeSH: secretagogos intestinais OU linaclotide OU lubiprostona OU plecanatide OU tenapanor OU canal de cloro E constipação crônica OU síndrome do intestino irritável. Os dados foram extraídos como análises de intenção de tratar. Um modelo de efeitos aleatórios foi usado para dar uma estimativa mais conservadora do efeito das terapias individuais, permitindo a qualquer heterogeneidade entre os estudos. Os desfechos foram descritos como risco relativo de alcançar uma melhoria no sintoma em consideração. RESULTADOS: A busca no banco de dados rendeu 520 citações bibliográficas: 16 ensaios foram incluídos para análise, que incluiu 7658 pacientes. Doze trabalhos avaliaram a eficácia de secretagogos intestinais para constipação crônica. Estes foram melhores do que placebo, alcançando um aumento no número de evacuações completas espontâneas por semana [RR 1,87 (1,24-2,83)], para a aquisição de três ou mais evacuações espontâneas por semana [RR 1,56 (1,31-1,85)] e na indução espontânea do movimento intestinal após a ingestão de medicação [RR 1,49 (1,07-2,06)]. Resultados semelhantes foram observados ao avaliar a eficácia de secretagogos intestinais na síndrome do intestino irritável de constipação predominante com base em resultados de seis ensaios. CONCLUSÃO: Os secretagogos intestinais são alternativas terapêuticas úteis e seguras para o tratamento de síndromes relacionadas à constipação.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT BACKGROUND: Intestinal secretagogues have been tested for the treatment of chronic constipation and constipation-predominant irritable bowel syndrome. The class-effect of these type of drugs has not been studied. OBJECTIVE: To determine the efficacy and safety of intestinal secretagogues for the treatment of chronic constipation and constipation-predominant irritable bowel syndrome. METHODS: A computer-based search of papers from 1966 to September 2017 was performed. Search strategy consisted of the following MESH terms: intestinal secretagogues OR linaclotide OR lubiprostone OR plecanatide OR tenapanor OR chloride channel AND chronic constipation OR irritable bowel syndrome. Data were extracted as intention-to-treat analyses. A random-effects model was used to give a more conservative estimate of the effect of individual therapies, allowing for any heterogeneity among studies. Outcome measures were described as Relative Risk of achieving an improvement in the symptom under consideration. RESULTS: Database Search yielded 520 bibliographic citations: 16 trials were included for analysis, which enrolled 7658 patients. Twelve trials assessed the efficacy of intestinal secretagogues for chronic constipation. These were better than placebo at achieving an increase in the number of complete spontaneous bowel movements per week [RR 1.87 (1.24-2.83)], at achieving three or more spontaneous bowel movements per week [RR 1.56 (1.31-1.85)] and at inducing spontaneous bowel movement after medication intake [RR 1.49 (1.07-2.06)]. Similar results were observed when assessing the efficacy of intestinal secretagogues on constipation-predominant irritable bowel syndrome based on the results of six trials. CONCLUSION: Intestinal secretagogues are useful and safe therapeutic alternatives for the treatment of constipation-related syndromes.
  • O papel do gradiente pressórico transdiafragmático na fisiopatologia da doença do refluxo gastroesofágico Original Article

    DEL GRANDE, Leonardo M; HERBELLA, Fernando A M; KATAYAMA, Rafael C; SCHLOTTMANN, Francisco; PATTI, Marco G

    Resumo em Português:

    RESUMO A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é a enfermidade mais comum do trato digestivo alto no mundo ocidental. A fisiopatologia da DRGE é multifatorial. Diferentes mecanismos podem contribuir para um aumento do gradiente pressórico transdiafragmático (GPT). A fisiopatologia da DRGE associada ao GPT não é totalmente compreendida. Esta revisão enfoca que o GPT é um importante contribuinte para DRGE mesmo na presença de uma barreira gastroesofágica intacta como na obesidade e doenças pulmonares crônicas.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Gastroesophageal reflux disease (GERD) is the most common disease of the upper gastrointestinal tract in the Western world. GERD pathophysiology is multifactorial. Different mechanisms may contribute to GERD including an increase in the transdiaphragmatic pressure gradient (TPG). The pathophysiology of GERD linked to TPG is not entirely understood. This review shows that TPG is an important contributor to GERD even when an intact esophagogastric barrier is present in the setting of obesity and pulmonary diseases.
  • O ultrassom anorretal tridimensional pode ser incluído como um método diagnóstico na avaliação da fístula anal antes e após o tratamento cirúrgico? Original Article

    MURAD-REGADAS, Sthela Maria; REGADAS FILHO, Francisco Sergio P; HOLANDA, Erico de Carvalho; VERAS, Lara Burlamaqui; VILARINHO, Adjra da Silva; LOPES, Manoel S

    Resumo em Português:

    RESUMO CONTEXTO: Não há dados definitivos quanto a níveis diferentes na secção do complexo esfincteriano e o efeito na função do canal anal no tratamento das fístulas anais. OBJETIVO: Avaliar a aplicação do ultrassom anorretal tridimensional no diagnóstico da fístula anal, quantificando o comprimento da musculatura que será seccionada, selecionando pacientes para diferente abordagens e identificando cicatrização e recorrência após tratamento. MÉTODOS: Um estudo prospectivo incluindo paciente portadores de fístula anal criptoglandular, tipo trans-esfinctérica avaliados pelo escore de incontinência fecal, ultrassom anorretal 3D e manometria anorretal antes e após a cirurgia. De acordo com os dados do ultrassom, pacientes do sexo masculino com envolvimento ≥50% do esfíncter externo anterior ou esfíncter externo+puborretal e do sexo feminino com envolvimento ≥40% foram referidos para cirurgia de ligadura do trajeto no espaço inter-esfinctérico (LIFT) ou colocação do sedenho. Aqueles com envolvimento <50% em homens e <40% mulheres foram indicados para fistulotomia em um tempo. Após a cirurgia, a musculatura secccionada (fibrose) e o músculo residual foram medidos e comparados no pós-operatório. RESULTADOS: Um total de 73 pacientes foi incluído. A indicação para LIFT foi significativamente maior em mulheres (47%) e a fistulotomia em homens (46%) e o sedenho similar em ambos os sexos. Sintomas de incontinência leve foi identificado em 31% dos submetidos à cirurgia com divisão de esfíncter e similar em ambos os sexos. O ultrassom identificou sete casos que não cicatrizaram. CONCLUSÃO: O ultrassom anorretal tridimensional demonstrou ser um método efetivo na avaliação da fístula anal, quantificando o comprimento do esfíncter a ser dividido, como demonstrado no resultado pós-operatório, fornecendo um tratamento seguro de acordo com sexo e percentual de músculo envolvido. Adicionalmente, identifica o tecido cicatrizado, tipo de recorrência e a falha no tratamento.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT BACKGROUND: There is no a clear knowledge concerning the division of any part of the anal sphincter complex and the effect of this procedure on the function of the anal canal during the treatment of perianal fistula. OBJECTIVE: To evaluate the usefulness of 3D anorectal ultrasound in the assessment of anal fistula, quantifying the length of the sphincter muscle to be transected, selecting patients for different approaches and identifying healing, failure or recurrence after the surgical treatment. METHODS: A prospective study included patients with primarily cryptogenic transsphincteric anal fistula assessed by fecal Incontinence score, tri-dimensional anorectal ultrasound and anal manometry before and after surgery. Based on 3D-AUS, patients with ≥50% external sphincter or external sphincter+puborectalis muscle involvement in males and ≥40% external sphincter or external sphincter+puborectalis muscle in females were referred for the ligation of the intersphincteric tract (LIFT) or seton placement and subsequent fistulotomy; and with <50% involvement in males and <40% in females were referred to one-stage fistulotomy. After surgery, the fibrosis (muscles divided) and residual muscles were measured and compared with the pre-operative. RESULTS: A total of 73 patients was included. The indication for the LIFT was significantly higher in females (47%), one-stage fistulotomy was significantly higher in the males (46%) and similar in seton placement. The minor postoperative incontinence was identified in 31% of patients underwent sphincter divided and were similar in both genders. The 3D-AUS identified seven failed cases. CONCLUSION: The 3D ultrasound was shown to be an effective method in the preoperative assessment of anal fistulas by quantifying the length of muscle to be divided, as the results were similar at the post-operative, providing a safe treatment approach according to the gender and percentage of muscle involvement. Additionally, 3D ultrasound successfully identified the healing tissue and the type of failure or recurrence.
  • Dinâmica da ingestão de água em pacientes com acalasia: influência de sexo e idade Original Article

    DANTAS, Roberto Oliveira; CASSIANI, Rachel Aguiar; SANTOS, Carla Manfredi; ALVES, Leda Maria Tavares

    Resumo em Português:

    RESUMO CONTEXTO: Acalásia é uma doença que causa dificuldade no transporte do bolo deglutido da boca ao estômago, consequente à ausência das contrações peristálticas no esôfago e relaxamento parcial ou ausente do esfíncter inferior do esôfago. OBJETIVO: O objetivo desta investigação foi: a) avaliar a dinâmica da ingestão de água em pacientes com acalásia, idiopática ou causada pela doença de Chagas; b) avaliar a influência do sexo e da idade na dinâmica da ingestão de água. MÉTODOS: A investigação foi realizada em 79 pacientes com acalásia (27 idiopática e 52 Chagas) e 91 voluntários saudáveis, todos avaliados pelo teste de ingestão de água. Os indivíduos ingeriam, em triplicata e sem pausas, 50 mL de água, a ingestão era cronometrada e o número de deglutições contadas. Também foram medidos: (a) intervalo entre deglutições - tempo para completar a tarefa, dividido pelo número de deglutições durante a tarefa; (b) fluxo de deglutição - volume ingerido dividido pelo tempo de ingestão; (c) volume de cada deglutição - volume ingerido dividido pelo número de deglutições. RESULTADOS: Os pacientes com acalásia levaram mais tempo (média 12,2 segundos) para ingerir todo o volume que voluntários sadios (5,4 segundos), e apresentaram maior número de deglutições, intervalo mais longo entre as deglutições, menor fluxo de deglutição (5,2 mL/s vs 10,9 mL/s, nos controles) e menor volume em cada deglutição (9,1 mL vs 14,4 mL nos controles). Entre os voluntários saudáveis, as mulheres tiveram um intervalo entre deglutições mais curto e menor volume em cada deglutição em comparação aos homens e, na acalásia, as mulheres tiveram um intervalo mais longo entre as deglutições e menor fluxo de ingestão. Não houve diferenças significativas entre indivíduos mais jovens e mais velhos, entre os voluntários saudáveis e entre os indivíduos com acalásia. Não houve diferenças entre pacientes com doença de Chagas e pacientes com acalasia idiopática, ou entre pacientes com aumento ou não no diâmetro esofágico. CONCLUSÃO: Pacientes com acalásia têm dificuldade em ingerir água, levando mais tempo para completar a tarefa, que é influenciada pelo sexo dos indivíduos, mas não pela idade ou dilatação do esôfago.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT BACKGROUND: Achalasia is a disease that affects esophageal bolus transit due to the absence of esophageal peristaltic contractions and impaired or absent relaxation of the lower esophageal sphincter. OBJECTIVE: The objective of this investigation was: a) to evaluate the dynamics of water ingestion in patients with achalasia, idiopathic or caused by Chagas’ disease; b) to evaluate the influence of sex and age on water ingestion dynamics. METHODS: The investigation was conducted with 79 patients with achalasia (27 idiopathic and 52 Chagas’ disease) and 91 healthy volunteers, all evaluated by the water-drinking test. The individuals drank, in triplicate, 50 mL of water without interruption. The time and the number of swallows for this task were counted. We also measured: (a) inter-swallow interval - the time to complete the task, divided by the number of swallows during the task; (b) swallowing rate - volume drunk divided by the time; (c) volume per swallow - volume drunk divided by the number of swallows. RESULTS: Patients with achalasia took longer to ingest all the volume (mean 12.2 seconds) than healthy controls (mean 5.4 seconds), had greater number of swallows, longer interval between swallows, lower swallowing rate (5.2 mL/s vs 10.9 mL/s in controls) and lower volume per swallow (9.1 mL vs 14.4 mL in controls, P<0.01). Among healthy volunteers, women had a shorter interval between swallows and lower volume per swallow compared with men, and in the achalasia group, women had a longer interval between swallows and lower ingestion rate. No difference in the drinking test results was found between younger and older subjects in achalasia or control group. Also, no differences were observed between patients with Chagas’ disease and those with idiopathic achalasia, or between patients with increased and normal esophageal diameter. CONCLUSION: Patients with achalasia have difficulty in ingesting water, taking a longer time to complete the task, which is influenced by sex but not by age or severity of the disease.
  • Valores de normalidade de um novo sistema de manometria de alta resolução por perfusão de água Original Article

    SILVA, Rogério Mariotto Bitetti da; HERBELLA, Fernando A M; GUALBERTO, Daniel

    Resumo em Português:

    RESUMO CONTEXTO: Manometria esofágica é o exame mais confiável para avaliar motilidade esofágica. Manometria esofágica de alta resolução (MAER) apresenta um gráfico dinâmico e colorido (Clouse plots) com análise simultânea da faringe ao estomago. Dois tipos de manometria estão disponíveis: estado sólido e por perfusão de água. OBJETIVO: Determinar os valores de normalidade de um novo sistema de manometria de alta resolução. MÉTODOS: MAER foi realizada em 32 voluntários saudáveis após jejum de oito horas. O sistema utilizado é de perfusão de água com 24 sensores (Multiplex, Alacer Biomedica, São Paulo, Brasil). O catéter permanente é feito de cloreto de polivinil (PVC) com 4,7 mm de diâmetro. Os orifícios laterais para conexão com os transdutores de pressão são espaçados de 2 cm para análise da faringe ao esfíncter esofagiano inferior (EEI) e são esparçados em 5mm em forma espiralada com 120° entre orificios. Os sensores no total englobam 34 cm. Para o esfíncter esofágico superior (EES), os parâmetros estudados foram às pressões basal e de relaxamento. Os parâmetros do corpo esofágico foram: integral de contratilidade distal (DCI), latência distal (DL) e quebra. Os parâmetros do EEI inferior foram pressões basal e de relaxamento e pressão de relaxamento integrada (IRP). As variáveis foram expressas em medias ± desvio padrão, medianas (variação de interquartis) e percentis 5-95. RESULTADOS: Todos os voluntários (17 homens, com idade variando entre 22-62 anos) terminaram e toleraram o exame. A variação dos percentis 5-95 foi calculada: pressão basal do esfíncter esofágico superior (EES) foi 16,7-184,37 (mmHg), DL: 6,2-9,1 (s), DCI: 82,72-3836,61 (mmHg.s.cm), quebra: <7,19 (cm), pressão basal do EEI: 4,89-37,16 (mmHg), IRP: 0,55-15,45 (mmHg). CONCLUSÃO: A realização dos testes e os valores de normalidade determinados por este estudo parecem ser adequadas para a prática clínica.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT BACKGROUND: Esophageal manometry is the most reliable method to evaluate esophageal motility. High resolution manometry (HRM) provides topographic contour colored plots (Clouse Plots) with simultaneous analysis from the pharynx to the stomach. Both solid state and water-perfused systems are available. OBJECTIVE: This study aims to determinate the normative data for a new water-perfused HRM. METHODS: HRM was made in 32 healthy volunteers after 8 hours fasting. HRM system used consisted of a 24-channel water-perfused catheter (Multiplex, Alacer Biomedica, São Paulo, Brazil). The reusable catheter is made of polyvinyl chloride (PVC) with 4.7 mm of diameter. Side holes connected to pressure transducers are spaced 2 cm for the analysis from the pharynx to the lower esophageal sphincter (LES). Holes are spaced 5 mm and 120° in a spiral disposition in the LES area. The sensors encompass 34 cm in total. Upper esophageal sphincter (UES) parameters studied were basal and relaxation pressures. Esophageal body parameters were distal contractile integral (DCI), distal latency (DL) and break. LES parameters studied were basal pressure, integrated residual pressure (IRP), total and abdominal length. Variables are expressed as mean ± standard deviation, median (interquartile range) and percentiles 5-95th. RESULTS: All volunteers (17 males, aged 22-62 years) completed the study and tolerated the HRM procedure well. Percentiles 5-95th range were calculated: Upper Esophageal Sphincter (UES) basal pressure 16.7-184.37 (mmHg), DL: 6.2-9.1 (s), DCI: 82.72-3836.61 (mmHg.s.cm), break: <7.19 (cm), LES basal pressure: 4.89-37.16 (mmHg), IRP: 0.55-15.45 (mmHg). CONCLUSION: The performance and normative values obtained for this low-cost water-perfused HRM seems to be adequate for clinical use.
  • Constipação funcional e bexiga hiperativa em mulheres: um estudo de base populacional Original Article

    ABREU, Glícia Estevam de; DOURADO, Eneida Regis; ALVES, Danielle de Novais; ARAUJO, Milly Queiroz de; MENDONÇA, Natália Souza Paes; BARROSO JUNIOR, Ubirajara

    Resumo em Português:

    RESUMO CONTEXTO: A associação entre distúrbios urinários e constipação funcional vem sendo observada em crianças e adultos, sendo a constipação funcional uma queixa comum em indivíduos com bexiga hiperativa. OBJETIVO: Avaliar a prevalência de constipação funcional, bexiga hiperativa e seus subtipos seco/úmido em mulheres e determinar quais os sintomas intestinais estão mais associados e são preditores de bexiga hiperativa. MÉTODOS: Estudo de corte transversal com mulheres abordadas aleatoriamente em locais públicos. Os critérios de exclusão foram: anormalidades neurológicas/anatômicas do intestino ou do trato urinário documentadas. A constipação foi definida como ≥2 sintomas positivos daqueles listados nos critérios de Roma. Alterações urinárias (frequência urinária aumentada, urgência, incontinência e noctúria) foram definidas por um escore ≥2 no respectivos itens do Questionário Internacional de Consulta sobre Incontinência - Bexiga Hiperativa. Foi denominada de bexiga hiperativa seca a presença de sintomas de urgência sem incontinência urinária e bexiga hiperativa úmida quando a urgência estava associada a incontinência urinária. RESULTADOS: Foram entrevistadas 516 mulheres com idade média de 35,8±6 anos. As taxas de constipação funcional, bexiga hiperativa, bexiga hiperativa seca e bexiga hiperativa úmida na amostra estudada foram de 34,1%, 15,3%, 8,9% e 6,4%, respectivamente. Foi observada associação entre constipação funcional e bexiga hiperativa / bexiga hiperativa seca, sendo a constipação funcional fator preditor para esse subtipo de bexiga hiperativa (OR=2,47). O escore de qualidade de vida foi pior nas mulheres com constipação funcional em comparação com as não constipadas e ainda pior nas mulheres com constipação funcional associada a bexiga hiperativa úmida (mediana 22,5; IC 95%: 17,25-35,25). A presença de manobras manuais estava significativamente associada aos dois subtipos de bexiga hiperativa. Os fatores preditivos independentes para bexiga hiperativa foram manobras manuais (OR=2,21) e <3 defecações/semana (OR=2,18), sendo este último o único fator preditivo para bexiga hiperativa seca (OR=3,0). CONCLUSÃO: Em mulheres, a constipação funcional está associada a bexiga hiperativa e seu subtipo seco, particularmente na população mais jovem. Além disso, essa associação é responsável por piores escores de qualidade de vida, principalmente quando a incontinência urinária está presente. A presença de manobras manuais e menos de três defecações por semana em mulheres devem nos direcionar a procurar por bexiga hiperativa.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT BACKGROUND: An association between urinary disorders and functional constipation has been registered in children and adults, with functional constipation being a common complaint in individuals with overactive bladder. OBJECTIVE: To evaluate the prevalence of functional constipation, overactive bladder and its dry/wet subtypes in women and to determine which bowel symptoms predict overactive bladder. METHODS: A cross-sectional study of women randomly approached in public spaces. Exclusion criteria: neurological/anatomical abnormalities of the bowel or urinary tract. Constipation was defined as ≥2 positive symptoms of those listed in the Rome criteria. Urinary abnormalities (frequent urination, urgency, incontinence, nocturia) were defined by a score ≥2 in the respective item of the International Consultation on Incontinence Questionnaire - Overactive Bladder. Dry overactive bladder was defined as urgency without incontinence, while wet overactive bladder included incontinence. RESULTS: A total of 516 women with a mean age of 35.8±6 years were interviewed. Rates of functional constipation, overactive bladder, dry overactive bladder and wet overactive bladder were 34.1%, 15.3%, 8.9% and 6.4%, respectively. Functional constipation was associated with overactive bladder and dry overactive bladder, with functional constipation predicting dry overactive bladder (OR=2.47). Quality of life was poorer in constipated women compared to non-constipated and even worse in constipated women with wet overactive bladder (median 22.5; 95%CI: 17.25-35.25). Manual maneuvers were significantly associated with both overactive bladder subtypes. Independent predictive factors for overactive bladder were manual maneuvers (OR=2.21) and <3 defecations/week (OR=2.18), with the latter being the only predictive factor for dry overactive bladder (OR=3.0). CONCLUSION: Functional constipation is associated with overactive bladder and its dry subtype, particularly in the younger population. In addition, this association is responsible for lower quality of life scores, especially when urinary incontinence is present. The presence of manual maneuvers and less than three defecations per week should direct us to look for overactive bladder.
  • Manometria anorretal de alta resolução sob cateter de perfusão (MARAR): primeira experiência no Brasil Original Article

    VIEBIG, Ricardo Guilherme; FRANCO, Janaina Tomiye Yamakata; ARAUJO, Sergio Viebig; GUALBERTO, Daniel

    Resumo em Português:

    RESUMO CONTEXTO: Através da manometria anorretal de alta resolução (MARAR), a aquisição dos dados e a interpretação do exame tornaram-se mais simplificadas, objetivas e uniformes. OBJETIVO: Validar um sistema de MARAR sob perfusão de água (Alacer Biomédica), com sonda de 24 canais e comparar resultados dos exames de manometria anorretal com outros sistemas em trabalhos já publicados. MÉTODOS: Selecionados indivíduos sem distúrbio evacuatório importante. Excluídos pacientes com incontinência, cirurgia orificial, dissinergia, ou lesão esfincteriana. O exame foi realizado com sistema Alacer Biomédica de manometria sob perfusão de agua de 24 canais, com sonda configurada com 6 níveis de 4 canais radiais, distanciados entre si por 0,8 mm. Estabelecidas as pressões médias para o canal funcional, nos estados de repouso (PMR), no esforço de contenção (PMC) e no esforço evacuatório (PMEE). Também foi tabulada a extensão pressórica do esfíncter em cm. Comparou-se os resultados com os disponíveis em literatura recente. RESULTADOS: Foram estudados 50 pacientes (20 masc; 30 fem). No geral, foram encontrados os seguintes resultados: a PMR foi de 76,9±3,0 mmHg; PMC foi de 194,2±9,4 mmHg e; PMEE foi de 88,2±3,7 mmHg. Quando divididos por sexo: sexo masculino: PMR 72,2±3,0 mmHg; PMC: 229,5±17 mmHg e; PMEE 91,4±7,0. Sexo feminino: PMR 79,8±4,0 mmHg; PMC: 170,7±8; PMEE 86,1±4,3 mmHg. A extensão manométrica para ambos os sexos foi de 3,1±0,09 cm (masc 3,3±0,1; fem 3,0±0,1). DISCUSSÃO: A realização do estudo da MARAR ficou muito facilitada. A não mobilização da sonda provoca menos desconforto e artefatos, com menor tempo de estudo. Em nossa série há valores diferenciais pequenos entre os sexos durante o repouso, destacando-se maior força de contenção no sexo masculino. Não houve diferença para a extensão do esfíncter. Em relação à comparação com os estudos já publicados, mesmo com sondas de solid state, há uma proximidade de valores. CONCLUSÃO: O sistema de perfusão utilizado permitiu reproduzir resultados similares a sistemas solid state. Resta estabelecer parâmetros em casos de dissinergia pélvica, incontinência e esclarecer se o estudo pelo vetor volume pode trazer novas informações nos aspectos funcional e anatômico.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT BACKGROUND: High resolution anorectal manometry (HRAM-WP) allows more simplified, objective, and uniform data acquisition and interpretation of the test results. OBJECTIVE: To validate a HRAM under water perfusion (Alacer Biomédica) with a 24-channel probe and to compare the results of anorectal manometry with other systems. METHODS: Individuals without critical evacuation disorders were selected. Patients with incontinence, anal surgery, dyssynergia or sphincter injury were excluded. The test was performed with an Alacer Biomédica 24 channel manometry system under water perfusion, with a probe configured with 6 levels of 4 radial channels, separated from each other by 0.8 mm. The mean pressures for the functional channel were determined, in states of rest (RMP), contention effort (CMP) and evacuation effort (EEMP). The pressure extension of the sphincter was also tabulated in cm. The results were compared with those available in recent literature. RESULTS: Fifty patients were studied (20 men; 30 women). Overall, the following results were obtained: the RMP was 76.9±3.0 mmHg, the CMP was 194.2±9.4 mmHg, and EEMP was 88.2±3.7 mmHg. When classified according to the gender, for men: RMP was 72.2±3.0 mmHg, CMP was 229.5±17 mmHg, and EEMP was 91.4±7.0. For women, RMP was 79.8±4.0 mmHg, CMP was 170.7±8, and EEMP was 86.1±4.3 mmHg. The sphincter gauge extension for both genders was 3.1±0.09 cm (men 3.3±0.1; women 3.0±0.1). DISCUSSION: Studying HRAM-WP has become much easier. Non-mobilization of the sensor causes less discomfort and artefacts with a lower assessment time. In this study, small differential values between both sexes during rest were observed, highlighting a greater containment force in men. No difference in sphincter extension was noted. The results of this study are consistent with that of existing reports and with those obtained using solid state probes. CONCLUSION: The perfusion system yielded results similar to that of solid state systems. Further studies to evaluate parameters with respect to pelvic dyssynergia and incontinence need to be conducted. Additionally, to determine if the vector volume can furnish new information in terms of functional and anatomical aspects.
  • Análise funcional e anatômica anorretal de pacientes femininas portadoras de esclerodermia em um centro universitário de referência em desordens do assoalho pélvico Original Article

    PINTO, Rodrigo Ambar; CORRÊA NETO, Isaac José Felippe; NAHAS, Sérgio Carlos; BUSTAMANTE LOPES, Leonardo Alfonso; SOBRADO JÚNIOR, Carlos Walter; CECCONELLO, Ivan

    Resumo em Português:

    RESUMO CONTEXTO: Esclerodermia ou esclerose sistêmica progressiva caracteriza-se por um processo inflamatório crônico com proliferação e fibrose do tecido conjuntivo e uma deposição excessiva de colágeno e matriz extracelular na pele, musculatura lisa e vísceras. A musculatura lisa mais envolvida é a esofágica e a disfagia é o sintoma mais comumente relatado. Entretanto, o esfíncter anal interno também pode ser acometido por essa degeneração e fibrose ocasionando incontinência anal nos pacientes portadores de esclerodermia. Isso pode ser omitido pelo paciente, exceto quando questionado de forma direta. OBJETIVO: Analisar a função e anatomia anorretal através do escore de incontinência anal de Cleveland Clinic Florida, manometria anorretal e ultrassom endoanal em pacientes do sexo feminino portadoras de esclerodermia e sintomas de incontinência anal atendidas no ambulatório de Fisiologia Colorretoanal no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). RESULTADOS: Treze pacientes do sexo feminino foram avaliadas com média de idade de 55,77 anos (±16,14; 27-72 anos) e duração média da doença de 10,23 anos (±6,23; 2-23 anos). O índice de incontinência anal teve variação de 1-15, sendo que sete (53,8%) pacientes apresentavam índice inferior a 7; três (23,1%) entre 8 e 13; e três (23,1%) superior a 14, correspondendo à incontinência anal leve, moderada e grave, respectivamente. Dez (76,92%) pacientes apresentavam hipotonia do esfíncter anal interno. O estudo da ultrassonografia endoanal de três dimensões demonstrou afilamento com atrofia do esfíncter anal interno em seis casos e defeito muscular em três pacientes. CONCLUSÃO: O prejuízo funcional e anatômico do complexo esfincteriano anorretal é um importante fator a ser analisado em pacientes portadores de esclerose sistêmica progressiva e isso não pode ser subestimado.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT BACKGROUND: Scleroderma or progressive systemic sclerosis is characterized by a chronic inflammatory process with proliferation of fibrous connective tissue and excessive deposition of collagen and extracellular matrix in the skin, smooth muscle, and viscera. The smooth muscle most involved in scleroderma is that of the esophagus, and dysphagia is the most commonly reported symptom. However, the internal anal sphincter may also be impaired by degeneration and fibrosis, leading to concomitant anal incontinence in scleroderma patients. These patients may neglect to complain about it, except when actively questioned. OBJECTIVE: To assess anorectal function and anatomy of female scleroderma patients with symptoms of anal incontinence through Cleveland Clinic Florida Fecal Incontinence Score (CCFIS), anorectal manometry and endoanal ultrasound at the outpatient clinic of colorectal and anal physiology, Clinics Hospital, University of São Paulo Medical School (HC-FMUSP). METHODS: Female scleroderma patients were prospectively assessed and questioned as to symptoms of anal incontinence. The anorectal manometry and endoanal ultrasound results were correlated with clinical data and symptoms. RESULTS: In total, 13 women were evaluated. Their mean age was 55.77 years (±16.14; 27-72 years) and their mean disease duration was 10.23 years (±6.23; 2-23 years). All had symptoms of fecal incontinence ranging from 1 to 15. Seven (53.8%) patients had fecal incontinence score no higher than 7; three (23.1%) between 8 and 13; and three (23.1%) 14 or higher, corresponding to mild, moderate, and severe incontinence, respectively. Ten (76.92%) patients had hypotonia of the internal anal sphincter. Three-dimensional endoanal ultrasound showed tapering associated with muscle atrophy of the internal sphincter in six cases and previous muscle defects in three cases. CONCLUSION: A functional and anatomical impairment of the sphincter is an important factor to assess in patients with progressive systemic sclerosis and it should not be underestimated.
  • Tratamento endoscópico da doença do refluxo gastroesofágico com uso de radiofrequência (Stretta): resultados a curto prazo da primeira série de casos brasileira Original Article

    SOUZA, Thiago Ferreira de; GRECCO, Eduardo; QUADROS, Luiz Gustavo de; ALBUQUERQUE, Yael Duarte de; AZÔR, Fernanda Oliveira; GALVÃO NETO, Manoel

    Resumo em Português:

    RESUMO CONTEXTO: Novos tratamentos endoscópicos para refluxo gastroesofágico são desenvolvidos a cada ano, sendo indicados em casos refratários às terapias convencionais, bem como após a falha do tratamento cirúrgico. OBJETIVO: Apresentar os primeiros casos de terapia endoscópica para tratamento do refluxo gastroesofágico realizado no Brasil. MÉTODOS: Uso de radiofrequência com o procedimento de Stretta em voluntários sintomáticos e diagnosticados com DRGE. RESULTADOS: A técnica foi realizada em três pacientes depois de terem sido incluídos no protocolo de estudo. Nenhum paciente teve complicações, e todos receberam alta hospitalar no mesmo dia, mantendo-se sem medicação ou fazendo uso esporádico para o controle de sintomas. CONCLUSÃO: Tratamento endoscópico para doença do refluxo gastroesofágico com uso de radiofrequência foi eficaz nos casos aqui apresentados e sem complicações técnicas.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT BACKGROUND: New endoscopic treatments for gastroesophageal reflux (GERD) are developed every year and are indicated in cases that are refractory to conventional therapies as well as after surgical treatment failure. OBJECTIVE: To present the first cases of endoscopic therapy for GERD performed in Brazil. METHODS: Use of radiofrequency with the Stretta procedure in symptomatic volunteers diagnosed with GERD. RESULTS The technique was performed in three patients after they were included in the study protocol. No patient had complications, and all patients were discharged on the same day, either without medication or taking it sporadically for symptom control. CONCLUSION: Endoscopic treatment for GERD using radiofrequency was effective in the cases presented herein with no technical complications.
  • Propostas para aproximar os critérios de Roma para constipação intestinal em pediatria à prática diária Review

    MAFFEI, Helga Verena Leoni; MORAIS, Mauro Batista de

    Resumo em Português:

    RESUMO CONTEXTO: O emprego dos prevalecentes critérios de Roma para constipação em pediatria, no atendimento primário de saúde, ainda é baixo. Mesmo com finalidade de pesquisa, estes critérios não têm sido adotados universalmente. Assim, tem sido indicado que seria bem-vinda alguma revisão de tais critérios. OBJETIVO: Avaliar criticamente o ‘timing’ do diagnóstico e as recomendações dietéticas dos critérios, a fim de apresentar propostas que os aproximem da prática clínica diária. MÉTODOS: Foi revisada a literatura citada nos critérios de Roma e foram incluídas as publicações pertinentes ao assunto pesquisadas pela Medline até janeiro 2018. RESULTADOS: Diagnóstico precoce é fundamental, a fim de evitar evolução para complicações indesejáveis e possivelmente para constipação dita intratável, mas a necessidade de inclusão de dois itens - segundo os critérios - pode inviabilizá-lo. Assim, um sinal/sintoma seria suficiente, em geral a presença de ‘evacuações dolorosas e/ou duras’, facilmente observáveis. Ademais, nos critérios faltam detalhes quanto à recomendação sobre fibra alimentar, embora o seu incremento seja usualmente a primeira abordagem no atendimento primário, e no geral os dados sobre suplementos de fibra alimentar apontem para efeitos benéficos. CONCLUSÃO: Para diagnóstico de constipação em pediatria no atendimento primário, um sinal/sintoma de constipação deve ser suficiente. A ingestão diária de fibra alimentar, conforme a American Health Foundation, deve ser detalhada para o tratamento da constipação e também como medida preventiva desde o desmame.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT BACKGROUND: Acceptance of the prevailing pediatric Rome constipation criteria, by primary care physician, is still low. Even for research purposes they have not been universally adopted. Thus, it has been indicated that some re-evaluation of these criteria would be welcome. OBJECTIVE: The authors aimed to look at the timing of diagnosis and the dietary treatment recommendations in the criteria, to make proposals trying to approximate them to everyday practice. METHODS: The literature cited in the Rome criteria was reviewed and the publications pertinent to the subject, searched by Medline up to January 2018, were included. RESULTS: An early diagnosis is fundamental to avoid evolution to bothersome complications and possibly to ’intractable’ constipation, but the inclusion of two items of the criteria might hamper it. Thus, one constipation sign/symptom should suffice, usually the easily observable ‘painful or hard bowel movements’. Details about dietary fiber recommendations are missing in the criteria, although its increase is usually the first approach in primary care, and overall the data about dietary fiber supplements point to beneficial effects. CONCLUSION: For diagnosis and treatment of pediatric constipation in primary care, one constipation sign/symptom should suffice. The recommended daily dietary fiber intake, according to the American Health Foundation, should be detailed as a treatment measure, and also for prevention, from weaning on.
  • Controle neural da deglutição Review

    COSTA, Milton Melciades Barbosa

    Resumo em Português:

    RESUMO CONTEXTO: A deglutição é um processo motor com muitas discordâncias e de difícil estudo quanto a sua neurofisiologia. Talvez por essa razão sejam tão raros os artigos sobre esse tema. OBJETIVO - Descrever o controle neural da mastigação e a qualificação do bolo que se obtém durante a fase oral. Revisar os nervos cranianos envolvidos com a deglutição e suas relações com o tronco cerebral, cerebelo, núcleos de base e córtex. MÉTODOS: Revisão da literatura com inclusão de trabalhos pessoais e novas observações buscando dar consistência a necessária revisão dos conceitos, muitas vezes conflitantes. RESULTADOS E CONCLUSÃO: Em relação a fase oral da deglutição consideramos o controle neural em cinco distintas possibilidades. Fase oral nutricional voluntária, fase oral cortical voluntária primaria, fase oral semiautomática, fase oral em goles subsequentes e fase oral espontânea. Em relação ao controle neural da fase faríngea da deglutição, pode-se observar que o estímulo que dispara a fase faríngea não é o toque produzido pela passagem do bolo, mas sim a distensão pressórica, tenha ou não conteúdo em passagem. Na deglutição nutricional, alimento e pressão são transferidos, mas na fase oral da deglutição primária cortical somente pressão é transferida e temos resposta faríngea similar a nutricional. A fase faríngea incorpora como parte de sua dinâmica as atividades orais já em curso. A fase faríngea se inicia por ação do plexo faríngeo composto pelos nervos glossofaríngeo (IX), vago (X), e acessório (XI), com envolvimento do trigêmeo (V), do facial (VII), glossofaríngeo (IX) e hipoglosso (XII). O plexo cervical (C1, C2), e o nervo hipoglosso, a cada lado, formam a alça cervical de onde, com origem cervical, um ramo segue para o músculo gênio-hioide, um músculo que atua na dinâmica de elevação do complexo hiolaríngeo. Foi também considerado o controle neural da fase esofágica da deglutição. Além de outras hipóteses foi considerado que é possível que a camadas musculares consideradas como longitudinal e circular para o esôfago sejam a longitudinal composta por fibras espirais de passo longo e a circular por fibras espirais de passo curto. Essa morfologia associada ao conceito de preservação de energia, nos permite admitir que a contração da camada longitudinal por seu arranjo espiral seja capaz de alargar o esôfago diminuindo sua resistência ao fluxo e provavelmente e também abrindo a transição esofagogástrica. Desse modo a camada circular, espiral de passo curto, pode propelir o bolo por constrição sequencial de cranial para caudal.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT BACKGROUND: Swallowing is a motor process with several discordances and a very difficult neurophysiological study. Maybe that is the reason for the scarcity of papers about it. OBJECTIVE: It is to describe the chewing neural control and oral bolus qualification. A review the cranial nerves involved with swallowing and their relationship with the brainstem, cerebellum, base nuclei and cortex was made. METHODS: From the reviewed literature including personal researches and new observations, a consistent and necessary revision of concepts was made, not rarely conflicting. RESULTS AND CONCLUSION: Five different possibilities of the swallowing oral phase are described: nutritional voluntary, primary cortical, semiautomatic, subsequent gulps, and spontaneous. In relation to the neural control of the swallowing pharyngeal phase, the stimulus that triggers the pharyngeal phase is not the pharyngeal contact produced by the bolus passage, but the pharyngeal pressure distension, with or without contents. In nutritional swallowing, food and pressure are transferred, but in the primary cortical oral phase, only pressure is transferred, and the pharyngeal response is similar. The pharyngeal phase incorporates, as its functional part, the oral phase dynamics already in course. The pharyngeal phase starts by action of the pharyngeal plexus, composed of the glossopharyngeal (IX), vagus (X) and accessory (XI) nerves, with involvement of the trigeminal (V), facial (VII), glossopharyngeal (IX) and the hypoglossal (XII) nerves. The cervical plexus (C1, C2) and the hypoglossal nerve on each side form the ansa cervicalis, from where a pathway of cervical origin goes to the geniohyoid muscle, which acts in the elevation of the hyoid-laryngeal complex. We also appraise the neural control of the swallowing esophageal phase. Besides other hypotheses, we consider that it is possible that the longitudinal and circular muscular layers of the esophagus display, respectively, long-pitch and short-pitch spiral fibers. This morphology, associated with the concept of energy preservation, allows us to admit that the contraction of the longitudinal layer, by having a long-pitch spiral arrangement, would be able to widen the esophagus, diminishing the resistance to the flow, probably also by opening of the gastroesophageal transition. In this way, the circular layer, with its short-pitch spiral fibers, would propel the food downwards by sequential contraction.
  • Monitorização prolongada do refluxo gastroesofágico por impedancio-pHmetria esofágica: uma revisão sobre o tema ponderada com nossa experiência de 1.200 casos com o método Review

    NASI, Ary; QUEIROZ, Natália Sousa Freitas; MICHELSOHN, Nelson H

    Resumo em Português:

    RESUMO CONTEXTO: A monitorização prolongada ampliou o conhecimento sobre o refluxo gastroesofágico; a afecção decorrente do mesmo, passou a ser designada por doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). O estudo prolongado do refluxo viabiliza o diagnóstico da DRGE nos casos sem alterações endoscópicas suficientes para caracterização da afecção. OBJETIVO: O objetivo do presente trabalho é apresentar uma revisão sobre a monitorização do refluxo por impedâncio-pHmetria, ponderando-se os dados de literatura com a experiência dos autores com o método em 1.200 exames realizados. MÉTODOS: São apresentados detalhes dos diferentes tipos de monitorização prolongada do refluxo; ou seja, a pHmetria convencional, a pHmetria sem cateter e a impedâncio-pHmetria. Salientam-se as novas possibilidades de avaliação que a impedâncio-pHmetria propicia e suas principais indicações: estudo de pacientes que permanecem sintomáticos durante o tratamento do refluxo com antissecretores; análise de pacientes com sintomas sugestivos de DRGE que não apresentem esofagite ao exame endoscópico e que tenham pHmetria normal; esclarecimento diagnóstico de pacientes com sintomas atípicos e supraesofágicos - em especial na tosse crônica; estudo da eructação diferenciando-as em dois grupos: gástricas e supragástricas e no auxílio na indicação do tratamento cirúrgico do refluxo. RESULTADOS: A monitorização associando duas modalidades de avaliação: a impedancio-pHmetria representa evolução tecnológica expressiva em relação à modalidade baseada apenas na análise do pH (pHmetria). As principais vantagens da impedâncio-pHmetria são: possibilidade de avaliação de todas modalidades de refluxo; ou seja, ácido, não-ácido, líquido e gasoso e também a possibilidade de estudo de outras variáveis importantes; ou seja: capacidade de transporte do bolus, impedância basal do esôfago e peristalse pós refluxo. CONCLUSÃO: A impedancio-pHmetria é um método promissor, com grandes vantagens sobre a pHmetria convencional. A escolha do tipo de monitorização a ser utilizada, deve ser criteriosa. Os autores destacam a importância da análise cuidadosa de cada episódio de refluxo, pelo médico responsável pela execução do exame, para correta interpretação e valorização dos dados obtidos.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT BACKGROUND: Prolonged monitoring increased our knowledge on gastroesophageal reflux (GER), and the disease became known as gastroesophageal reflux disease (GERD). Prolonged reflux monitoring permits the diagnosis of GERD when endoscopic findings are not enough to characterize it. OBJECTIVE: The objective of this paper is to review the current knowledge on impedance-pH monitoring, taking into account the published literature and the authors experience with 1,200 exams. METHODS: The different types of prolonged reflux monitoring, namely: conventional pHmetry, catheter-free pHmetry and impedance-pHmetry will be briefly described. The new possibilities of evaluation with impedance-pHmetry are emphasized, namely: the study of symptomatic patients in use of proton pump inhibitors (PPIs); evaluation of patients with symptoms suggestive of GERD although with normal endoscopy and normal pHmetry, diagnostic elucidation of patients with atypical symptoms or supra-esophageal symptoms, mainly chronic cough, study of patients complaining of belch, differentiating gastric and supra-gastric belching, and the proper work-up before anti-reflux surgery. RESULTS: When impedance was associated to pH monitoring, an impressive technological evolution became apparent, when compared to pH monitoring alone. The main advantages of impedance-pHmetry are: the ability to detect all types of reflux: acid, non-acid, liquid, gaseous. In addition, other important measurements can be made: the ability of the esophagus in transporting the bolus, the measurement of basal mucosal impedance and the evaluation of primary peristalsis post reflux. CONCLUSION: Impedance-pHmetry is a promising method, with great advantages over conventional pHmetry. The choice between these two types of monitoring should be very judicious. The authors suggest the importance of careful evaluation of each reflux episode by the physician responsible for the examination, necessary for the correct interpretation of the tracings.
  • Sintomas persistentes ao tratamento com inibidor da bomba de prótons são devidos à doença do refluxo gastroesofágico refratária ou decorrentes de outras afecções? Review

    AZZAM, Rimon Sobhi

    Resumo em Português:

    RESUMO CONTEXTO: A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é a condição clínica que se desenvolve quando o refluxo do conteúdo gástrico provoca sintomas incômodos e/ou complicações. O relaxamento transitório do esfíncter inferior do esôfago é o principal mecanismo fisiopatológico da DRGE. Os sintomas e complicações podem estar relacionados ao refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago, cavidade oral, laringe e/ou pulmão. Os sintomas e outras possíveis manifestações da DRGE são pirose, regurgitação, disfagia, dor torácica não-cardíaca, tosse crônica, laringite crônica, asma e erosões dentárias. O inibidor da bomba de prótons (IBP) é o medicamento de primeira escolha e o mais comumente utilizado para o tratamento da DRGE. A definição mais difundida de DRGE Refratária é a condição clínica que apresenta sintomas com resposta parcial ou ausente ao tratamento com IBP duas vezes ao dia. A persistência dos sintomas ocorre em 25% a 42% dos pacientes que utilizam IBP uma vez ao dia e em 10% a 20% dos que utilizam IBP duas vezes ao dia. OBJETIVO: O objetivo é apresentar uma revisão da literatura atual, salientando as causas, aspectos diagnósticos e abordagem terapêutica dos casos com sintomas suspeitos de refluxo e não responsivos ao IBP. CONCLUSÃO - Inicialmente, o manejo da refratariedade ao IBP consiste em corrigir a baixa aderência à terapia com IBP, ajustar a dosagem do IBP e reforçar as recomendações sobre modificação do estilo de vida, evitando alimentos e atividades que desencadeiem os sintomas. O IBP diminui o número de episódios de refluxo ácido, no entanto o número de refluxos “não-ácidos” aumenta e o paciente continua apresentando refluxo apesar do IBP. Desta forma, é possível reduzir consideravelmente a ocorrência de sintomas, especialmente aqueles dependentes da acidez do material refluído. A resposta à terapia com IBP pode ser avaliada através de parâmetros clínicos, endoscópicos e de monitorização do refluxo. Na persistência dos sintomas, outras causas de DRGE Refratária devem ser suspeitadas. Em seguida, deve ser iniciada a investigação diagnóstica, que é apoiada por parâmetros clínicos e exames complementares, como endoscopia digestiva alta, manometria esofágica e monitorização ambulatorial do refluxo (pHmetria esofágica ou impedancio-pHmetria esofágica). As causas de refratariedade à terapia com IBP podem ser devidas à DRGE Refratária verdadeira ou mesmo a outras doenças não relacionadas ao refluxo, que podem gerar sintomas semelhantes à DRGE. Existem várias causas de refratariedade ao IBP, como uso inadequado da droga (falta de aderência do paciente à terapia com IBP, dosagem inadequada de IBP), refluxo ácido residual devido à supressão ácida inadequada, escape ácido noturno, refluxo “não-ácido”, metabolismo rápido do IBP, esvaziamento gástrico lento e diagnóstico equivocado de DRGE. Este representa uma causa frequente de insucesso do tratamento clínico e neste caso, o problema não é o tratamento, mas sim o diagnóstico. As causas de diagnóstico equivocado da DRGE são pirose funcional, acalásia, megaesôfago, esofagite eosinofílica, outros tipos de esofagite e outras causas. O diagnóstico e o tratamento são específicos para cada uma dessas causas de refratariedade ao tratamento clínico com IBP.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT BACKGROUND: Gastroesophageal reflux disease (GERD) is a clinical condition that develops when the reflux of stomach contents causes troublesome symptoms and/or complications. Transient lower esophageal sphincter relaxation is the main pathophysiological mechanism of GERD. Symptoms and complications can be related to the reflux of gastric contents into the esophagus, oral cavity, larynx and/or the lung. Symptoms and other possible manifestations of GERD are heartburn, regurgitation, dysphagia, non-cardiac chest pain, chronic cough, chronic laryngitis, asthma and dental erosions. The proton pump inhibitor (PPI) is the first-choice drug and the most commonly medication used for the treatment of GERD. The most widespread definition of Refractory GERD is the clinical condition that presents symptoms with partial or absent response to twice-daily PPI therapy. Persistence of symptoms occurs in 25% to 42% of patients who use PPI once-daily and in 10% to 20% who use PPI twice-daily. OBJECTIVE: The objective is to describe a review of the current literature, highlighting the causes, diagnostic aspects and therapeutic approach of the cases with suspected reflux symptoms and unresponsive to PPI. CONCLUSION: Initially, the management of PPI refractoriness consists in correcting low adherence to PPI therapy, adjusting the PPI dosage and emphasizing the recommendations on lifestyle modification change, avoiding food and activities that trigger symptoms. PPI decreases the number of episodes of acid reflux; however, the number of “non-acid” reflux increases and the patient continues to have reflux despite PPI. In this way, it is possible to greatly reduce greatly the occurrence of symptoms, especially those dependent on the acidity of the refluxed material. Response to PPI therapy can be evaluated through clinical, endoscopic, and reflux monitoring parameters. In the persistence of the symptoms and/or complications, other causes of Refractory GERD should be suspected. Then, diagnostic investigation must be initiated, which is supported by clinical parameters and complementary exams such as upper digestive endoscopy, esophageal manometry and ambulatory reflux monitoring (esophageal pH monitoring or esophageal impedance-pH monitoring). Causes of refractoriness to PPI therapy may be due to the true Refractory GERD, or even to other non-reflux diseases, which can generate symptoms similar to GERD. There are several causes contributing to PPI refractoriness, such as inappropriate use of the drug (lack of patient adherence to PPI therapy, inadequate dosage of PPI), residual acid reflux due to inadequate acid suppression, nocturnal acid escape, “non-acid” reflux, rapid metabolism of PPI, slow gastric emptying, and misdiagnosis of GERD. This is a common cause of failure of the clinical treatment and, in this case, the problem is not the treatment but the diagnosis. Causes of misdiagnosis of GERD are functional heartburn, achalasia, megaesophagus, eosinophilic esophagitis, other types of esophagitis, and other causes. The diagnosis and treatment are specific to each of these causes of refractoriness to clinical therapy with PPI.
  • ERRATUM: Frequency of ophthalmological posterior segment findings in patients with inflammatory bowel disease Erratum

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