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Mudanças na composição de espécies no médio e baixo Rio Tietê (São Paulo, Brasil) através dos séculos, enfatizando espécies reofílicas e introduzidas

Resumo

Objetivo: Este trabalho descreve e busca identificar as causas de alterações na composição de espécies de peixes no Médio e Baixo rio Tietê, com ênfase nas espécies reofílicas e invasoras.

Métodos

Os dados foram obtidos através de uma intensa revisão de publicações, dissertações e teses realizadas na área de estudo, levantamento junto ao Museu de Zoologia da USP (MUZUSP), revisão na identificação das espécies através da coleção do MUZUSP, levantamento histórico de espécies introduzidas e espécies coletadas nos anos de 2000 e 2001.

Resultados

Os principais impactos identificados no rio Tietê com consequências para a ictiofauna foram: poluição doméstica, poluição industrial, desmatamento, represamentos, retificação do leito, assoreamento e introdução de espécies. Das 80 espécies de peixes identificadas na área de estudo, 28 são invasoras. Diversas espécies de peixes têm sido introduzidas no rio Tietê desde o final do século XIX, sendo a primeira a carpa comum (Cyprinus carpio), seguida pela introdução do black bass (Mycropterus salmoides) no começo do século XX. Outras espécies como a corvina (Plagioscion squamosissimus ) foram introduzidas por empresas do setor elétrico, o que contribuiu com a alteração da composição de espécies. As espécies migradoras como o dourado (Salminus brasiliensis), pacu (Piaractus mesopotamicus ) e pintado (Pseudoplatystoma corruscans) que antes eram abundantes se tornaram raras ou ausentes após a construção dos reservatórios, principalmente por se tratarem de reservatórios em cascata. A piracanjuba (Brycon orbignyanus), espécie tipicamente herbívora, teve seu estoque reduzido devido à falta de vegetação ciliar e os represamentos.

Conclusões

Após a construção dos reservatórios ocorreram profundas alterações na composição da ictiofauna, sendo que espécies migradoras se tornaram praticamente ausentes e as espécies que predominam são as mais adaptadas às novas condições. Além do represamento, a perda da mata ciliar e a poluição também causaram alterações na comunidade íctica.

Palavras-chave:
ictiofauna; reservatório; impactos ambientais; espécies migradoras; espécies invasoras


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