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The Distant Shores of Freedom e as contradições do lugar de fala do oprimido

The Distant Shores of Freedom and the contradictions of the oppressed’s place of speech

Resenha de: CHATTARJI, Subarno.. The distant shores of freedom: Vietnamese american memoirs and fiction. New Delhi: Bloomsbury, 2020. 262p.

É no mínimo curioso como um mesmo sistema econômico e social é capaz de gerar fenômenos culturais - nesse caso, literários - tão singulares ao redor do globo, a depender da matéria local que lhe sirva de reagente. Para nós, leitores da América Latina, que herdamos do século XX inúmeras ditaduras militares cujo objetivo, declarado ou implícito, era assegurar a hegemonia político-econômica neoliberal dos Estados Unidos num contexto de Guerra Fria, os eventos que se passaram nas ex-colônias do continente asiático, ainda que na mesma época e sob esse mesmo regime de disputa de “capitalismos”1 1 Uso o termo no plural baseando-me na conceituação proposta por Robert Kurz (2004), que diferencia o sistema econômico neoliberal estadunidense do socialismo soviético no contexto da Guerra Fria a partir da (falsa) oposição entre capitalismo de mercado e capitalismo de Estado. , nos são desconhecidos ou soam exóticos. Isso porque as grandes influências ideológicas que regiam o lado de lá do globo - notadamente a União Soviética e a China de Mao Tsé-Tung - não conseguiram entrada tão bem-sucedida no continente americano; não obstante, construíram na Ásia sistemas totalitários duradouros com consequências humanitárias igualmente nefastas, geradoras de guerras, diásporas, campos de concentração e traumas sociais e subjetivos ainda não superados - e, por isso mesmo, largamente narrados, seja na ficção, seja por meio da literatura memorialista.

De todo esse amplo universo, as formas de organização social da China e da Coreia do Norte se tornaram para nós as mais familiares e emblemáticas - leia-se aí as mais exploradas pela indústria cultural e pela imprensa - por motivos distintos: a primeira, pela importância econômica global que o país adquiriu, e a segunda pelo aspecto caricato de seu acachapante e solitário projeto de nação. Se uma delas gera apreensão no mundo ocidental por sua posição decisiva no mercado mundial, a outra chama a atenção por ter se tornado o principal modelo midiático da distopia comunista. Casos de maior complexidade, que não se prestam a ser exemplo de nada dentro desse estreito espectro ideológico, acabam relegados à marginalidade histórica até que sejam resgatados pela acuidade de um crítico ou pesquisador. É esse o primeiro mérito que destaco do livro The distant shores of freedom: Vietnamese american memoirs and fiction, do indiano Subarno Chattarji: levar ao conhecimento do público produções literárias2 2 Essas produções consistem em uma série de memórias publicadas, em sua maioria, por editoras pouco conhecidas, mais dois romances - Monkey bridge, de Lan Cao, e The sympathizer, de Viet Thanh Nguyen, ganhador do Prêmio Pulitzer de Ficção de 2016. escritas por indivíduos de uma comunidade que é um caso singularíssimo gerado pela Guerra Fria - a comunidade de sul-vietnamitas que, na condição de refugiados, naturalizaram-se cidadãos estadunidenses após a derrota dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã e a unificação do país asiático sob o regime comunista. Note-se, já de início, a inusitada combinação de referenciais culturais envolvida no recorte proposto.

Àqueles para quem o famoso filme hollywoodiano de Coppola Apocalypse Now (1979) foi o mais próximo de uma visão crítica sobre a Guerra do Vietnã com que se teve contato (fato deplorável condenado pelo autor e contra o qual ele procura disputar, construindo o que chama de “contranarrativa”), o livro de Chattarji surpreende não só pela autenticidade do objeto, mas pela postura contraintuitiva que o crítico assume ante as “paisagens de memória”3 3 No original, “landscapes of memory”, termo que o autor toma emprestado do psiquiatra canadense Laurence Kirmayer, definido como um derivado da ideia de metamemória que molda “modelos implícitos de memórias que influenciam o que pode ser lembrado e citado como verídico” (CHATTARJI, 2020, p. 69). dos vietnamita-americanos. O argumento trabalhado ao longo de todo o livro é o de que essas memórias - salvo algumas reflexões residuais entre uma e outra lembrança - colaboraram para erigir o domínio ideológico da narrativa estadunidense sobre a invasão do território vietnamita, ainda que, por baixo da camada de gratidão e redenção subservientes que é a tônica desses escritos, sobressaiam vez ou outra lapsos de rancor e revolta contra o sofrimento intrínseco à condição de um refugiado que escolheu como novo lar, de todos, o país mais hostil à sua raça. Dito de outro modo, a presença de refugiados sul-vietnamitas nos Estados Unidos - da qual as memórias formam um contraditório e enviesado panorama etnográfico - tornou-se uma espécie de álibi que justifica as atrocidades cometidas pelo exército estadunidense no Vietnã durante os 20 anos de guerra; ao mesmo tempo, constitui uma recordação insistente à população nativa de que a maior potência econômica global foi derrotada pelas convicções anti-imperialistas da ideologia socialista, fazendo do processo de adaptação e integração vietnamitas na sociedade estadunidense uma empreitada especialmente penosa. Por outro lado, ao se posicionarem acriticamente como denunciadoras da República Democrática do Vietnã, essas memórias acabam não só por corroborar com o projeto imperialista estadunidense, como também a questionar as próprias lutas anticoloniais pela independência do Vietnã do jugo francês (que vigorou até 1954), cujo principal expoente foi o líder comunista Ho Chi Minh - revelando, no fim das contas, uma visão reacionária dos processos de libertação pelos quais passou o país ao longo do século XX.

Para Chattarji, tal literatura vietnamita-americana, escrita primordialmente para estadunidenses, faz parte de uma estratégia mais ou menos inconsciente de tentativa de integração no American way of life, de aceitação na terra estrangeira e de elaboração de uma ideia de pertencimento cujo objetivo seria construir, finalmente, uma identidade “100% americana” - como expressado pela vietnamita-americana Mai Holter em sua memória -, desejo já de saída impossível. É como se essa literatura fosse um exemplo especialmente decepcionante da ideia de hibridismo cultural, desenvolvida pelo crítico Homi Bhabha (1998BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1998. 441 p.) - ou, quem sabe, um contraexemplo de seu conceito normativo de entre-lugar, visto que o que se procura não é se afirmar no espaço fronteiriço e cambiante da dupla inscrição cultural, mas apenas conceber uma identificação com o colonizador como estratégia de autopreservação - e, o que é ainda mais frustrante, sem sucesso. Ou por outra, os escritos se tornam uma ilustração irônica do subalterno mudo de Gayatri Spivak (2010SPIVAK, Gayatri C. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora da UFMG , 2010. 133p. ) que, ao exercer politicamente o lugar de fala, já não é mais subalterno - não porque tenha alçado à posição emancipada decolonialista, mas, pelo contrário, porque se reconhece no discurso dominante. De todo modo, o corpus estudado por Chattarji e a análise que o acompanha formam uma importante reflexão para o campo dos estudos identitários, de memória e pós-coloniais, pois desestruturam, ainda que por um breve momento, algumas de suas categorias básicas, ao evidenciar que “lutas por reconhecimento”, para usar o termo do filósofo social Axel Honneth (2003HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Paulo: Editora 34, 2003. 296 p. ), de sujeitos inscritos num determinado grupo oprimido - no caso, uma comunidade que se consolida como raça no momento em que vai para o exílio - não são, necessariamente, garantia de resistência no sentido forte do termo.

Chattarji adverte, na introdução, que “seu trabalho (...) pretende pensar em conjunto e além da categoria de hibridismo, de argumentos tradicionais sobre memória e dos Critical Refugee Studies” (CHATTARJI, 2020CHATTARJI, Subarno. The distant shores of freedom: Vietnamese american memoirs and fiction. New Delhi: Bloomsbury, 2020. 320 p., p. 4)4 4 Todas as traduções de citações do livro de Chattarji são minhas. , visto que os conflitos e desconexões específicos à memória cultural vietnamita-americana envolvem contradições e fragilidades que demandam abordagens de outros campos teóricos. Com efeito, o autor delineia um esquema teleológico comum a praticamente todas as memórias e a um dos romances analisados: momentos de privação e violência no Vietnã do Sul durante e logo após a guerra; a transição nos campos de refugiados; o processo de aclimatação no novo país; a asserção da identidade estadunidense; e o retorno ao Vietnã que serve de reforço ao sentimento de gratidão e redenção em relação aos Estados Unidos. Esse padrão choca-se constantemente com os sentimentos de perda de identidade, de não-pertencimento, de luto e ódio, acompanhados de tensões raciais e da desumanização típica da sofrível condição de refugiado. Chamados de nguy pelos norte-vietnamitas - termo comumente traduzido por “traidor” ou “fantoche” -, os exilados do sul são párias num perene estado de purgatório e desterro, aguardando o encerramento de um ciclo e buscando “reconhecimento e restauração da dignidade” (CHATTARJI, 2020, p. 52) por meio de uma identidade estadunidense plena que, no entanto, nunca é atingida. O autor aponta, ainda, a ilusão dos memorialistas com as promessas de enriquecimento e consumo na “terra da liberdade” coexistindo com a retórica da lamentação, que ora acusa a nova pátria de abandono e negligência (em especial no que diz respeito à atuação dos Estados Unidos na guerra), ora reconhece-se na roupagem do “refugiado traumatizado” cuja trajetória condenada foi, enfim, salva pela generosidade e heroísmo estadunidenses, assumindo-se acriticamente como “vítimas da guerra, do comunismo, dos campos de refugiados e do racismo, mas não do imperialismo, do capitalismo ou do hipermilitarismo” (CHATTARJI, 2020, p. 80). Ao insistentemente clamarem para si a posição de meras vítimas da guerra, os vietnamita-americanos realizam um duplo movimento: colocam-se em posição passiva e isenta de responsabilidades diante do controle sobre o próprio destino e, simultaneamente, fazem coro aos Estados Unidos, cujos soldados retiraram-se do território vietnamita coroados como mártires vitimados, repletos de boas intenções.

Um outro mérito do autor que ainda vale destacar é sua constante observância ao caráter não confiável da memória. Se a literatura de testemunho procura colocar-se como “repositório da verdade e da objetividade” (CHATTARJI, 2020CHATTARJI, Subarno. The distant shores of freedom: Vietnamese american memoirs and fiction. New Delhi: Bloomsbury, 2020. 320 p., p. 56), cabe ao crítico questioná-la e buscar por seus pontos cegos, simplificações, omissões e amnésias seletivas, procurando clarificá-los a partir de hipóteses de leitura - que podem ser convincentes ou não. No caso em questão, Chattarji atesta uma coerência ideológica comum às memórias e tenta explicá-la a partir de duas hipóteses principais: a primeira é a de que essas omissões, amnésias etc. são necessárias ao sucesso da integração dos refugiados ao American way of life; a segunda, talvez um pouco mais frágil, é a de que seus sujeitos buscam encaixar-se na imagem do “bom refugiado”, cidadão que deve portar-se como indivíduo dócil e exemplar em relação ao que se considera um comportamento esperado de um expatriado - o que incluiria, por exemplo, gestos de gratidão como a produção de “narrativas aceitáveis” pelo leitor nativo, cuja expectativa é de subscrição ao discurso ideológico nacional. Sobretudo esta última hipótese faz surgir a seguinte questão: seria impossível conceber uma leitura das obras segundo a qual haveria um desejo genuíno, ativo, ainda que frustrado, por parte desses autores, de partilhar do “sonho americano” - da clássica sociedade capitalista, com seus riscos e chances de mobilidade social -, desejo transversal que atinge igualmente pobres e oprimidos das mais diversas regiões do globo, que tentam diariamente, e pelos mais variados meios, adentrar os Estados Unidos? Ou a corroboração à ideologia dominante se dá somente pelo afã de responder às expectativas desse outro ocidental, branco e colonizador?

Uma outra questão diz respeito a uma certa postura defensiva - e, ousaria dizer, indulgente - que o autor assume, já de saída, em relação a futuras acusações sobre a falta de valor estético das obras analisadas, que levanta suspeitas no leitor. Indicando que esse é um debate que apenas serve à construção do cânone branco, Chattarji afirma que “independente da aparente pobreza estética e literária, [essas obras] desempenham a valiosa tarefa estética e política de expor subjetividades e memórias cotidianas enterradas e silenciadas por narrativas dominantes” (CHATTARJI, 2020CHATTARJI, Subarno. The distant shores of freedom: Vietnamese american memoirs and fiction. New Delhi: Bloomsbury, 2020. 320 p., p. 28); mais à frente, afirma que “política e estética não podem ser separadas” (CHATTARJI, 2020, p. 165). É certo que as obras desempenham uma valiosa tarefa política, mas o próprio método analítico utilizado pelo autor - a apreciação de um número significativo de memórias em cada capítulo, mais os dois romances no penúltimo capítulo, e a busca por um padrão narrativo subjacente a todas as obras - já dá sinais do tipo de interesse específico que elas levantam, e que não é exatamente estético - e assumir isso não é um problema. Os escritos possuem um evidente valor etnográfico, tanto no sentido de colaborarem para a construção de uma contranarrativa sobre a guerra do Vietnã quanto em sua função subjetiva e intersubjetiva de “luta por reconhecimento” e dignidade; mas a discussão desses propósitos, a que convencionou-se em alguns círculos chamar de “virada terapêutica” dos estudos literários, me parece incompatível com uma discussão propriamente estética, visto que seu pressuposto utilitarismo social ético-reparador se choca com o princípio não-utilitário da obra de arte autêntica, aquela que resiste às pressões de ter que servir a algo, cujo fim é ela mesma5 5 Para uma discussão mais aprofundada sobre esse tema, cf. Cechinel, 2021. . Nesse sentido, um tratamento propriamente estético das obras talvez estivesse interessado menos nos padrões que se repetem - e que as transformam em memória coletiva de um grupo específico, e não só em expressão individual -, de grande relevância para a antropologia e a sociologia, e mais naquilo que as singulariza, que as diferencia umas das outras. Nem sequer os romances escaparam totalmente de ser tratados como uma espécie de “memória fictícia” dos vietnamita-americanos, apresentando soluções mais criativas para os mesmos problemas, mas, essencialmente, expressando verdades por meio da articulação da “especificidade de experiências, memórias e locais”, apenas “sem a pretensão de que sejam infinitamente replicáveis ou falem por todos” (CHATTARJI, 2020, p. 218).

Seguindo por esse caminho, explorar os momentos de raiva autocontida dentro das memórias, expressões residuais de subversão que soam dissonantes dentro do padrão de gratidão indébita em relação aos Estados Unidos - o que na psicanálise se costuma chamar “o retorno do recalcado” - fosse, quem sabe, uma postura crítica que concedesse não só maior distinção estética às obras, mas também política. Pois, se me é permitido uma provocação, há uma espécie de contradição performativa na intenção de resgatar narrativas que foram silenciadas pelos vencedores da História, cuja principal substância consiste, exatamente, na reprodução do discurso ideológico desses mesmos vencedores.

Digressões à parte, o livro é uma importante contribuição aos estudos decoloniais que cada vez mais vêm ganhando a atenção da academia brasileira, sobretudo por apresentar sem medo as contradições inerentes à posição do oprimido e as armadilhas a que leva “essa ‘voz’ engasgada engendrada pela ‘vitimização’” (CHATTARJI, 2020CHATTARJI, Subarno. The distant shores of freedom: Vietnamese american memoirs and fiction. New Delhi: Bloomsbury, 2020. 320 p., p. 215).

Referências

  • BHABHA, Homi K. O local da cultura Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1998. 441 p.
  • CECHINEL, André. Reconfigurações ético-reparadoras do literário hoje. Remate de Males, Campinas, v. 41, n. 1, 2021.
  • CHATTARJI, Subarno. The distant shores of freedom: Vietnamese american memoirs and fiction. New Delhi: Bloomsbury, 2020. 320 p.
  • HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Paulo: Editora 34, 2003. 296 p.
  • KURZ, Robert. O colapso da modernização: da derrocada do socialismo de caserna à crise da economia mundial. São Paulo: Paz e Terra, 2004. 244 p.
  • SPIVAK, Gayatri C. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora da UFMG , 2010. 133p.
  • 1
    Uso o termo no plural baseando-me na conceituação proposta por Robert Kurz (2004KURZ, Robert. O colapso da modernização: da derrocada do socialismo de caserna à crise da economia mundial. São Paulo: Paz e Terra, 2004. 244 p.), que diferencia o sistema econômico neoliberal estadunidense do socialismo soviético no contexto da Guerra Fria a partir da (falsa) oposição entre capitalismo de mercado e capitalismo de Estado.
  • 2
    Essas produções consistem em uma série de memórias publicadas, em sua maioria, por editoras pouco conhecidas, mais dois romances - Monkey bridge, de Lan Cao, e The sympathizer, de Viet Thanh Nguyen, ganhador do Prêmio Pulitzer de Ficção de 2016.
  • 3
    No original, “landscapes of memory”, termo que o autor toma emprestado do psiquiatra canadense Laurence Kirmayer, definido como um derivado da ideia de metamemória que molda “modelos implícitos de memórias que influenciam o que pode ser lembrado e citado como verídico” (CHATTARJI, 2020, p. 69).
  • 4
    Todas as traduções de citações do livro de Chattarji são minhas.
  • 5
    Para uma discussão mais aprofundada sobre esse tema, cf. Cechinel, 2021CECHINEL, André. Reconfigurações ético-reparadoras do literário hoje. Remate de Males, Campinas, v. 41, n. 1, 2021..
  • Parecer Final dos Editores

    Ana Maria Lisboa de Mello, Elena Cristina Palmero González, Rafael Gutierrez Giraldo e Rodrigo Labriola, aprovamos a versão final deste texto para sua publicação.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Ago 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    15 Set 2021
  • Aceito
    30 Abr 2022
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