RESUMO:
Neste trabalho, investigamos o processo de causativização no português brasileiro, buscando compreender as restrições e generalizações que permitem explicar os dados aparentemente caóticos de nossa lingua. Para tal, utilizamos o método hipotético-dedutivo e partimos da tese de que são elementos do dominio acional que determinam o comportamento dos verbos em relação à incidência de causalidade. Como consequência, apresentamos neste artigo uma revisão teórica das classes acionais, utilizando ferramentas de um modelo decomposicionista recente denominado Nanossintaxe (STARKE, 2009STARKE, M. Nanosyntax: A short primer to a new approach to language. Nordlyd, Tromso, v. 36, n. 1, 2009. Special issue on Nanosyntax.). Com isso, será possível entender as restrições mais rigorosas que as classes ‘estado’ e ‘accomplishment’, por exemplo, impõem para o fenômeno da causativização, levando em conta conceitos sintático-semânticos mais finos, como Iniciação, Processo, Resultado e Limite. Concluímos, deste modo, que para um predicado ser interpretado enquanto causativo faz-se necessário que o evento por ele denotado seja de natureza dinâmica. Além disso, demonstramos que a sequência funcional (f-seq) da forma como é proposta dentro do modelo nanossintático permite explicar a associação de mais de um nódulo sintático a um mesmo argumento verbal, assim como a sua desassociação e consequente identificação com um núcleo causativo nulo.
PALAVRAS-CHAVE:
Causativização; Decomposição de eventos; Classes acionais; Nanossintaxe; Hierarquia funcional do domínio verbal