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ANÁLISE DO JORNAL POPULAR SUPER NOTÍCIA SOB ENFOQUE CRÍTICO E MULTIMODAL

RESUMO:

Este artigo tem como objetivo examinar, sob o enfoque da Análise Crítica do Discurso e da Multimodalidade, duas capas do jornal popular Super Notícia para identificar a relação entre as escolhas linguísticas e imagéticas e as ideologias, hegemonias e estratégias de persuasão usadas pelos produtores do jornal na busca de interação e aceitação do produto pelo público-alvo. A análise parte de aspectos linguísticos, perpassando por aspectos imagéticos até atingir as ideologias explícitas ou implícitas contidas no discurso de capa do jornal. “Análise Crítica” implica mostrar conexões e causas ocultas, pois as relações entre as mudanças discursiva, social e cultural nem sempre são transparentes. Os resultados apontam que, através de estratégias como democratização e tecnologização discursivas, o jornal busca persuadir seu público-leitor e vender o produto. Por outro lado, as imagens relevam a manutenção de práticas e ideologias relacionadas com questões de gênero, preservação de hegemonias e manutenção de estereótipos.

PALAVRAS-CHAVE:
Jornal; Persuasão; Popular; Análise crítica; Multimodalidade

ABSTRACT:

This article aims to analyse, through the Critical Discourse Analysis and a Multimodal perspective, two front-pages of Super Notícia, a popular newspaper, to identify the relationship between the linguistic and image choices and the ideologies, hegemonies and persuasion strategies used by the newspaper's producers in search for interaction and acceptance of the product by the target audience. The analysis is based on linguistic aspects, passing through the image aspects until it reaches the explicit or implicit ideologies contained in the newspaper's front-page speech. “Critical Analysis” implies showing implicit connections and causes, since the relations between the discursive, social and cultural choices are not always transparent. The results show that, through discursive strategies, such as democratization and technologization, the newspaper seeks to persuade its audience and sell the product. Moreover, the images are used for the maintenance of practices and ideologies concerning gender, hegemony preservation and maintenance of some stereotypes.

KEYWORDS:
Newspaper; Persuasion; Popular; Critical analysis; Multimodality

Introdução

Lidamos com textos multimodais diariamente, ao lermos jornais, assistirmos televisão, lermos um livro etc., e, dessa forma, nosso enquadrante semiótico de análise deveria permitir-nos compreender mais sobre a contribuição dos diferentes modos nas nossas práticas semióticas em constante mutação. A Multimodalidade está cada vez mais incorporada ao currículo escolar e precisa ser abordada em no trabalho educacional. Além do conhecimento prático, é necessário que se tenha acesso a ferramentas analíticas que tornem tais potencialidades e os limites dessas modalidades mais aparentes e mais suscetíveis a desafios e a seu redesenho, caso haja necessidade. Os programas de letramento precisam facilitar o trabalho metassemiótico dos alunos. Ao analisarmos os diferentes produtos midiáticos de forma crítica e a partir de diferentes perspectivas, estamos contribuindo para constituição de sujeitos mais reflexivos e atuantes nos diferentes setores da sociedade.

O objetivo é examinar, sob o enfoque da Análise Crítica do Discurso e da Multimodalidade, duas capas do jornal popular Super Notícia para identificar as escolhas linguísticas e imagéticas e as ideologias e relações de poder que subjazem a essas formas. A análise parte de uma análise linguística com base na Gramática Sistêmico-Funcional de Halliday (1994)HALLIDAY, M. A. K. An introduction to functional grammar. London: Edward Arnold, 1994. e Halliday e Matthiessen (2004HALLIDAY, M. A. K.; MATTHIESSEN, C. M. I. M. An introduction to functional grammar. 3.ed. London: Arnold, 2004.; 2013HALLIDAY, M. A. K.; MATTHIESSEN, C. M. I. M. An introduction to functional grammar. 4.ed. New York: Routledge, 2013.), na Avaliatividade (MARTIN, 2000MARTIN, J. R. Beyond exchange: APPRAISAL Systems in English. In: HUNSTON, S.; THOMPSON, G. (Ed.). Evaluation in text. Oxford: Oxford University Press, 2000. p.142-175.), perpassa pela análise das imagens com base na Multimodalidade (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. London: Routledge, 2006.) para chegar a uma análise das ideologias, persuasão e hegemonias presentes nas capas com base na Análise Crítica do Discurso (ACD) de Norman Fairclough (1994FAIRCLOUGH, N. Discourse and social change. Cambridge: Polity, 1994., 2016FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Brasília: Ed. da UnB, 2016.).

Tal proposta de análise crítica se baseia na concepção tridimensional de Fairclough (1994)FAIRCLOUGH, N. Discourse and social change. Cambridge: Polity, 1994. que propõe que uma análise verdadeiramente crítica parte de micro aspectos linguísticos, perpassa pela forma de distribuição dos textos e seu consumo e atinge as práticas sociais, ou seja, aspectos ideológicos e hegemônicos contidos nos textos. A ideologia, segundo Fairclough (1994)FAIRCLOUGH, N. Discourse and social change. Cambridge: Polity, 1994., representa construtos da realidade presentes nas várias dimensões e formas nas práticas discursivas.

Todas as teorias se mostram interligadas, pois foi a partir de uma recontextualização da Gramática Sistêmico-Funcional (GSF) que Norman Fairclough iniciou seus estudos sobre a Análise Crítica do Discurso, que também se baseia na visão sóciossemiótica da linguagem proposta por Halliday (1994)HALLIDAY, M. A. K. An introduction to functional grammar. London: Edward Arnold, 1994., buscando uma fusão entre a análise linguística e a social.

Já a Multimodalidade, conforme Kress e van Leeuwen (1996KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. London: Routledge, 1996., 2006KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. London: Routledge, 2006.) salientam, representa uma expansão da GSF e das metafunções propostas por Halliday que, segundo os autores, se aplicam, não somente ao estudo da linguagem verbal, mas, também, às análises de diversos tipos de imagens que compõem os textos.

Base teórica

A Gramática Sistêmico-Funcional (GSF)

A GSF baseia-se na concepção sociossemiótica de sistema, de Firth, de que uma teoria sistêmica é uma teoria de escolhas, em que cada escolha é avaliada em relação às que não foram feitas.

Para a GSF, a língua serve para construir, simultaneamente, três significados, ou metafunções, segundo Halliday (1994)HALLIDAY, M. A. K. An introduction to functional grammar. London: Edward Arnold, 1994. e Halliday e Matthiessen (2004HALLIDAY, M. A. K.; MATTHIESSEN, C. M. I. M. An introduction to functional grammar. 3.ed. London: Arnold, 2004., 2013HALLIDAY, M. A. K.; MATTHIESSEN, C. M. I. M. An introduction to functional grammar. 4.ed. New York: Routledge, 2013.).

A Metafunção Ideacional, que representa os eventos das orações em termos de fazer, sentir ou ser, por meio do sistema da Transitividade, que envolve: (a) Participantes; (b) Processos e (c) Circunstâncias. Em função dos diferentes processos (em número de 6), diferentes também serão os Participantes em cada um deles, os quais podemos resumir no Quadro 1.

Quadro 1
Relação Processos/Participantes

Na Metafunção Interpessoal, segundo Halliday, a oração está organizada como um evento interativo, envolvendo falante (ou escritor) e audiência. Os tipos fundamentais de papel de fala são apenas dois: (i) dar e (ii) pedir. O falante ou está dando, ou está pedindo algo para o ouvinte (uma informação, por exemplo). Portanto, um “ato” de fala é algo que poderia ser mais apropriadamente chamado de uma “interação”: é uma permuta, na qual dar implica receber e pedir implica dar em resposta.

Já a Metafunção Textual organiza os significados ideacionais e interpessoais de uma oração. Halliday e Matthiessen (2004HALLIDAY, M. A. K.; MATTHIESSEN, C. M. I. M. An introduction to functional grammar. 3.ed. London: Arnold, 2004., 2013HALLIDAY, M. A. K.; MATTHIESSEN, C. M. I. M. An introduction to functional grammar. 4.ed. New York: Routledge, 2013.) afirmam que as línguas têm diferentes modos para marcar a parte da oração que é proeminente. Essa posição é chamada Tema, e sua função é ser o ponto de partida para a mensagem. A posição temática abrange até o primeiro elemento ideacional da oração. O restante é chamado de Rema. Devido ao fato de o Tema ser sempre o solo de onde a oração decola, ele também funciona como pano de fundo para a interpretação do Rema. Exemplo: Ele era um retirante. “Ele” representa o Tema da oração; e “era um retirante” representa o Rema, afirmação que se faz sobre o Tema.

Essas metafunções ocorrem ao conjuntamente: cada escolha que fazemos realiza as três metafunções. Portanto, tudo que expressamos linguisticamente contém, simultaneamente, uma informação (Ideacional), dita a alguém (Interpessoal), de algum modo (Textual).

O texto, de acordo com os pressupostos da GSF, é entendido como um fenômeno social e, como tal, é condicionado por outros sistemas sociais. A língua é um sistema semiótico, constituído por sistemas de “opções”, o que permite aos falantes fazerem “escolhas” léxico-gramaticais, segundo as circunstâncias sociais. E essas opções formais são sempre significativas (HALLIDAY, 1994HALLIDAY, M. A. K. An introduction to functional grammar. London: Edward Arnold, 1994.), já que ao se fazer uma escolha no sistema linguístico, o que se diz adquire significado contra um fundo em que se encontram as escolhas que poderiam ter sido feitas.

A GSF tem recebido críticas e contribuições no decorrer dos tempos. Irei discutir a noção de Avaliatividade (Appraisal), proposta por Martin (2000)MARTIN, J. R. Beyond exchange: APPRAISAL Systems in English. In: HUNSTON, S.; THOMPSON, G. (Ed.). Evaluation in text. Oxford: Oxford University Press, 2000. p.142-175., já que, segundo ele, a Metafunção Interpessoal não se restringe a dar e receber informações ou bens e serviços, mas inclui também a avaliação que o falante/escritor faz do conteúdo da mensagem, bem como de seu interlocutor.

A Avaliatividade

Na GSF, diz Martin (2000)MARTIN, J. R. Beyond exchange: APPRAISAL Systems in English. In: HUNSTON, S.; THOMPSON, G. (Ed.). Evaluation in text. Oxford: Oxford University Press, 2000. p.142-175., a Metafunção Interpessoal tem sido gramatical em sua base, funcionando no nível da oração, em que Mood1 1 Mood tem sido traduzido por Modo (com inicial maiúscula), mas esse termo causa confusão com “modo”, variável de Registro, que, quando em início de oração, é igualmente escrita com inicial maiúscula. Daí porque mantivemos o original Mood. e modalidade servem como pontos de partida para o desenvolvimento de modelos da função de fala, estrutura de troca etc. (HALLIDAY, 1994HALLIDAY, M. A. K. An introduction to functional grammar. London: Edward Arnold, 1994.). A tradição-baseada-na-gramática tem focalizado o diálogo como uma troca de bens e serviços ou informação. O que tendeu a ser omitido pelas abordagens da GSF, diz Martin, é a semântica da avaliação – como os interlocutores estão sentindo, os julgamentos que eles fazem e a apreciação de vários fenômenos de sua experiência. Juntamente com modelos baseados na gramática, então, precisamos elaborar sistemas lexicalmente orientados que tratem também desses elementos.

Martin examina o léxico avaliativo que expressa a opinião do falante (ou do escritor) sobre o parâmetro bom/mau. Ele se enquadra na tradição da GSF, e o sistema de escolhas usado para descrever essa área de significado potencial é chamado Appraisal (doravante Avaliatividade).

A Avaliatividade envolve os subsistemas de (a) Compromisso; (b) Atitude e (c) Gradação. A Atitude abrange: (i) o Afeto, que trata da expressão de emoções (felicidade, medo etc.); (ii) o Julgamento, que trata da avaliação moral (honestidade, generosidade etc.); e (iii) Apreciação, que trata da avaliação estética (sutileza, beleza etc.). Veja o Quadro 2:

Quadro 2
Subsistemas da Avaliatividade

Por outro lado, quando a avaliação está explicitamente realizada, diz Martin, é fácil a análise da Atitude em positiva ou negativa em relação a algum evento: (1) Felizmente/Infelizmente, o Brasil desafiou os EUA na ALCA. Mas em certos casos a avaliação não está inscrita explicitamente, como em: (2) O Brasil desafiou os EUA na ALCA. Esse fato levou Martin a postular uma distinção importante, como mostra o Quadro 3.

Quadro 3
Meios de ativação da Avaliatividade

Martin (2000)MARTIN, J. R. Beyond exchange: APPRAISAL Systems in English. In: HUNSTON, S.; THOMPSON, G. (Ed.). Evaluation in text. Oxford: Oxford University Press, 2000. p.142-175. fala também em pareamento do significado ideacional com o interpessoal presente na avaliação na linguística. Assim, surge um item complicador que é o fato de que o que conta como a Avaliatividade depende do contexto. Por isso, significados Ideacionais que não usam léxico avaliativo explícito podem ser usados para evocar apreciação, afeto e julgamento.

A GSF e seu prolongamentos serviram como base para os estudos de Fairclough (1994FAIRCLOUGH, N. Discourse and social change. Cambridge: Polity, 1994., 2016FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Brasília: Ed. da UnB, 2016.) que deram origem a Análise Crítica do Discurso (ACD). Passo a seguir a uma análise da ACD.

A Análise Crítica do Discurso (ACD)

A Análise Crítica do Discurso (ACD) está interessada no questionamento das relações entre signo, significado e o contexto sócio histórico que governam a estrutura semiótica do discurso, usando um tipo de análise linguística. Ela procura, estudando detalhes da estrutura linguística à luz da situação social e histórica de um texto, trazer, para o nível da consciência, os padrões de crenças e valores codificados na língua – que estão subjacentes à notícia e que são invisíveis para quem aceita o discurso como algo “natural”.

A meta de uma análise linguística crítica de um texto é desemaranhar os significados ocultos em suas estruturas lexicais, semânticas e sintáticas conforme elas gradualmente mediam o significado geral e ver como esses significados ajudam a construir o conteúdo ideológico, de tal forma que em última análise esse conteúdo seja não somente captado, mas também conquistado. Neste sentido, Fairclough (1989, p.1 apud KITIS; MILAPIDES, 1996KITIS, E.; MILAPIDES, M. Read it and believe it: how metaphor constructs ideology in news discourse: a case study. Journal of Pragmatics, Amsterdan, n.28, p.557-590, 1996) afirma que a consciência seria o primeiro passo em direção da emancipação.

A visão de Fairclough (1994FAIRCLOUGH, N. Discourse and social change. Cambridge: Polity, 1994., 2016FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Brasília: Ed. da UnB, 2016.) acerca do discurso e das relações de poder que através dele se estabelecem é de natureza mais linguística, e ele usa a palavra “discurso” de forma mais restrita do que os cientistas sociais, limitando o termo ao uso falado ou escrito da língua. Porém, ele considera esse uso uma prática social, ao invés de uma atividade puramente individual. Isso gera duas implicações: em primeiro lugar, o discurso é visto como uma forma de ação sobre o mundo e, em segundo lugar, isso faz com que exista uma relação dialética entre discurso e estrutura social. Se por um lado o discurso é moldado e limitado pela estrutura social no mais amplo sentido e em todos os níveis, através de sistemas de classificação, normas e convenções de natureza discursiva e não discursiva, por outro lado, ele é constituinte de todas as dimensões da estrutura social que, direta ou indiretamente, molda e limita.

Fairclough (1994)FAIRCLOUGH, N. Discourse and social change. Cambridge: Polity, 1994. busca analisar o discurso frente às mudanças que têm ocorrido no mercado de consumo globalizado e, consequentemente, nas diferentes áreas da vida social. Essas mudanças afetam as relações sociais e as identidades das pessoas, e parte delas consiste em mudanças nas práticas discursivas, ou seja, no uso da língua e como ele tem assumido grande importância como um meio de produção e controle social.

Fairclough (1995)FAIRCLOUGH, N. Media discourse. London: Hodder Arnold, 1995. identifica no discurso o que ele chama de “personificação sintética”, uma simulação do privado, através do discurso público de massa (jornais, revistas, rádio e televisão). Essa tendência, que está ligada à migração do discurso privado para os domínios institucionais, é estabelecida através de lutas e possui estabilidade limitada devido à heterogeneidade de seus próprios elementos contraditórios que levam a mais lutas e mudanças.

Fairclough (1995)FAIRCLOUGH, N. Media discourse. London: Hodder Arnold, 1995. aponta três tendências de mudança no discurso contemporâneo da mídia: a democratização, a tecnologização e a mercantilização ou comercialização.

A democratização tem representado um parâmetro para as mudanças discursivas nas últimas décadas. Fairclough (1995)FAIRCLOUGH, N. Media discourse. London: Hodder Arnold, 1995. aponta áreas principais nas quais a democratização tem sido mais visível: as relações entre línguas e dialetos, o acesso a formas de prestígio do discurso, a eliminação de marcadores de poder em certos discursos institucionais (informalidade maior no uso da língua) e as mudanças linguísticas nas práticas de gênero.

Quanto à tecnologização do discurso, Fairclough (1995)FAIRCLOUGH, N. Media discourse. London: Hodder Arnold, 1995. acredita que em entrevistas e anúncios, por exemplo, estão sendo empregadas ferramentas diversas de formas bastante variadas, e tais ferramentas ou tecnologias estão sendo usadas por agentes sociais em instituições específicas. Eles detêm o poder, e as tecnologias discursivas desenhadas servem para produzir certos efeitos sobre determinados tipos de público que as desconhecem.

Com relação à comercialização, a crescente construção do público consumidor e a pressão sobre os produtores para entreter podem ser vistas como parte de uma normalização e naturalização do comportamento e da cultura consumista, que envolve anúncios e representações de pessoas em vários tipos de mensagens midiáticas. A mídia, também, influencia as práticas discursivas de domínio privado, fornecendo modelos de interação e estabelecendo relação dialética complexa entre seu discurso e o dia a dia.

Além dos recursos linguísticos, uma análise crítica se preocupa com as imagens que compõem os textos e, por isso, passo à análise de imagens e à multimodalidade.

A análise de imagens e a multimodalidade

Com relação às imagens, representações e relação com o mundo real, Jacques Aumont (2004)AUMONT, J. As teorias dos cineastas. Campinas: Papirus, 2004. acredita que a produção de uma imagem nunca é gratuita, uma vez que elas são produzidas para determinados usos individuais ou coletivos. Ele acredita que o valor simbólico de uma imagem é definido “pragmaticamente pela aceitabilidade social dos símbolos apresentados” (AUMONT, 2004AUMONT, J. As teorias dos cineastas. Campinas: Papirus, 2004., p.79).

O autor adverte que, hoje em dia, não é possível imaginar um espectador sem considerar seu conhecimento prévio, uma vez que a imagem é produzida para ser acreditada e conter certas crenças. A relação espectador-imagem se dará através de um conjunto de determinações sociais, em especial os meios e técnicas de produção das imagens, seu modo de circulação e produção, os lugares onde elas estarão acessíveis e os suportes para sua difusão.

Martine Joly (2009)JOLY, M. Introdução à análise da imagem. Campinas: Papirus, 2009. acredita que a imagem seja algo heterogêneo, e, com o intuito de analisá-la, pode-se fazer a seguinte divisão: signos icônicos (imagens em si), signos plásticos (cores, formas, composição interna, textura) e signos linguísticos (linguagem verbal). Esses signos, juntos, constroem um significado explícito (global) e um significado implícito. Ela acredita que uma análise da linguagem visual seja mais complexa devido a seu grau de continuidade. Joly corrobora a visão de Aumont, que acredita que, para que possamos compreender melhor uma mensagem visual, é preciso saber para quem ela foi produzida e que essa função comunicativa irá determinar sua significação. Para Joly, uma maneira de se começar a analisar as imagens seria passar do verbal ao visual, uma vez que um projeto de imagem é primariamente verbalizado antes de ser realizado visualmente.

Minhas análises das capas de jornal popular se apoiam na proposta de Joly (2009)JOLY, M. Introdução à análise da imagem. Campinas: Papirus, 2009., que acredita que uma análise discursiva deve partir da estrutura linguística, passando pelas imagens para chegar às ideologias e representações. Outra teoria que se mostra útil para as análises das imagens contidas nas capas do jornal é a Multimodalidade.

Macken-Horarik (2004)MACKEN-HORARIK, M. Interacting with the multimodal text: reflections on image and verbiage in Art Express. Visual Communication, London, v.3, n.1, p.5-26, 2004. acredita que o fenômeno de texto multimodal representa um desafio para muitos analistas do discurso, particularmente para aqueles que utilizam ferramentas linguísticas moldadas para o texto verbal. Ela analisa a contribuição complementar entre as imagens e palavras no processo de construção de significados, apoiando-se, principalmente, no princípio da Avaliatividade.

Macken-Horarik (2004)MACKEN-HORARIK, M. Interacting with the multimodal text: reflections on image and verbiage in Art Express. Visual Communication, London, v.3, n.1, p.5-26, 2004. diz que a Gramática Sistêmico-Funcional (HALLIDAY, 1978HALLIDAY, M. A. K. Language and a social semiotic: the social interpretation of language and meaning. London: Edward Arnold, 1978.) é adequada para a análise multimodal do discurso pelos seguintes motivos:

  1. A GSF relaciona as estruturas linguísticas ao contexto social.

  2. A GSF mapeia não somente palavras, mas arranjos de palavras – sintagmas (“wording”, para Halliday), e possibilita sua análise em termos funcionais. Segundo Kress e van Leeuwen (1996KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. London: Routledge, 1996., p. 260), porém, a análise de imagens tem focalizado itens de contexto, ou “lexis”, e não a estrutura interna das imagens, ou “sintaxe”. Essa é uma tarefa importante para o desenvolvimento de “gramáticas” que possam relacionar estruturas linguísticas a não linguísticas.

  3. A GSF é uma gramática orientada para escolhas, e não para regras. As escolhas linguísticas estão modeladas em termos de sistemas de redes – séries de opções relacionadas a diferentes significados que são realizados pela léxico-gramática (tipos de orações e frases).

  4. A GSF incorpora três tipos de significados, as “metafunções”, na análise da comunicação humana. Esse princípio metafuncional tem proporcionado aos semióticos categorias abstratas e gerais para a análise de diferentes sistemas semióticos.

Kress e van Leeuwen (2006)KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. London: Routledge, 2006. acreditam que gêneros textuais diferentes, se classificados pelo tipo de mídia (revista em quadrinhos, desenhos, filmes, TV, pintura) ou conteúdo (faroeste, ficção cientifica, romance, notícias), estabelecem conjuntos específicos de marcadores de modalidade, havendo um valor geral de modalidade que age como base para o gênero. Tal base pode ser diferente para diferentes tipos de leitor e para diferentes textos, mas essas diferenças só adquirem significado a partir de suas relações com o valor central da modalidade do gênero.

A composição relacionada aos significados representacionais e interativos da imagem é agrupada em três sistemas inter-relacionados:

  1. Valor da informação: colocação dos elementos (esquerda, direita, em cima, em baixo).

  2. Saliência: os elementos atraem o público em diferentes graus (pano de fundo, frente, tamanho, contrastes de cor etc.).

  3. Moldura: conexão de elementos na figura.

Quanto ao posicionamento dos elementos nas imagens, Kress e van Leeuwen (2006)KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. London: Routledge, 2006. salientam que aqueles elementos que estão colocados à esquerda da imagem podem ser entendidos como “o Dado”, ou seja, elementos sobre os quais o público já tem conhecimento; já os elementos colocados à direita da imagem representam “o Novo”, ou seja, elementos que estão sendo apresentados ao consumidor.

Os mesmos autores afirmam que, em uma composição visual, há elementos colocados no topo e outros colocados na parte inferior da imagem. Os elementos colocados na parte superior representam o “Ideal”, e os elementos colocados na parte inferior representam o “Real”.

O Real apresenta informações detalhadas e práticas próximas da realidade. Se a composição visual faz uso significativo do centro, colocando certo elemento no centro e os demais à sua volta ou às margens, o que se encontra no centro representa, na maioria das vezes, o núcleo da informação.

Independentemente do local em que o elemento é colocado, a saliência cria uma hierarquia de importância, valorizando alguns elementos em relação aos demais.

Kress e van Leeuwen (2006)KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. London: Routledge, 2006. afirmam que na interação do dia a dia as relações sociais determinam a distância que será mantida em relação ao outro. Para eles, existem diferenças, também, no campo das imagens. De uma distância íntima, podemos ver todo o rosto ou a cabeça. De uma distância próxima pessoal, veem-se a cabeça e os ombros. De uma distância pessoal distante, vê-se até o quadril. De uma distância social próxima, vê-se toda a figura e, de uma distância social distante, vê-se toda a figura, incluindo seu entorno. De uma distância pública distante, vê-se o dorso de, pelo menos, quatro ou cinco pessoas.

Os ângulos altos fazem com que o sujeito pareça pequeno e insignificante; sendo assim, o participante interativo (leitor) tem poder sobre o participante representado (imagem ou modelo de capa). Nos ângulos baixos há impressão de superioridade e triunfo do representado sob o interativo.

Para Hodge e Kress (1988)HODGE, R.; KRESS, G. Social semiotics. New York: Cornell University Press, 1988. o estilo, o sotaque e a estrutura gramatical referem-se ao mesmo fenômeno social, os metassinais, cuja função é sustentar a diferença e a coesão, declarando a ideologia de um grupo. Os metassinais são conjuntos de marcadores sociais de lealdade (solidariedade, identidade de grupo e ideologia) que permeiam a maioria dos textos. Esses marcadores, primeiramente, referem-se a relações no plano semiótico (produção de significados), podendo até parecerem arbitrários ou sem sentido, embora carreguem significados ideológicos consistentes.

Todos os itens presentes no discurso midiático como jornais e revistas, ou seja, incorreções gramaticais, de vocabulário ou pronúncia, numerais, negritos, itálicos, etc. são usados para representar os estereótipos, significar um sotaque, um estilo de fala, significados ideológicos e validar marcas comuns em determinados grupos ou contextos sociais. A linguagem coloquial significa contato direto com o público endereçado. Já atos de imagem, como dar as costas ou desviar o olhar, podem representar falta de solidariedade.

Os metassinais possuem grande importância para a análise da linguagem apresentada nos jornais populares.

A linguagem publicitária: o slogan

Para Iasbeck (2000)IASBECK, L. C. A. A arte dos slogans: as técnicas de construção das frases de efeito no texto publicitário. São Paulo: Annablume, 2000., a linguagem publicitária hoje já é parte integrante de diversos discursos. Ela emigrou dos jornais, revistas, cartazes, computadores, televisão e cinema para as conversas rotineiras do dia a dia. O estudo dos slogans – frases breves e compactas, sedutoras e significativas a ponto de perturbarem não só a produção de sentido de outras formas de pensar e dizer, mas também a percepção daquilo que convencionamos chamar “realidade” – proporciona um instrumental adequado para entender sua interferência nos diversos discursos.

Iasbeck obteve alguns dados em seu estudo sobre os slogans:

  1. Os slogans mais eficazes desprendem-se do caráter meramente referencial que os liga a seus objetos, em vantagem das conotações simbólicas.

  2. Os slogans publicitários criam, provocam e/ou sedimentam relações funcionais com os demais modos de pensar e agir que estão presentes nos demais sistemas culturais.

  3. Os slogans necessitam alimentar-se de elementos periféricos da não cultura2 2 Expressão muito utilizada nas teses eslavas da Semiótica da Cultura, é de autoria dos semioticistas das escolas de Tartu e Moscou. Refere-se a todos os acontecimentos, ideias e objetos que não participam de uma determinada cultura. Assim, tudo o que não participa dessa dada cultura é, para ela, sua correspondente não cultura. sob pena de se tornarem excessivamente redundantes e, consequentemente, obsoletos.

Para Iasbeck (2000)IASBECK, L. C. A. A arte dos slogans: as técnicas de construção das frases de efeito no texto publicitário. São Paulo: Annablume, 2000., os slogans possuem prazo muito curto de validade, tornandose “datados” após poucos meses de uso. Somente em algumas poucas situações eles permanecem ativos por um período maior de tempo.

O slogan aparece dentro de um ambiente que contém a propaganda e o marketing. A ideia de marketing está intimamente ligada ao modo de produção capitalista. O próprio termo, de origem norte-americana, refere-se ao ato de vender e comprar toda espécie de mercadoria ou produtos – gêneros ou especialidades3 3 “Os produtos naturais (arroz, feijão, minério etc.) são gêneros. Os produtos industriais são especialidades.” (SANT'ANNA, 1982, p.28). – em algum ponto de comercialização. As atividades de marketing constituem um conjunto de ações com finalidade de fazer com que um determinado serviço ou produto seja consumido. Para isso, os estudos de marketing indicam ser imprescindível conhecer os consumidores e suas necessidades, não só para provê-las, mas também para criar outras expectativas que possam ser satisfeitas com novos bens de produção, realimentando, dessa forma, o sistema produtivo.

O slogan se torna mais facilmente reconhecível por algumas peculiaridades de sua estrutura: é uma frase concisa, marcante, geralmente incisiva, atraente, de fácil percepção e memorização, que apregoa as qualidades e a superioridade de um produto, serviço ou ideia.

Provérbios, máximas, anexins, refrãos, adágios, parêmias, jargões, clichês, divisas, lemas e palavras de ordem são denominados “frases de efeito”, por serem sintagmas que, apesar de se caracterizarem por peculiaridades distintas, possuem em comum algumas invariáveis, tais como: brevidade, condensação, autoridade, prestígio, anonimato, ambiguidade, humor, impacto, cadência e comunicação imediata. Os três tipos de frase de efeito mais representativos são os provérbios, as máximas e as palavras de ordem (normas, divisas e lemas).

Os slogans se utilizam de uma riqueza de imagens sugeridas pelo texto, propiciando leituras múltiplas, mas sempre situadas, direta ou indiretamente, no campo semântico da ideia ou do objeto anunciado. Isso é possível através de recursos retóricos e poéticos. Os paralelismos sintáticos, semânticos, rítmicos ou acústicos – as metáforas, catacreses, animismos, metonímias, dentre outras – provocam deslocamentos, associações inusitadas, criam novos significados para imagens estereotipadas e propiciam ao sintagma uma aproximação daquilo que se deseja invocar no anúncio.

Como os slogans visam destinatários heterogêneos e geograficamente dispersos, essas estruturas conseguem, com economia de texto, evitar o pensamento reflexivo sobre o que anonimamente se afirma. Os chavões e frases feitas são criados pela repetição exaustiva em contextos diferenciados e conseguem “engatar” um pensamento após outro sem que a palavra passe, necessariamente, pelo processo de pensamento.

As frases entrecortadas, segundo Iasbeck (2000)IASBECK, L. C. A. A arte dos slogans: as técnicas de construção das frases de efeito no texto publicitário. São Paulo: Annablume, 2000., também são conhecidas como “frases telegráficas” e dissimulam sintaticamente o período composto, abrindo, com isso, espaços reticenciosos preenchidos pelo leitor. Em publicidade, tais construções têm o mérito de convocar o receptor a completar seu sentido, valorizando-o. A imprecisão sintática traz vantagens significativas à brevidade, compactando ideias e permitindo a participação do leitor nessa tarefa.

O texto publicitário – mais especificamente, os slogans – utiliza-se de metáforas, metonímias e elipse, assumindo assim o repertório do público-alvo e identificando as necessidades daquele segmento num processo que cria comunicação pela empatia. Através da organização metafórica, podemos entender como se organiza o pensamento de uma dada cultura, sua maneira de conceituar algo através de relações singulares com outras realidades. A experiência comum talvez seja a base dessas formações.

O jornal popular e o Super Notícia

O mercado de jornais populares cresceu muito nos últimos anos. Segundo Finatto et al. (2011)FINATTO, M. J. B. et al. Características do jornalismo popular: avaliação da inteligibilidade e auxílio à descrição do gênero. [2011]. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/textecc/porlexbras/porpopular/arquivos/FINAL_Certo_Finatto_Scarton_Aluisio_Rocha_10pmj.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2015.
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, trata-se de um segmento comercial que visa atingir uma camada da população brasileira com baixo poder aquisitivo e escolaridade, que apresenta pouco hábito de leitura. Os jornais populares oferecem preços baixos, usam textos curtos e diretos, recursos imagéticos, linguagem simplificada e didatismo. Os temas são ligados ao cotidiano, incluindo saúde, mercado de trabalho, transporte e educação, mas grande parte das matérias também são destinadas ao esporte, celebridades e casos policiais, denotando uma preservação de aspectos ligados às tradicionais publicações sensacionalistas.

O jornal Super Notícia apresenta muitas características apontadas por Finatto et al. (2011)FINATTO, M. J. B. et al. Características do jornalismo popular: avaliação da inteligibilidade e auxílio à descrição do gênero. [2011]. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/textecc/porlexbras/porpopular/arquivos/FINAL_Certo_Finatto_Scarton_Aluisio_Rocha_10pmj.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2015.
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e começou a circular no dia 01 de maio de 2002. Ele pertence à Editora Sempre, responsável por outros grandes jornais de Minas Gerais, como O Tempo. O Super Notícia surgiu, conforme informação fornecida por seus editores, para suprir a carência de tabloides destinados aos públicos das classes C e D em todo o Estado de Minas Gerais, principalmente na capital e região metropolitana. Atualmente, ele é lido por todas as classes sociais que buscam informação mais direta, barata e acessível, mas sua maior abrangência é ainda nas classes a que originariamente se destina. A tiragem diária é de cerca de 250 mil exemplares, sendo vendido em cerca de 400 cidades em todas as regiões de Minas Gerais.

As capas do jornal obedecem ao critério de relevância, ou seja, as notícias mais importantes farão parte da capa, mas notícias relacionadas ao mundo dos esportes, prestação de serviços, crimes e tragédias quase sempre estão presentes na confecção das capas. Os editores afirmam que, desde 2009, a confecção das capas tem seguido padrões de cores e aumentado o número de chamadas, além da principal manchete.

O jornal conta ainda com uma edição na internet, destinada somente aos assinantes, que poderão acessar o mesmo conteúdo do jornal impresso, porém com atualização mais imediata das informações.

A edição que circula durante a semana custa 0,25 centavos e, aos domingos, o produto é vendido a 0,50 centavos. De acordo com pesquisa feita pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e disponibilizada em sua página na internet, em 2014, o Super Notícia foi o jornal impressos mais vendido, ultrapassando até mesmo jornais tradicionais como a Folha de S. Paulo.

Análise de dados

Metodologia de Análise

As capas do jornal Super Notícia foram analisadas a partir de dois tipos de análises: micro e macro. Desta forma, a análise parte dos elementos linguísticos, passando pelos elementos visuais e aspectos multimodais até chegar à análise discursiva, que engloba ideologias, hegemonias e estratégias de persuasão. Trata-se de uma publicação diária e isso indica inúmeras edições do jornal e, por isso, pretende-se averiguar se houve alguma mudança significativa nos padrões das capas do jornal no período transcorrido entre 27 de outubro e 02 de novembro de 2015. Sendo assim, as duas capas supracitadas foram selecionadas.

Quadro 4 Categorias de análise
Linguística
Gramática Sistêmico-Funcional
Avaliatividade
Slogan publicitário
Imagética
Multimodalidade
Discursiva
Análise Crítica do Discurso (ACD): ideologia, hegemonia e tendências no discurso contemporâneo da mídia.
Fonte: Elaboração própria.
Figura 1
Capa 1 de 27 de outubro: Amarrado em poste após matar a ex.

Através da análise dos slogans da Capa 1 tem-se:

Quadro 5 Slogan principal
METAFUNÇÃO (OCULTO) Amarrado em poste após matar ex.
Ideacional Ator Proc.
Material
Circunstância de lugar Proc. Material Meta
Interpessoal Sujeito Finito + predicador Complemento Finito + predicador Complemento
Avaliatividade Apreciação positiva Apreciação negativa
Textual Tema Rema
Fonte: Elaboração própria. Quadro 6 Slogan 2
METAFUNÇÃO Em busca do bi
Ideacional Proc. Material Meta
Interpessoal Finito + predicador Complemento
Avaliatividade Apreciação positiva
Textual Rema
Fonte: Elaboração própria. Quadro 7 Slogan 3
METAFUNÇÃO Homem mata o namorado da ex-mulher à facada
Ideacional Ator Proc. Material Meta Circunstancia de modo
Interpessoal Sujeito Finito + predicador Complemento
Avaliatividade Apreciação negativa
Textual Tema Rema
Fonte: Elaboração própria. Quadro 8 Slogan 4
METAFUNÇÃO Jornalista denuncia ameaça de morte
Ideacional Dizente Proc. Verbal Verbiagem
Interpessoal Sujeito Finito + predicador Complemento
Avaliatividade Apreciação positiva
Textual Tema Rema
Fonte: Elaboração própria. Quadro 9 Slogan 5
METAFUNÇÃO Candidatos prejudicados poderão fazer novas provas
Ideacional Ator Modalizador Proc. Material Meta
Interpessoal Sujeito Finito + predicador Complemento
Avaliatividade Apreciação positiva
Textual Tema Rema
Fonte: Elaboração própria. Quadro 10 Slogan 6
METAFUNÇÃO Bacon, presunto e salsicha podem causar câncer.
Ideacional Ator Modalizador Proc. Material Meta
Interpessoal Sujeito Finito + predicador Complemento
Avaliatividade Apreciação negativa
Textual Tema Rema
Fonte: Elaboração própria.

No slogan principal detecta-se a presença do sujeito oculto (homem) e isso serve para inserir o leitor no universo do jornal, pois ele terá que imaginar um sujeito que sofreu a ação descrita na oração: “Amarrado em poste após matar ex”. O uso da voz passiva denota ação atribuída a terceiros e pode-se observar dois tipos de avaliatividade implícita e determinadas por convenções sociais na mesma oração: apreciação social positiva pelo fato pelo fato da mulher assassinada ter sido vingada pelas testemunhas do crime (amarrado em poste após…); e apreciação social negativa pelo crime hediondo (…matar a ex.).

O slogan 2 (Em busca do bi) se refere ao mundo esportivo e possui alto grau de informalidade. O “bi” representa a meta a ser atingida pelo time de vôlei do Sada Cruzeiro. O uso de informalidade e temas ligados ao mundo esportivo está relacionado com as tendências discursivas da mídia atual apontadas por Fairclough (1995)FAIRCLOUGH, N. Media discourse. London: Hodder Arnold, 1995.. Usam-se várias ferramentas discursivas para se atingir o público-alvo e, dentre elas, destacam-se a simulação do discurso do dia a dia na busca de maior interação com o leitor e venda do produto. Além disso, o uso da informalidade e formas abreviadas também se relacionam aos metassinais apontados por Hodge e Kress (1988)HODGE, R.; KRESS, G. Social semiotics. New York: Cornell University Press, 1988. e detectados nos textos midiáticos.

Já o slogan 3 traz as notícias policiais onde o Ator/Sujeito/Tema exerce papel ativo cuja avaliação social é negativa: “Homem mata o namorado da ex-mulher à facada”. A figura feminina é um dos alvos da ação masculina e se apresenta como uma das vítimas da ação, que teve o namorado assinado pelo ex-marido. No slogan 4 detecta-se o Processo Verbal “denuncia” com apreciação social implícita positiva, pois o jornalista ameaçado não se cala diante das ameaças. O ato representa censura à ação da imprensa e o jornal, como representante deste segmento, aprova positivamente, embora de forma implícita, a atitude do jornalista. A reportagem ocupa o espaço denominado “Assunto do dia”, e isso indica seu grau de importância na publicação. O jornal ouviu o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, a Polícia Militar de Araçuaí, cidade onde o fato ocorreu, o empresário acusado de ter ameaçado o jornalista e o próprio jornalista. O tom das entrevistas e descrição dos fatos denotam que, embora a denúncia seja um ato aprovado pela mídia em geral, existe um certo tom de cautela do jornal: “Repórter de um jornal de Araçuaí afirma ter sido agredido por empresário, após publicação de reportagem; acusado nega”. Em termos discursivos, diz-se que a responsabilidade pelos fatos foi transferida aos envolvidos no caso.

O slogan 5 trata de um problema detectado durante a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM – na região metropolitana de Belo Horizonte, que daria aos candidatos o direito de fazer novas provas. Existe apreciação social positiva, mas, ao mesmo tempo, o uso do modalizador “poderão” denota falta de certeza se a ação será ou não concretizada, pois a aplicação de novas provas dependerá de investigação da Polícia Federal e do aval do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. O slogan 6 apresenta o discurso social hegemônico (FAIRCLOUGH, 1994FAIRCLOUGH, N. Discourse and social change. Cambridge: Polity, 1994.) de alimentação saudável, mas o modalizador “podem” também indica não certeza com relação aos malefícios dos produtos embutidos e carnes processadas para a saúde.

A capa, em geral, apresenta as tendências discursivas apontadas por Fairclough (1995)FAIRCLOUGH, N. Media discourse. London: Hodder Arnold, 1995. sobre o discurso da mídia atual: democratização devido ao grau de informalidade dos textos; tecnologização devido às pesquisas e estratégias discursivas usadas para atingir e interagir com o público-alvo, os discursos são moldados a partir da realidade vivenciada pelos compradores do produto; e comercialização, pois a soma de todos os elementos analisados aponta para venda de um produto midiático. Discursos do universo privado se tornam públicos sendo foco de um tipo de mídia que visa legitimar algumas práticas através de sua apresentação informal ao leitor e isso nos remete à Fairclough (1994)FAIRCLOUGH, N. Discourse and social change. Cambridge: Polity, 1994. que afirma que a “personificação sintética”, uma simulação do privado, do discurso cara a cara, através do discurso público de massa (jornais, revistas, rádio e televisão) é uma tendência da mídia atual.

Passando-se à análise multimodal, depara-se com a imagem destacada (saliência) do cantor Belo e sua esposa Gracyanne. Horsley (2005)HORSLEY, R. Men's lifestyle magazines and the construction of male identity. 2005. 212f. Tese (doutorado) - Institute of Communications Studies, University of Leeds, Reino Unido, 2005. acredita estar o uso das celebridades em capas de jornais e revistas relacionado com a forma pela qual a mídia legitima os modelos políticos e econômicos do capitalismo através da promoção de ideologias. Para ele, uma imagem popular atua como um lembrete do sistema capitalista, direcionado aos fãs, e serve para reinterpretar valores e dar significados a muitas configurações sociais. Dessa forma, as celebridades funcionariam como bandeiras capazes de agrupar em torno de si muitos significados culturais e padrões de consumo; elas representam, ainda, a materialização do desejo e encorajam os consumidores na construção de si próprios enquanto objetos capazes de despertarem sentimentos, desejos e aprovação dos outros, da mesma forma que as celebridades interagem com seus fãs.

O corpo da mulher serve para atrair a atenção dos leitores e a informação sobre a imagem recebe pouco destaque: “Produção da Rede Globo não permitiu que mulher do cantor de pagode participasse do programa de Fátima Bernardes”. Isso indica que a imagem possui valor superior à informação escrita, exigindo que o leitor passe da imagem ao texto escrito, que irá servir para ancorar o fluxo de informações sobre as imagens ofertas (JOLY, 2009JOLY, M. Introdução à análise da imagem. Campinas: Papirus, 2009.). O casal ocupa o campo do “Ideal” por representarem a vontade do grande público de se tornar como as celebridades da TV ou do mundo da música. O olhar do casal é de oferta, ou seja, eles não olham diretamente para o leitor, mas oferecem seus corpos como modelo de beleza. O casal é mostrado a partir de uma distância social distante e de um ângulo baixo, proporcionando maior poder sobre o leitor. Pode-se dizer que a imagem expressa, em termos de Martin (2000)MARTIN, J. R. Beyond exchange: APPRAISAL Systems in English. In: HUNSTON, S.; THOMPSON, G. (Ed.). Evaluation in text. Oxford: Oxford University Press, 2000. p.142-175., apreciação social positiva ao estilo de vida e imagem difundida pelo casal da capa, ofertando tal possibilidade aos leitores.

Já a notícia sobre o castigo imposto ao homem que assassinou sua ex-mulher ocupa o centro da capa e os elementos que ocupam o centro da composição, segundo Kress e van Leeuwen (2006)KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. London: Routledge, 2006., representam o núcleo da informação.

Merecem destaque ainda o nome do jornal, o valor e o mundo dos esportes. O valor de venda do produto (0,25 durante a semana e 0,50 aos domingos) reforça seu caráter popular e aparece junto com o nome do jornal no âmbito do Ideal, ou seja, margem superior direita. As notícias sobre esporte também se destacam e, desta vez, o vôlei, ao invés do futebol, é destaque de capa. O time apresentado é o Cruzeiro e isso indica ainda uma associação direta com o futebol e com um dos grandes times de Belo Horizonte.

Já as cores da capa, também indicam importantes elementos multimodais a serem analisados, pois o uso de cores nas imagens pode preencher, simultaneamente, as três metafunções propostas por Halliday (1994)HALLIDAY, M. A. K. An introduction to functional grammar. London: Edward Arnold, 1994.: Ideacional, Interpessoal e Textual. No âmbito ideacional, as cores representam determinadas culturas e contextos sociais; no campo interpessoal elas buscam interação com diferentes tipos de leitor; já no âmbito textual, elas dão coerência ao texto. Na capa analisada, cores, como o vermelho, chamam a atenção do público para informações importantes; o azul está associado à ideologia do time de futebol e serve para interagir com os torcedores e as demais cores servem para tornar a construção da capa mais coerente.

A capa 1 está organizada da seguinte forma:

Figura 2
Capa 1
Figura 3
Capa 2 de 02 de novembro: Galo cai no Horto, e o título fica no sonho.
Quadro 11 Slogan principal
METAFUNÇÃO Galo cai no Horto e título fica no sonho
Ideacional Ator Proc.
Material
Circunstância Ator P. Material Circunstância
Interpessoal Sujeito Finito + predicador Complemento Sujeito Finito + predicador Complemento
Avaliatividade Apreciação negativa
Textual Tema Rema Tema Rema
Fonte: Elaboração própria. Quadro 12 Slogan 2
METAFUNÇÃO Idoso de 89 anos mata a mulher com um tiro
Ideacional Ator Proc. Material Meta Circunstância de modo
Interpessoal Sujeito Finito + predicador Complemento
Avaliatividade Apreciação negativa
Textual Tema Rema
Fonte: Elaboração própria. Quadro 13 Slogan 3
METAFUNÇÃO (você oculto) tem que ter disposição.
Ideacional Ator Proc. Material Meta
Interpessoal Sujeito Finito + predicador Complemento
Avaliatividade Apreciação positiva
Textual Tema Rema
Fonte: Elaboração própria.

Todos os slogans analisados apresentam as características apontadas por Iasbeck (2000)IASBECK, L. C. A. A arte dos slogans: as técnicas de construção das frases de efeito no texto publicitário. São Paulo: Annablume, 2000. e, dentre elas, destacam-se frases concisas, marcantes, incisivas, atraentes e de fácil percepção e memorização pelos leitores. As frases entrecortadas, que necessitam que o leitor insira seu conhecimento prévio para complementação, também se fazem presentes como “Tem que ter disposição! ”. Esse tipo de frase convida o leitor à complementação de sentido do slogan apresentado a partir do uso da experiência de mundo e conhecimento prévio. A análise sistêmico-funcional releva que, nos slogans policiais, esportivos ou ligados à imagem feminina, destaca-se o uso de Processos Materiais (cai, fica, mata, tem que ter…) e isso indica a busca do jornal em atingir um terminado público-alvo: o público masculino. A esse respeito, Falconnet (1975)FALCONNET, G. La fabrication des mâles. Paris: Éditions du Seuil, 1975., que sugere que o homem é mostrado sempre como um composto de aventura, guerra, caça, fogo, animais selvagens, cavalos, sensações fortes, vastos espaços, desertos, oceanos, florestas e montanhas; estando tais imagens associadas a verbos como afrontar, conquistar, cavalgar, dominar, adestrar, domar, empreender, subjugar, agir, submeter, encarar e vencer. No slogan 3, detectamos que o Ator-Sujeito-Tema da oração está oculto e isso requer que o leitor se coloque em seu lugar, proporcionando, em nível interacional, maior adesão ao universo do jornal popular.

Percebe-se ainda o efeito da avaliação social implícita nos slogans analisados. O slogan principal de capa “Galo cai no Horto, e título fica no sonho” se refere à derrota de um dos times mais conhecidos e premiados da capital mineira: Clube Atlético Mineiro, conhecido popularmente como Galo. Embora seja detectado o humor no slogan em questão, há uma avaliação social negativa implícita devido à derrota sofrida pelo time em seu próprio território onde muitas vitórias foram alcançadas. O Processo Material “cair” denota a derrota do time, mas, ao mesmo tempo, simboliza um time acostumado com vitórias, ou seja, a queda de um gigante em seu próprio território.

Já o slogan 2, apresenta apreciação social negativa por um ato social extremamente negativo e criminoso: “…mata a mulher com um tiro”. No slogan 3, existe apreciação social positiva implícita onde a figura feminina está sendo ofertada ao público masculino. Os homens, de acordo com a ideologia social predominante, devem assumir papel ativo na sociedade.

Os slogans analisados ainda apresentam as características do discurso da mídia atual apontadas por Fairclough (1995)FAIRCLOUGH, N. Media discourse. London: Hodder Arnold, 1995.: a democratização está ligada ao alto grau de informalidade usado pelo jornal; a tecnologização é representada pelos recursos imagéticos e discursivos usados para atingir um determinado público e isso indica que uma pesquisa de mercado foi realizada para que o jornal “falasse a mesma língua” do público por ele idealizado; e a comercialização une todos os elementos já apontados que contribuem para que o produto seja vendido e bem aceito pelos leitores. Destacam-se ainda os anúncios comerciais presentes na capa de cada edição, que ocupam a parte inferior da composição e englobam mais aspectos multimodais. Os produtos ocupam o âmbito do Real e isso pode indicar que os preços e produtos se encontram dentro do poder de compra do público-alvo.

A análise multimodal dos elementos que compõe a capa revela o grande destaque atribuído à figuram feminina, ao preço e título do jornal, e aos anúncios comerciais que ajudam a compor a capa. A imagem feminina não estabelece contato visual com os leitores e isso, conforme salientam Kress e van Leeuwen (2006)KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. London: Routledge, 2006., indica um ato de oferta, reforçando a ideia expressa pelo slogan “tem que ter disposição”. A modelo ocupa o canto superior direito da página, posição apontada por Kress e van Leeuwen (2006)KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. London: Routledge, 2006. como o “Novo”, denotando seu destaque e importância no conjunto. A coloração lhe dá valor de destaque, fazendo dela um elemento saliente e fazendo com que os olhos do leitor sejam direcionados à imagem da mulher sem que os demais elementos da capa sejam analisados. A imagem é mostrada através de uma distância social distante e ângulo baixo e isso a torna mais poderosa frente ao olhar do leitor.

Outro elemento de destaque na análise multimodal é o slogan principal de capa “Galo cai no Horto, e título fica no sonho”. Ele se refere à derrota do clube Atlético Mineiro para o Corinthians, perdendo a liderança do campeonato brasileiro e ficando mais distante do título de 2015. Dentro do mesmo slogan ainda há uma notícia referente ao Cruzeiro, o outro grande time mineiro e rival do Atlético. Isso denota uma forma de fazer com que os torcedores do time adversário também se identifiquem com a edição e comprem o jornal: “Allano se recupera de contusão, e Mano quer contar com atacante para próxima partida do Cruzeiro”. Sob a perspectiva multimodal, as informações que ocupam o centro da imagem possuem valor de destaque e querem chamar atenção do leitor pelo seu alto grau de importância em determinados contextos.

O nome do jornal ocupa o canto superior direito e o valor de venda do produto (0,25 centavos) também aparece de forma destacada, reforçando a ideia de produto popular. A reportagem policial ocupa o canto esquerdo superior e, segundo Kress e van Leeuwen (2006)KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. London: Routledge, 2006., as informações colocadas nessa área indicam o Dado, ou seja, informações já conhecidas pelo leitor. No final de cada capa, parte inferior, aparecem anúncios comerciais regionais.

Todos os elementos da capa aparecem ligados por vetores, que possuem a função de apresentá-los de forma mais homogênea, consistindo um conjunto coeso.

Figura 4
Elementos da capa

Conclusão

O objetivo principal deste artigo foi analisar capas do jornal popular Super Notícia para identificar como os aspectos linguísticos e imagéticos se conectam e como eles são usados para a persuasão do leitor e transmissão de ideologias predominantes na sociedade.

Os resultados das análises feitas nas duas capas indicaram que o jornal combina tendências mais gerais da mídia atual com aspectos regionais, culturais e específicos das classes a que o produto se destina. Dentre tais aspectos destacaram-se a tendência à democratização e tecnologização discursiva visando à comercialização do produto e, sendo assim, elementos linguísticos e multimodais foram cuidadosamente escolhidos e combinados.

Os slogans são diretos e requerem que o leitor os completem com seu conhecimento prévio, forma de proporcionar mais interação entre público-leitor e reportagens anunciadas nas capas do jornal popular.

Por outro lado, a análise das imagens e cores escolhidas na confecção das capas ainda revela a manutenção de certas práticas e ideologias populares relacionadas com questões de gênero, preservação de hegemonias e manutenção de ideologias e estereótipos dominantes.

  • 1
    Mood tem sido traduzido por Modo (com inicial maiúscula), mas esse termo causa confusão com “modo”, variável de Registro, que, quando em início de oração, é igualmente escrita com inicial maiúscula. Daí porque mantivemos o original Mood.
  • 2
    Expressão muito utilizada nas teses eslavas da Semiótica da Cultura, é de autoria dos semioticistas das escolas de Tartu e Moscou. Refere-se a todos os acontecimentos, ideias e objetos que não participam de uma determinada cultura. Assim, tudo o que não participa dessa dada cultura é, para ela, sua correspondente não cultura.
  • 3
    “Os produtos naturais (arroz, feijão, minério etc.) são gêneros. Os produtos industriais são especialidades.” (SANT'ANNA, 1982SANT'ANNA, A. Teoria, técnica e prática da propaganda. 3.ed. São Paulo: Pioneira, 1982., p.28).

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2017

Histórico

  • Recebido
    Mar 2017
  • Aceito
    Ago 2017
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