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Discursividades masculinas

Masculine discursivities

Resumos

Neste texto apresentamos resultados de nossa pesquisa de mestrado empreendida como uma análise do discurso da sexualidade masculina em duas revistas de circulação nacional: Universo Masculino e Men's Health. Na perspectiva da AD francesa, orientada na interdisciplinaridade da Linguística com outras áreas de saber, analisamos algumas matérias publicadas pelas revistas em 2009 nas quais a temática da sexualidade foi recorrente. Em termos metodológicos, a análise do corpus constituído aqui de três matérias resultou num trabalho descritivo e interpretativo norteado pela seguinte questão: que mecanismos linguísticos e discursivos as revistas UM e MH operam em relação ao discurso da sexualidade masculina e que efeitos de sentido esses arranjos produzem? Ao final, a análise das materialidades discursivas possibilitou compreender que a discursividade das duas revistas reproduz relações de saber e poder constitutivas de uma reafirmação do ideal hegemônico masculino, caracterizando as duas revistas como escritas masculinas da subjetividade do homem na atualidade.

Análise do discurso; Sexualidade; Subjetividade masculina


This text presents results of our MA research involving the discourse analysis (DA) of masculine sexuality in two nationwide circulation magazines: Universo Masculino (Masculine Universe) and Men's Health. Taking into consideration French DA, grounded on a view of the interdisciplinarity of linguistics with other areas of knowledge, we analyze a few articles published in 2009 by such magazines, pointing out the discursive comprehension of these publications as being hegemonic writings of masculine subjectivity nowadays.

Discourse Analysis; Sexuality; Masculine subjectivity


Discursividades masculinas

Masculine discursivities

Edgley Freire Tavares

UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Faculdade de Letras e Artes – Mossoró – RN – Brasil. 59.610-210 - edgleyfreire@msn.com

RESUMO

Neste texto apresentamos resultados de nossa pesquisa de mestrado empreendida como uma análise do discurso da sexualidade masculina em duas revistas de circulação nacional: Universo Masculino e Men's Health. Na perspectiva da AD francesa, orientada na interdisciplinaridade da Linguística com outras áreas de saber, analisamos algumas matérias publicadas pelas revistas em 2009 nas quais a temática da sexualidade foi recorrente. Em termos metodológicos, a análise do corpus constituído aqui de três matérias resultou num trabalho descritivo e interpretativo norteado pela seguinte questão: que mecanismos linguísticos e discursivos as revistas UM e MH operam em relação ao discurso da sexualidade masculina e que efeitos de sentido esses arranjos produzem? Ao final, a análise das materialidades discursivas possibilitou compreender que a discursividade das duas revistas reproduz relações de saber e poder constitutivas de uma reafirmação do ideal hegemônico masculino, caracterizando as duas revistas como escritas masculinas da subjetividade do homem na atualidade.

Palavras-chave: Análise do discurso. Sexualidade. Subjetividade masculina.

ABSTRACT

This text presents results of our MA research involving the discourse analysis (DA) of masculine sexuality in two nationwide circulation magazines: Universo Masculino (Masculine Universe) and Men's Health. Taking into consideration French DA, grounded on a view of the interdisciplinarity of linguistics with other areas of knowledge, we analyze a few articles published in 2009 by such magazines, pointing out the discursive comprehension of these publications as being hegemonic writings of masculine subjectivity nowadays.

Keywords: Discourse Analysis. Sexuality. Masculine subjectivity.

Memórias de uma pesquisa: uma introdução

Este texto é um relato de pesquisa. Uma retrospectiva, se preferirmos, do percurso de uma pesquisa realizada no PPgEL, Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem da UFRN, durante o mestrado em Linguística Aplicada (TAVARES, 2010). Na verdade, uma reescrita da análise do discurso da subjetividade sexual masculina em duas revistas de circulação nacional: Men's Health e Universo Masculino (deste ponto em diante também MH e UM, respectivamente), feita então. Estabelecemos recortes e revisitamos fragmentos da análise lá empreendida, tendo por referência principal uma perspectiva de análise do discurso na qual a tensão entre as práticas discursivas e não discursivas conduz a análise. Diante de algumas materialidades discursivas do gênero matéria ou reportagem de revista, a análise foi aqui norteada pela seguinte questão: Que mecanismos linguísticos e discursivos as revistas MH e UM operam em relação ao discurso da sexualidade masculina e que efeitos de sentido esses arranjos produzem?

Para tanto, apresentamos inicialmente alguns enunciados que circularam nas revistas, dizeres representativos da postura enunciativa adotada por elas, que é condizente com uma formação discursiva que determina ou regula enunciados discursivos sobre a sexualidade masculina heterossexual na atualidade. Tentaremos, em paralelo, discutir as dimensões linguística e histórica desses enunciados, apontando compreensões acerca das escolhas temáticas, das modalidades enunciativas, das estratégias e dos efeitos de sentido que as duas revistas propõem. Por último, expomos o modo como as duas revistas se colocam como escritas produtoras de uma sexualidade masculina estereotipada, centrada na norma heterossexual e compulsiva, constituindo-se, assim, como silenciadoras de performatividades de gênero e sexualidades outras e materializando relações de saber e poder que tentam cercar os sentidos sobre os modos de subjetivação sexuais na atualidade. Reproduzem-se, assim, em suas páginas a dominação e a centralidade masculina nas relações de gênero e sexualidade.

Os enunciados

Vivenciamos aquilo que autores como Thompson (1998) e Kellner (2001) chamam de "cultura das mídias", pensada aqui em sua dimensão discursiva, como prática produtora de sentidos na atualidade. Enquanto lócus de análise, a mídia tem sido bastante explorada pelas pesquisas em Análise do Discurso, nas mais diversas vertentes, sendo tomada como uma instância multifacetada que coloca em discurso nossas fantasias e angústias, transformando-as em temas de novelas, filmes, livros e revistas.

As revistas ditas masculinas, já que são escritas visando notadamente esse público, fazem parte dessa grande prática discursiva que tematiza nossas vidas. Como memórias de pesquisa, resgatamos alguns pontos da nossa pesquisa de mestrado, realizada com base em duas publicações desse segmento na mídia impressa, a saber, as revistas Men's Health, da Editora Abril, e a Universo Masculino, da Símbolo Editora.

Ao interrogar essas discursividades em sua historicidade, o trabalho da análise, seguindo uma postura de análise historicista dos discursos (FOUCAULT, 2007; PÊCHEUX, 2008; CERTEAU, 2007; ALBUQUERQUE JR., 2011), não tentou avaliar se a linguagem das revistas estava certa ou errada, se o que diziam condiz ou não com aquilo que fazem os homens na atualidade. Antes, o problema – que aqui se coloca novamente – centra-se na própria materialidade dos enunciados, nos efeitos de sentido que tentam naturalizar certos saberes e tecnologias do "eu" como sendo verdades masculinas. E isso na relação com o lugar enunciativo e institucional das revistas.

A questão é descrever o modo como certas regularidades discursivas das revistas citadas cruzam um domínio associativo disperso de outros dizeres e práticas, saberes e relações de poder outras. Proceder assim é interrogar as discursividades em suas especificidades, algo que permite desnaturalizar ou descontruir essas escritas do masculino, e ensaiar aqui uma escrita de análise do discurso como interpretação desdobrada que explique um pouco o funcionamento desses discursos sobre a sexualidade masculina.

Para tanto, da posição da Análise do Discurso, preocupada com a relação entre as práticas linguageiras e os sistemas cultural, político, social, religioso e econômico que possibilitam e dão uma condição de existência às manifestações enunciativas, explorou-se, como empiria de estudos, as práticas da mídia e suas vontades de verdade. Desse lugar é possível considerar, como o fez Gregolin (2007, p.13), que "[...] a articulação entre os estudos da mídia e os da análise do discurso enriquece dois campos que são absolutamente complementares, pois ambos têm como objeto as produções sociais de sentido."

Nas edições de 2009, das quais selecionamos três textos para esta crítica, observamos que a escolha temática das revistas, ligada a uma centralidade da sexualidade em nossa cultura, possibilitaria compreender o funcionamento dessa curta série enunciativa como sendo a atualização simbólica do dispositivo de sexualidade, tal como foi teorizado por Foucault (1988, 1999a, 1999b).

O trabalho com as materialidades discursivas implica apreender, nos textos das revistas, as regularidades discursivas (FOUCAULT, 2007, 1999c; CERTEAU, 2007) a partir das quais lemos, descrevemos e interpretamos fragmentos do discurso da sexualidade masculina, em referência aos princípios e métodos da AD. Nesse sentido, foi possível aproximar as duas revistas em aspectos como formação discursiva, escolhas temáticas, modalidades enunciativas, estratégias discursivas e efeitos de sentido, pontos que nos permitem, agora, nesta reescrita da análise, apresentar de uma forma sintetizada o modo como a discursividade das revistas pôde ser lida como parte de uma tecnologia que Fischer (2006, p.46) evidencia como sendo a emergência da "centralidade do corpo e da sexualidade nos produtos midiáticos." A matéria abaixo, reproduzida na íntegra, é bem ilustrativa dessa discursividade masculina na mídia impressa estudada.


Nesse acontecimento discursivo materializa-se uma estratégia bastante recorrente em nossa cultura: o texto acima traz a voz e o lugar de quem tenta produzir ou fazer circular saberes e verdades sobre a sexualidade masculina. Compreendida como prática discursiva própria de uma cultura obstinada em tentar dizer verdades sobre nossos modos de vida, essa materialidade discursiva vai organizar um lugar enunciativo, o da revista MH, assumido por quem assinou o texto, fazendo circular determinados códigos culturais e signos masculinos definidores dos modos de subjetivação afetivos e sexuais valorizados pela revista.

Em evidência, o texto acima traz o seguinte enunciado, que é o título e também o jogo linguístico e semântico central na discursividade: "Amigos, amigos... Sexo faz parte!" (SOLVES, 2009, p.24), dizer esse que entra numa relação interdiscursiva e intradiscursiva específica. Eis aí, de certo, um fragmento desse acontecimento discursivo mais amplo, indicativo do modo como hoje a mídia investe suas interpretações em torno da vida privada. Igualmente recorrente nas revistas estudadas é a busca dessas dizibilidades em se constituírem como uma pseudocientificidade, como um saber sobre modos de subjetivação masculinos. Aqui, um parêntese acerca do paradoxal funcionamento desse dispositivo de sexualidade na mídia. De saída, o lugar referente à virada discursiva nos estudos linguísticos indica que o discurso midiático não pode confundir-se com o real, encerrar seus efeitos e fechar seus sentidos. Contudo, a análise do nosso breve corpus discursivo, em seus efeitos de arquivo, vai apontar que é justamente esse o efeito de verdade que a linguagem midiática busca construir.

Esse traço epistemológico fundamental que ilustra a interdisciplinaridade entre a Linguística e a História é trazido para a Análise do Discurso. É justamente no ponto onde nos interrogamos sobre o real lógico, sobre a relação direta entre a palavra e a coisa que o discurso da mídia tenta produzir, que o trabalho em análise do discurso se inicia, ganha forma de problematização. Compreender essas discursividades masculinas é justamente questionar e colocar em xeque essas escritas do sujeito como produtoras de efeitos de subjetividade pela objetivação do sujeito.1 1 Para Michel Foucault, o sujeito é constituído e se constitui numa tensão entre as instituições sociais com seus discursos e o modo como esse espaço de visibilidade e dizibilidade se desdobra nas práticas de si, nas tecnologias do eu ou modos de subjetivação. Em suma, a subjetividade é um correlato das relações de saber e poder que objetivam o sujeito e o modo como o sujeito se subjetiva ao se posicionar, aderindo a essas relações ou subvertendo-as. Em outros termos, a univocidade do real e do sentido e a transparência da linguagem, efeitos da discursividade masculina na mídia, são impossibilidades teóricas na perspectiva da AD francesa, mas de algum modo são trazidas para o texto da análise, para serem desconstruídas.

E outro ponto mais se evidencia, pois que a linguagem é social, e mesmo não podendo encerrar o vivido, os discursos são igualmente sociais, interpretações do visível pelo dizível. Pensamos que, de alguma forma, os modos de subjetivação masculinos atuais tornem possível esses dizeres, mas o que nos interessa é menos essa relação direta do que o modo como a discursividade da MH e da UM apreende as práticas de gênero e sexualidade atuais para produzir determinados sentidos e não outros em seu lugar. Portanto, as práticas midiáticas não devem ser tomadas como algo dado, mas sim como construções discursivas que possuem uma espacialidade e uma temporalidade próprias.

No trabalho de desconstruir o real da mídia enquanto discurso, o linguista recorre à enunciação, ao linguístico, às condições de produção e a todas as questões relativas ao modo como a revista MH é uma escrita cuja vontade de saber busca interpretar e produzir sentidos sobre o sujeito. E como fragmento de uma prática destinada a fazer circular essa centralidade da sexualidade em nossa atualidade, a matéria da revista entra numa dinâmica já não tão nova, que apela à incitação e à exibição de um sexo tagarela, como nos convidava a pensar Michel Foucault, dinâmica constitutiva de um sexo lógico, razão de tudo, que já o havia levado a questionar tal vontade de saber histórica: "Por que essa grande caça à verdade do sexo, à verdade no sexo?" (FOUCAULT, 1988, p.20). Ora, é essa mesma vontade de saber que possibilita o surgimento da matéria da revista MH e sua inscrição no social. Essa vontade de poder dizer e dizer poder saber vai ser a força motriz da discursividade das revistas, a exemplo dessa matéria da HM. É a partir dessa condição de possibilidade na história e em referência ao arquivo do que foi dito sobre o sujeito e sua sexualidade que o enunciado recortado pode ser compreendido como algo que faz sentido em nossa cultura, em que a centralidade da sexualidade é visível, perseguida e proclamada.

Nesse enunciado chama a atenção os arranjos linguísticos, as retomadas de outros dizeres e outras práticas, interdições, regulações e silêncios, que desestabilizam memórias e dizeres de um domínio popular e os reconfiguram para o discurso da sexualidade heteronormatizada. "Amigos, amigos... sexo faz parte!" é a retomada no fio linguístico da expressão habitual "Amigos, amigos... negócios à parte", mas certamente é mais que isso, pois esse retorno configura efeitos de sentido que se aproximam e ao mesmo tempo deslocam a ideia primeira, indicativa de que não devemos confundir negócios com amizade.

Essa matéria é uma espécie de roteiro para o sujeito masculino, no qual a retomada de uma memória do dizer vai produzir uma diferença, o efeito pretendido pela revista: fazer do sexo um negócio próprio da amizade. O guia da revista lança uma série de segredos para se deixar de ser mero amigo e passar a ser amante, tais como: "Mantenha certa distância. Se você age como amigo e coloca todas as cartas na mesa, você será visto como amigo. Apenas amigo." (SOLVES, 2009, p.24). Segundo Sofia Solves (2009, p.25), jornalista que assina a matéria, para o homem deixar de ser parte da mobília e passar a ser alguém de quem a garota sentirá falta e desejará sempre ver, e de preferência sem roupa, ele também deve aprender: "Formate a relação. Faça com que ela inconscientemente se veja como sua garota em potencial."

O que o texto vai valorizar, como sendo porventura uma prática social e um truque que o homem precisa aprender, saber do qual não pode esquecer, é a valorização da prática afetiva e sexual sem maiores vínculos. Deixar de ser amigo e passar a ser amante seria um dos truques que atualizam essa caça ao sexo, sua nomeação, normatização e exposição em praça pública. Tecnologia que faz a revista vozear ao mesmo tempo um discurso de inferiorização da mulher, jogada à condição de sinônimo de realização sexual nesse dispositivo que produz, no espaço da revista, a dominação do homem. Cabe lembrar que essas imagens e dizeres que a cultura midiática explora regularmente são produtos de um lugar, de uma escrita que recorta o vivido e evidencia certos sentidos e valores, ao passo que silencia e interdita outras visibilidades e dizibilidades, outros códigos sociais e culturais que poderiam ser retomados nesses dizeres sobre as práticas de si masculinas e femininas.

A ideia de novo homem que outras práticas midiáticas buscam construir, pouco aparece nos textos a serem aqui apresentados, ou aparece reinterpretada para reafirmar práticas e saberes ditos hegemônicos, legitimando a centralidade masculina. O chamado "ideal hegemônico" reverbera nessa escrita do masculino como subentendido fundamental que é preciso reafirmar, nem que para isso novas (ou nem tanto) artes de si devam se aprendidas pelo homem. Nesse guia, a discursividade vai indicar que a jogada é tentar se aproximar da garota, tentar ser sensível aos gostos e aptidões dela, fazê-la sentir-se desejada e aproveitar a posição de amigo para avançar o sinal e levá-la para cama.

Esses efeitos de sentido investem numa das dinâmicas da subjetivação masculina discutidas por Oliveira (2004), em A construção social da masculinidade. Segundo esse autor, no domínio simbólico e cultural da masculinidade, as novas performances e práticas de si, exigidas pelas novas configurações de gênero e sexualidade, muitas vezes são postas em exercício (ou em discurso) como modo de reafirmar a virilidade e o impulso sexual, como signos que dizem o que são os modos de subjetivação masculinos.

Algumas de suas palavras, transcritas a seguir, vão nesse sentido:

A masculinidade enquanto símbolo hegemonicamente valorizado provê satisfação existencial àqueles que creem dela participar, através de condutas e práticas identificadas socialmente como masculinas, mesmo que para isto tenham que suportar duras provas e perigosas experiências, que constituem aquilo que chamo de vivências interacionais da masculinidade. (OLIVEIRA, 2004, p.248).

Um dos pontos centrais aqui é pensar esses sentidos e esses silêncios na historicidade de que são parte, na vontade de verdade que materializam e na própria dimensão dos arranjos linguísticos. Voltaremos ainda a essa primeira materialidade, mas por ora é preciso avançar na observação de que a análise se dá a partir de uma série enunciativa e do trajeto temático de leitura que uma dada sequência de textos permite traçar.

A produção do sentido só pode ser compreendida na análise dos discursos, como diz Pêcheux (2011a, p.167), na medida em que damos "visibilidade ao processo discursivo colocando várias sequências em relação." A heterogeneidade é, pois, uma dinâmica constitutiva da compreensão da unidade de um discurso, já que a descrição parte da ideia central de que todo "enunciado tem sempre margens povoadas de outros enunciados." (FOUCAULT, 2007, p.110).

Em nossa pesquisa de mestrado, destacamos outra materialidade.


Pensado em uma trama histórica e enunciativa, indicativa do lugar que a revista MH assume na escrita midiática do masculino, o enunciado "Transar é o remédio" é também o título dessa reportagem e a indicação de como perpetuamos o dispositivo de sexualidade (FOUCAULT, 1988), construção histórica, na qual o sexo tem sido alçado à condição de similitude da subjetividade, por instituições, discursos, correlações de saber e poder múltiplas. Em relação a "Amigos, amigos... Sexo faz parte!", podemos dizer que "Transar é o remédio" faz parte de um mesmo domínio associativo, que tenta estabilizar na centralidade da sexualidade certos saberes e práticas de si como sendo verdades masculinas.

Em nossa pesquisa de mestrado (TAVARES, 2010), argumentávamos nesse sentido, tentando problematizar o modo como as discursividades das duas revistas entram na mesma dinâmica de incitação, produção e disciplina do sexual, numa vontade de saber que busca dizer a todo tempo quem somos nós a partir daquilo que fazemos, numa tática de biopoder, de um poder sobre a vida. Essa tática de biopoder é discutida por Foucault (1988) como dinâmica geral do funcionamento de uma parafernália discursiva em torno do sexo, uma scientia sexualis, dispositivo que não parou de se desdobrar em outras práticas e tecnologias desde o século XIX, que não parou de inventar novas formas dizer o sujeito em sua essência, em sua relação com o sexo.

No pensamento foucaultiano, a grande tese em relação à sexualidade é a de pensá-la não como uma essência do sujeito e sim como uma construção social e histórica, um dispositivo histórico do qual a sexualidade é um correlato. Ao apresentar essa tese geral em A vontade de saber, primeiro volume de sua história da sexualidade, o pensador francês não coloca a sexualidade apenas no velho mecanismo de proibição que teria sido imposto aos atos e às palavras. Esse dispositivo de saber e de poder é algo produtivo, organiza práticas discursivas e não discursivas diversas.

A sexualidade é o nome que se pode dar a um dispositivo histórico: não à realidade subterrânea que se apreende com dificuldade, mas à grande rede da superfície em que a estimulação dos corpos, a intensificação dos prazeres, a incitação ao discurso, a formação dos conhecimentos, o reforço dos controles e das resistências, encadeiam-se uns aos outros, segundo algumas grandes estratégias de saber e de poder. (FOUCAULT, 1988, p.116-117).

Nesses termos, a mídia teria, portanto, um espaço e um lugar nessa reconfiguração ou atualização do dispositivo de sexualidade em nossa cultura. Nessa segunda matéria, da qual foram destacadas as duas páginas iniciais, chamamos atenção para um aspecto central da regularidade discursiva nesses textos. Trata-se das modalidades enunciativas que o discurso da sexualidade masculina possibilita no espaço da revista. Os autores do texto, Joe Mackie e Marcia Di Domenico, assumem a posição, adotada pela revista, de produtora de sentidos sobre a subjetividade heterossexual masculina. Nesse lugar de produção, o ato sexual, imperioso em seus efeitos, segundo aqueles que assinam a matéria, é capaz de driblar um resfriado e até desafiar o envelhecimento. E eles são categóricos: "Transe mais e invista na saúde" (MACKIE; DI DOMENICO, 2009, p.102). E, no canto inferior direito da imagem da modelo, onde se encontra o enunciado "remédio para todos os males", é possível ler: "A persistirem os sintomas, repita a dose" (MACKIE; DI DOMENICO, 2009, p.103).

É recorrente nessas modalidades enunciativas o recurso aos especialistas, por meio da tensão entre o discurso indireto e direto. A revista organiza um espaço de interdiscursividade com discursos de saber e sujeitos discursivos diversos, sejam eles terapeutas, sexólogos, consultores em relacionamentos e até neuropsicólogos, todos convocados e legitimados a falar com propriedade do assunto de sempre, como forma de reforçar certos efeitos de verdade sobre os modos de se subjetivar sexualmente.

Que vacina, que nada. Pesquisadores da Universidade Wilkes (EUA) descobriram que transar pelo menos duas vezes por semana eleva em 20% os níveis de imunoglobina A, anticorpo que protege contra resfriados e outras infecções por vírus e bactérias. Para ficar melhor ainda. "A chave para turbinar esses anticorpos naturais é intensidade e prazer, portanto mexa-se e experimente o máximo de posições possíveis", sugere Paula Hall, terapeuta sexual da Relate, instituição britânica que oferece consultoria em relacionamentos. (MACKIE; DI DOMENICO, 2009, p.103).

E continuam:

A fonte da juventude pode estar embaixo dos seus lençóis. Um estudo do hospital Real de Edimburgo concluiu que casais que transam quatro vezes por semana parecem ter dez anos a menos do que a média. "O prazer derivado do sexo é crucial na preservação da juventude, pois libera adrenalina, endorfina e neropinefrina", afirma o neuropsicólogo David Weeks. (MACKIE; DI DOMENICO, 2009, p.103).

Ao assumirem certas modalidades discursivas, próprias de uma prática discursiva destinada a querer difundir-se como discurso de saber, essa estratégia de deixar falar o especialista é um arranjo linguístico-discursivo recorrente. De acordo com as postulações de Maingueneau (2001), entendemos aqui os usos das aspas como um sinal gráfico a ser interpretado como a inscrição histórica do interdiscurso na materialidade da língua.

É assim que essa outra voz mais legitimada é convocada, outro lugar de enunciação cruza a sincronia da fala dos sujeitos da revista; resquícios de discursos de saber vêm irromper-se no intradiscurso, integrando-se, pelas aspas, à fala que os evocou. Sem romper com a ordem da sintaxe, a enunciabilidade do expert inscreve diretamente na materialidade o reforço dessa vontade de saber muito funcional e recorrente em nossa cultura. O efeito de sentido que tal estratégia discursiva produz é justamente o de um dispositivo que engendra relações de saber e poder para fazer gritar o sexo, fazer aparecer suas potencialidades, divisões e demarcações, no caso, produzir uma sexualidade normatizada. Aquilo que a discursividade da MH nos faz visualizar na mídia são formas de objetivar nossas subjetividades, tentando naturalizar esse controle da vida como sendo tecnologias próprias aos modos de subjetivação contemporâneos. Desconstruir essas falas é compreendê-las num espaço de discurso onde nossas práticas de si no domínio da sexualidade possuem sua produção vigiada, regulada, ensinada e dissimulada.

Em suas propriedades lexicais, esse arranjo da expertagem e seus efeitos se explicitam também pela reprodução dos usos do verbo no imperativo, como em "mexa-se", "experimente", ou ainda outros operadores argumentativos, sinalizadores do lugar de quem detém um saber e pode dizer uma verdade. Marcações do lugar de saber igualmente ilustradas em usos como "sugere" e "afirma" aparecem nessa materialidade, abrindo o lugar da fala especialista. Podemos identificar que a escrita da subjetividade que aparece nessa revista, assim como na outra, é aquela que reafirma a heterossexualidade como forma normal de subjetivação no domínio da sexualidade.

A discursividade presente nesse pequeno corpus de análise situa-se numa ordem de discurso cujo objetivo geral é incitar o conhecimento de si, a relação com o corpo e seus prazeres, como forma de potencializar a experiência sexual. Há nas materialidades apresentadas uma disciplina dos saberes e das práticas de si masculinas cujo efeito é a produção discursiva de uma sexualidade padronizada, heteromarcada, generalizada e tida como referência para aqueles que porventura leiam a revista e façam uso de seus saberes.

Nesse aspecto, entendemos nessas práticas discursivas aquilo que diz Louro (2007), sobre a existência de diversas formas de pedagogia da sexualidade materializadas em nossa cultura. Vejamos o que diz a autora acerca da centralidade heteronormativa, que pode ser entendida como um dos efeitos desse jogo pedagógico na cultura:

A heterossexualidade é concebida como "natural" e também como universal e normal. Aparentemente supõe-se que todos os sujeitos tenham uma inclinação inata para eleger como objeto de seu desejo, como parceiro de seus afetos e de seus jogos sexuais alguém do sexo oposto. Consequentemente, as outras formas de sexualidade são constituídas como antinaturais, peculiares e anormais. É curioso observar, no entanto, o quanto essa inclinação, tida como inata e natural, é alvo da mais meticulosa, continuada e intensa vigilância, bem como do mais diligente investimento. (LOURO, 2007, p.17).

A autora tece considerações próprias às teses foucaultianas sobre o funcionamento do dispositivo de sexualidade, destacando o aspecto de naturalidade da heterossexualidade, produzido por práticas instituídas na escola, na religião e nos próprios produtos midiáticos. Dessa perspectiva teórica, e aqui assumida, a naturalização do padrão hetero é o resultado de uma trama complexa na história, produtora de correlações de força e tipos de saber específicos. Mais importante ainda é saber que, nos desdobramentos dessa história, as duas revistas estudadas representam formas de resistência aos discursos sobre o homem frágil, sensível aos anseios, enfrentamentos e ganhos sociais e econômicos da mulher, próprios como sabemos, de nossa modernidade.

A historicidade das novas performances de gênero e sexualidade, para além de sua feição hetero, geralmente não autoriza ou organiza os enunciados dispostos nas duas publicações. Quando o faz, como veremos ainda, é para reafirmar práticas de si e saberes historicamente estabelecidos como parte da masculinidade hegemônica.

A análise aqui esboçada parte da materialidade linguística na sua relação com o histórico, ou melhor, no jogo extralinguístico com o social, numa tensão entre o discurso e o interdiscurso. Interpretar enunciados na historicidade é compreender como o texto se inscreve numa espacialidade e temporalidade específicas para produzir sentidos, materializando certos jogos de verdade.

Antes de avançar, gostaríamos de lembrar o que propõe Orlandi (1996, p.55), ao pensar os limites da interpretação. No seu entender, não se trata simplesmente de partir da história para o texto, e sim de entender o texto como materialidade histórica: "[...] a historicidade do texto, isto é, trata-se de compreender como a matéria textual produz sentidos." Assim, em sua postura teórica e epistemológica, a AD explora os enunciados numa via de mão dupla: vai trazer à baila as formações sociais e culturais que possibilitam certos discursos, com as relações de saber e poder próprias a esses sistemas, e vai buscar compreensão acerca dos modos como esses arranjos históricos se materializam na língua para produzir determinados efeitos de sentido, modos de dizer e fazer ver.

Da língua ao discurso: efeitos da análise

A análise do pré-construído é, na tradição dos estudos em AD, uma das formas que nos permite aproximar a dimensão do linguístico com o histórico, no jogo do discurso com o discurso outro, como propõe Pêcheux (2011b). Essa dupla constituição linguística e histórica entre o dito e não dito ou já dito é pedra fundamental do trabalho com as materialidades discursivas em AD, como forma de problematizar e compreender nosso objeto de estudos: a discursividade.

Nessa tradição, Collinot e Mazière (2010) afirmam que recorrer ao pré-construído possibilita uma compreensão textual diferenciada, já que obriga a análise do corpus a considerar a memória discursiva ou o interdiscurso. A análise do pré-construído possibilita tratar, no nível das manifestações linguísticas, fenômenos por vezes não identificáveis quando recorremos apenas à materialidade da língua. O pré-construído possibilita apreender no enunciado "[...] traços apagados de um 'outro discurso', não ditos, mas inscritos no interior do discurso que se sustenta." (COLLINOT; MAZIÈRE, 2010, p.185). A partir dessas afirmações, passamos a considerar a existência material da memória na ordem do discurso. É isso o que reforça Maingueneau (2001), em sua pragmática discursiva, sobre o fato de o pré-construído funcionar muitas vezes nos usos efetivos da língua como um pressuposto, algo construído anteriormente e que, retomado por um enunciado, vai produzir uma diferença de sentido.

Nesse ponto esclarece Pêcheux (2011b) que a interpretação pelo pressuposto não remete à interioridade daquele que diz, no sentido do status epistemológico do sujeito psicológico que opera simplesmente por estratégias cognitivas, como subjetividade origem e fonte dos sentidos. Os movimentos de retomada de já ditos funcionam na história, nas relações sociais que constituem por atravessamento o sujeito e aquilo que ele diz. Aquilo que se descreve nos dizeres dos escritores das revistas é a estratégia da retomada ou da paráfrase, e a interpretação não leva em conta simplesmente uma operação psicológica, lógica e interna do sujeito que escreve os textos, mas sim todo um espaço discursivo de referência no qual um dado enunciado pôde aparecer e fazer sentido para o analista, também marcado por um lugar. Isso explica o fato de que, por exemplo, mesmo havendo textos aqui em análise assinados por mulheres, ainda assim a discursividade permanece masculinizada, estereotipada com relação aos modos de subjetivação femininos. Tal dinâmica se justifica a partir da função enunciativa que esses sujeitos assumem quando escrevem para determinada revista, tendo que assumir certas regras e tendências valorizadas pela linha editorial da referida publicação.

A paráfrase torna-se, então, a retomada da memória discursiva na materialidade da língua, mesma tensão linguística e histórica que caracteriza o funcionamento discursivo do pré-construído na produção de sentidos. É isso que se manifesta na materialidade do enunciado "Amigos, amigos... Sexo faz parte!", cuja retomada de um já dito opera uma paráfrase no domínio associativo de enunciados sobre o sujeito e a sexualidade. Na ordem da língua, a paráfrase de "Amigos, amigos... Negócios à parte" implica uma mudança de lugar, já que a paráfrase, como vemos, funciona numa formação discursiva outra, produz sentidos tematizando a sexualidade e não mais a não valorização da associação entre amizade e negócios. No dito popular, aliás, a leitura faz funcionar outros subentendidos relativos à ética nas relações sociais e pessoais no trabalho. Vemos, pois, que a moral indicativa de que não devemos confundir relações é subvertida pela revista, em nome de outra (e seu contrário): a "moral" apelativa da realização sexual compulsiva na qual o que se tenta é justamente confundir amizade com sexualidade.

Em outras palavras, ao pensarmos no nível do que está implícito nesse dizer da revista MH, lemos o deslocamento de uma memória na retomada daquilo que já havia sido dito alhures, no caso o provérbio "Amigos, amigos... Negócios à parte". Nesse aspecto, cabe analisar a memória do dizer inscrita na materialidade da língua e descrever, como lembra Pêcheux (2011a), o que para os linguistas se coloca como a manifestação de uma paráfrase. Foi a partir das considerações desse teórico que a paráfrase foi entendida aqui como algo que marca não apenas uma retomada sintática ou lexical, no nível do mesmo, mas sim uma mudança de sentido. Pêcheux (2011a) pensa a paráfrase como um espelhamento, já que o reflexo dessa estratégia enunciativa são os efeitos de sentido e não simplesmente arranjos na linearidade da língua. Ele distingue tipos de paráfrase:

1º tipo: a paráfrase sintática com identidade lexical e variação de tipo sintático, e 2º tipo: a paráfrase de estrutura sintática fixa e variação lexical), há obviamente um terceiro tipo que podemos chamar de misto e que é, na realidade, o mais frequente. Esse terceiro tipo de paráfrase se caracteriza pela combinação das variações dos dois tipos precedentes: variação lexical e paráfrase sintática. (PÊCHEUX, 2011, p.171).

Como dá para notar, "Amigos, amigos... Sexo faz parte!" possui estrutura sintática semelhante ao já-dito popular "Amigos, amigos... Negócios à parte", cujo sentido remete ao ambiente de trabalho, ao mundo dos negócios. Contudo, esse dito popular, enquanto memória que será parafraseada, é retomado por quem assina a matéria para reescrevê-lo numa vontade de saber própria aos discursos sobre o homem valorizados na revista. Ao tentar constituir uma nova moral da amizade a revista oferece um guia a ser seguido e aprendido nas práticas de si masculinas, fazendo circular aí relações discursivas específicas do funcionamento da centralidade da sexualidade no momento atual.

Em A linguagem e seu funcionamento, Orlandi (1984) indica que uma formação discursiva envolve sempre em sua dispersão uma relação de paráfrase e polissemia. Nesse sentido, ela argumenta que a FD é um espaço em que enunciados são retomados e reformulados, no jogo entre a identidade e a diferença. Dessa forma, o enunciado "Amigos, amigo... Sexo faz parte!" é polissêmico e aberto, fazendo confluir, na materialidade da língua, os limites de diferentes formações discursivas para produzir retomadas e subversões que a revista busca fazer circular como saberes e práticas a serem valorizadas pelo sujeito.

É preciso observar, pois, que no jogo com o pré-construído que se manifesta sintaticamente na paráfrase deve ser levado em conta naquilo que Foucault (1999c) havia chamado de suspensão do significante. Isso implica observar que o movimento de paráfrase só pode ser considerado no nível da discursividade ao levarmos em conta a historicidade do enunciado e suas condições de possibilidade (FOUCAULT, 2007). Em outras palavras, os arranjos linguísticos e interdiscursivos só fazem sentido na história, enquanto fragmentos de uma escrita midiática do masculino heterossexual, com efeitos de sentido específicos nas revistas Men's Health e, como veremos, na Universo Masculino. No fio discursivo, a interpretação dessas práticas discursivas na história aponta para a valorização da realização sexual e o rompimento dos laços afetivos, colocados em segundo plano, na constituição do sujeito masculino na atualidade.

Essa discursividade se repete na seguinte materialidade discursiva:


Essa matéria publicada na Universo Masculino ilustra igualmente o funcionamento do dispositivo de sexualidade. Tomando como formulação-chave nesse texto o dizer "Ter novidade é bom e todo mundo gosta" (MERCATELLI, 2009, p.77) o percurso analítico vai evidenciar, mais uma vez, a proximidade das duas revistas. Do modo como aparece no texto, tal dizer é parte de um período mais longo, cujas orações integram um subtítulo, enunciado que valoriza o desapego e o descompromisso nas interações afetivas e sexuais a partir de um imperativo desejo de novidade.

Sobre esse imperativo fala Lipovetsky (2007) no ensaio A sociedade da decepção, lembrando antes que é na esfera da vida privada que a espiral de frustrações, uma das metáforas da modernidade líquida, faz mais sentido. Nessa terceira e última materialidade que constitui nosso pequeno corpus de análise, os efeitos de sentido autorizam interpretar que as decepções na vida sentimental são possíveis de ser reinventadas, reaprendidas, em nome de outra arte: a potencialização da conquista e da realização sexual.

Para a revista Universo Masculino, o homem deve se constituir na prática dos relacionamentos relâmpagos. Para reforçar esse efeito de verdade, a autora que assina a matéria, Veridiana Marcatelli, vai convocar novamente o discurso de saber.

O homem ainda é valorizado pela capacidade de sedução. Quanto mais conquistas, melhor para a imagem que ele tem de si mesmo. "Conquistar várias mulheres faz com que muitos homens se sintam mais masculinos [...]". Conta o doutor Oswaldo. (MERCATELLI, 2009, p.78).

De acordo com Lipovetsky (2007), a experiência da decepção afetiva, como sintoma de uma atualidade que valoriza o efêmero e o transitório, é parte de uma cultura que nos coloniza e algo com o qual estamos aprendendo a lidar, a vivenciar. Viver em movimento é uma exigência das artes de si líquidas (BAUMAN, 2004, 2007) e a decepção afetiva desdobra-se na vivência das experiências afetivas e sexuais furtivas valorizadas pela revista. Essa arte de si masculina, tal como aparece nesse texto, inscreve-se num saber apelativo e afirmativo da "liberação" sexual, no domínio heterossexual.

O imperativo da novidade, instituído na discursividade pela valorização da efemeridade nas relações, é mais um dos sinônimos da verbalização do sexo, manifestação desse sexo que se coloca como remédio para todas as decepções, repetido e proclamado insistentemente nas práticas midiáticas em análise. Essa escrita masculina do masculino atribui ao homem ideias como as de virilidade, autonomia, dominação, conquista e outros atributos, signos para a centralidade masculina nas relações de gênero e sexualidade.

A posição enunciativa das duas revistas, como iremos concluir, materializa ou se inscreve num imaginário cultural e social estabelecido pelo chamado ideal hegemônico da masculinidade, lugar simbólico profundamente criticado por outras práticas discursivas, sobretudo as do discurso acadêmico, mas que de qualquer forma ainda ressoa em práticas discursivas e subjetivas, como parte do aprendizado e da vivência masculina na atualidade de alguns espaços e sociabilidades. Nesse ponto, é evidente que a discursividade em estudo joga com um silêncio constitutivo, aquilo que autores como Pires e Ferraz (2008, p.29) apontam como sendo a "crise da masculinidade ou crise do macho", um sentimento de fragilidade e fuga dos valores hegemônicos atributos do masculino, que conduzem como diz Ghilardi-Lucena (2008) ao estereótipo do novo homem dos tempos atuais. Em outras palavras, aquilo que Oliveira (2004) coloca como sendo o Outro da masculinidade.

Do ponto de vista das imagens, símbolos e representações sociais, a mulher e o feminino apareciam como o outro polo, a alteridade do masculino. Assim, a autêntica feminilidade surgia como o inverso da masculinidade: delicadeza, beleza sensual, comedimento público e fragilidade. (OLIVEIRA, 2004, p.72).

Além desse silêncio, definir os rumos do que é dito pelas revista, visto que essas práticas são formas de resistir ou de reagir a esse Outro, cabe lembrar que os saberes e as práticas masculinas sexuais que os enunciados valorizam cruzam um domínio de outras práticas, a exemplo da vida pelo consumo, algo que nos leva a reconhecer, em referência aos textos das revistas e também ao que diz Lipovetsky (2007, p.20), que "a vida sexual tomara a feição de um domínio inspirado nos hábitos do consumo." Consequentemente, temos na terceira materialidade a reverberação e o deslocamento ou silenciamento da ideia de homo afetivus de que fala Lipovetsky (2007) em seu ensaio. Melhor ainda, é possível apontar que, nos textos lidos, a ideia de afetividade é ofuscada por outra: a de sexualidade, grande tema de discurso, constitutiva da figura subjetiva mais valorizada pelas revistas: a de homo sexualis.

Como sugere Bauman (2004), a dinâmica dos relacionamentos contemporâneos sugere ou faz alusão a um modo de vida virtual estabelecido por conexões que podem ser interrompidas, reiniciadas ou deletadas, antes mesmo que possam ser detestadas. A "dica" do momento, como propõem os guias dos especialistas das revistas, é aprender a desligar-se das redes intersubjetivas, sem dor ou culpa; afinal, "estar em movimento, antes um privilégio e uma conquista, torna-se uma necessidade." (BAUMAN, 2004, p.13). É dessa forma que o discurso da sexualidade materializado nas revistas, em especial nesse último exemplo, vai evidenciar este imperativo da novidade: viver a cada dia uma experiência, "como se fosse a primeira vez", e também a última, parece ser o truque do momento.

Dito isso, voltemos ao enunciado "Ter novidade é bom e todo mundo gosta", e aqui, a última oração vai possibilitar mais uma vez a ilustração da junção da historicidade com o linguístico. Assim, "Todo mundo gosta", recortado e descrito em sua formação discursiva, vai ser interpretado e compreendido numa dupla articulação enunciativo/histórica. Tomada em seus constituintes linguísticos, com base nas unidades tradicionais da oração do português, sua estrutura morfossintática se forma a partir de um sujeito, de um verbo e de um complemento (SVC).

Assim, é possível interpretar ou parafrasear:

Todo mundo: quem?

Gosta: quem pode gostar, de quem ou sob quais condições?

Pensados em sua relação com o extralinguístico, os sintagmas nominal e verbal, constituintes da oração "Todo mundo gosta" vão produzir sentidos na história, e as possibilidades de leitura acima indicam, naquilo que a teoria do discurso de Pêcheux (2008) permite pensar, que a discursividade masculina na revista UM é tanto estrutura linguística quanto acontecimento histórico, materialidade que oferece a ler, nesse duplo olhar articulado, as artimanhas enunciativas da revista e seus jogos de verdade.

Essas interpretações ou paráfrases são possibilitadas a partir dos efeitos de sentido que a revista produz, indicativas de que o discurso é um acontecimento entre o real da língua e o real da história. Deste modo, a discursividade da revista Universo Masculino autoriza a leitura de "Todo Mundo" como sendo "apenas" todos os homens heterossexuais que se deparam com a possibilidade do "novo", da nova chance de dominação masculina e da nova potencial experiência sexual.

Toda essa discursividade sustenta um paradigma naturalista, como lembram Pires e Ferraz (2008), que, por um lado, busca instituir a superioridade masculina em relação às mulheres e, por outro, regula os sentidos do que deva ser a sexualidade masculina, construída com base numa norma política andro-heterocentrada e homófoba, sexualidade que em seus limites e efeitos de verdade vai sustentar o que se deve entender como sendo o homem de verdade, seu aprendizado, seu modo de vida.

Nessa disciplina discursiva do corpo masculino, a mulher é tematizada ou convidada a constituir-se apenas como objeto de desejo e realização sexual masculina. Na sequência, o mesmo texto da UM afirma que só os homens podem vivenciar livremente a proclamada liberação sexual e ter várias parceiras. Esse mesmo imperativo da novidade, conforme a materialidade discursiva, organiza enunciabilidades e institui práticas de si diferentemente no que concerne aos modos de subjetivação femininos. Isso pode ser apreendido na regularidade da estratégia da expertagem, que volta a funcionar. Novamente a voz de saber é convocada, dessa vez produzindo sentidos sobre mulher, como ocorre na passagem a seguir:

O interesse pelo inédito não é privilégio dos homens. Mulheres também embarcam nessa busca constante. "Só que elas são vistas como 'ninfomaníacas', como pessoas que não pretendem se casar. Ainda existem homens que as verão como mulheres que não servem para o matrimônio", explica o doutor Oswaldo. (MERCATELLI, 2009, p.78).

Acima um efeito de memória, sustentado pelo especialista, de que as mulheres liberadas sexualmente, que buscam múltiplos parceiros, devem conviver ainda com uma cultura do sexual que não autoriza as experiências afetivas e sexuais da mulher da forma como vai valorizá-las para o homem.

Mesmo que por vezes a revista dissimule esse discurso e busque dizer o contrário, parece estar sempre recorrendo à cultura dita falocêntrica. Ainda que de forma velada, as revistas buscam reafirmar o valor simbólico da masculinidade hegemônica e a submissão e subserviência da mulher. Isso se verifica no próprio modo como a revista busca constituir a mulher nesse mesmo quadro geral da novidade nas relações afetivas e sexuais. Para as mulheres, a revista faz circular outros saberes e práticas de si, indicações de que para elas o negócio é ser ou manter-se uma novidade para eles, seja a curto, médio ou longo prazo. Nesse aspecto, dois depoimentos dessa mesma matéria da UM são ilustrativos.

Homem não gosta de mesmice, principalmente quando o assunto é sexo. Como eu também não gosto, procuro sempre inovar nas transas com o meu marido. Estamos casados há 12 anos, mas de tempos em tempos nós damos um up. Eu, por exemplo, gosto de usar lingeries diferentes, depilar absolutamente tudo e até já tive aulas de striptease e pompoarismo [...]. (Claudia, 37 anos, secretária).2 2 Mercatelli (2009, p.79).

E na sequência:

Tive um namorado que, em pouco tempo, caiu numa rotina brava no sexo. Era sempre a mesma coisa: papai-mamãe, uma única vez, e boa noite. Ele era devagar e eu acabei entrando nesse ritmo lento. Mas quando nós terminamos o namoro, eu jurei pra mim mesma que nunca mais deixaria uma relação ficar tão monótona como aquela. Hoje em dia, ligo pro meu atual namorado no meio do expediente, toda sexy, ou mando torpedos bem picantes para ele ir se animando até a gente se encontrar. Sei deixá-lo maluco. Assim, nunca deixo de ser uma novidade na vida dele. (Verônica, 28 anos, publicitária).3 3 Mercatelli (2009, p.79).

Essas narrativas de si femininas são modalidades enunciativas organizadas por uma prática discursiva que tenta reafirmar em seus efeitos de sentido e jogos de verdade a centralidade da sexualidade nos modos de subjetivação, operando efeitos distintos para o homem e para a mulher.

Escritas do masculino: algumas reticências

Ao retomar a análise do discurso empreendida no mestrado, foi por um movimento inevitável que a reescrevemos, já que, à maneira do historiador das ideias (FOUCAULT, 2007, 1999c; CERTEAU, 2007; ALBUQUERQUE JR., 2011), o lugar dessa escrita empreendia um olhar distanciado e novo, estabelecido no presente.

Nessa "nova" tomada de posição, tentamos compreender as revistas e suas visibilidades e dizibilidades, buscando a historicidade desse acontecimento na mídia, no espaço dos discursos e das relações de saber e poder a ela inerentes. Na escrita do masculino, materializam-se deslocamentos do dispositivo de sexualidade, produzindo como efeito a centralidade da sexualidade nos modos de subjetivação masculinos.

Ao desconstruir a discursividade das revistas Men's Health e Universo Masculino, como parte dessa escrita midiática, foi possível entender tais práticas como realidades produtoras de efeitos no social, já que fazem circular nacionalmente sentidos que afirmam velhos ideais hegemônicos atribuídos ao homem. Enquanto escolha temática das revistas, a subjetividade sexual masculina é objeto e alvo de discursos que buscam instaurar certos saberes e relações de poder como verdades que o homem deve reconhecer na constituição de si, tecnologias do "eu" atravessadas por práticas outras e materializadas nas revistas como podendo dizer aquilo que o sujeito é ou deve tornar-se.

A compreensão dessas práticas discursivas só foi possível levando em conta aquilo que Certeau (1995, p.45) chamou de dinâmica da utopia em nossa cultura, ou seja, como práticas que buscam no dizível aspectos do vivido que passam por transformações, redefinições e deslocamentos, para reafirmar tais modelos num tempo e espaço onde tais sistemas são criticados, dessacralizados. Em se tratando dos modos de vida masculinos, no domínio da afetividade e, sobretudo, da sexualidade, foi possível compreender que as escolhas temáticas das revistas marcam um lugar de discurso entendido como lugar do masculino hegemônico, de uma identidade fundamentada na centralidade da sexualidade. Esse lugar do hegemônico e de uma identidade sexual como essência do indivíduo é algo profundamente criticado em outras práticas, como já foi dito, sobretudo no discurso acadêmico.

As discursividades masculinas fazem circular mitos do masculino, no sentido que Barthes (2010) deu ao termo, do mito enquanto fala, enquanto forma histórica de mensagem e de modo de significar. Na descrição e interpretação do funcionamento dessas práticas, a subjetividade masculina heterossexual, tematizada pelas revistas, aparecia como correlato de um dispositivo que, de certa forma, faz resistir em nossos dias sentidos ditos hegemônicos em relação ao homem e seus modos de vida. Tal assertiva pode apontar para a existência, mesmo em tempos de crise dos velhos paradigmas identitários, de discursos valorativos de modos de vida ditos hegemônicos e tradicionais, com as implicações de gênero e sexualidade que vimos aqui.

Nas páginas das revistas examinadas, a ética masculina constitui-se pela moral da realização sexual enquanto modo de vida fundamental e capaz de estabelecer relações no trabalho, em casa e na vida a dois; ficando, aliás, a alteridade feminina – e tudo aquilo que diz respeito ao Outro do masculino – como uma espécie de vapor, de sombra, de silêncio. Foi possível observar, por exemplo, o quanto as publicações instituem a heterossexualidade masculina como norma, sendo ela colocada em discurso como uma verdade, um ideal de vida a ser seguido.

Pensadas no funcionamento de um dispositivo de sexualidade (FOUCAULT, 1988, 1999a, 1999b), as duas revistas, enquanto práticas discursivas midiáticas contemporâneas, buscam produzir, como jogos de verdade, uma forma de disciplina e de relações de poder que objetivam o sujeito, tentando determinar seus modos de agir. Autores como Weeks (2007) procuram explorar a história da sexualidade foucaultiana, reafirmando a tese de que tal história é, em grande medida, a história das práticas discursivas e não discursivas em torno do sexo. Nesse sentido, o dispositivo sexual funcional em nossa cultura é parte do desenvolvimento da sociedade disciplinar. A centralidade da sexualidade nos produtos midiáticos pode vir a ser pensada como forma contemporânea de regulação social, uma artimanha do biopoder.

A discursividade das revistas tematiza a sexualidade como definidora das relações entre homens e mulheres. Precisamente nisso, as discursividades masculinas aqui em estudo entram na velha dinâmica desse dispositivo sexual, esse conjunto de saberes e relações de poder que tem feito do sexo "[...] o pivô ao redor do qual toda a tecnologia da vida se desenvolve: o sexo é um meio de acesso tanto à vida do corpo quanto à vida da espécie." (WEEKS, 2007, p.51). Para as revistas, o sexo institui uma verdade para o sujeito masculino, algo que parece guiar o seu comportamento, seus aprendizados culturais e sociais ou modos de vida.

Para terminar, gostaríamos de insistir numa ironia, proposta por Foucault (1988) no final do primeiro volume de sua História da sexualidade. Ao nos mostrar nessa obra que a sexualidade não é algo dado, e sim uma construção social e cultural relativamente nova, correlato de uma série de discursos de saber e práticas médicas, familiares, escolares, religiosas entre outras, Foucault (1988) nos chamava a atenção para os jogos de verdade que instituem essa aparente liberdade sexual como sendo a maior ironia de um dispositivo que tinha por finalidade regular e administrar o sujeito e a sociedade. As práticas históricas que instituíram a sexualidade são tidas pelo autor como efeitos de uma vontade de saber, um prazer de saber, como ele mesmo disse, algo que fez grande parte de nossa cultura querer ver e fazer ver a exuberância do sexo, num "[...] desejo de tê-lo, de aceder a ele, de descobri-lo, liberá-lo, articulá-lo em discurso, formulá-lo em verdade." (FOUCAULT, 1988, p.171).

Tratou-se aqui de compreender as discursividades das revistas nesses jogos de verdade, entre o linguístico e o histórico, como acontecimento imerso em relações de saber e poder, nas tentativas de regular os sentidos sobre o que é ser homem e ser mulher na atualidade. E a ironia se faz presente justamente por este motivo: porque o insight foucaultiano possibilita desnaturalizar e descontruir esses enunciados e imagens enquanto efeitos de discurso, como acontecimentos de uma cultura voltada para a centralidade da sexualidade.

Devemos pensar diferentemente essa liberdade ou liberação, já que ela não passa de uma estratégia de saber e poder que pode limitar os sentidos do vivido. Portanto, é este o efeito histórico da ironia: não devemos "[...] acreditar que, dizendo-se sim ao sexo, se está dizendo não ao poder; ao contrário, se está seguindo a linha do dispositivo geral de sexualidade." (FOUCAULT, 1988, p.171).

Recebido em 14 de setembro de 2011.

Aprovado em 20 de agosto de 2012.

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  • 1
    Para Michel Foucault, o sujeito é constituído e se constitui numa tensão entre as instituições sociais com seus discursos e o modo como esse espaço de visibilidade e dizibilidade se desdobra nas práticas de si, nas tecnologias do eu ou modos de subjetivação. Em suma, a subjetividade é um correlato das relações de saber e poder que objetivam o sujeito e o modo como o sujeito se subjetiva ao se posicionar, aderindo a essas relações ou subvertendo-as.
  • 2
    Mercatelli (2009, p.79).
  • 3
    Mercatelli (2009, p.79).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      05 Dez 2012
    • Data do Fascículo
      Dez 2012

    Histórico

    • Recebido
      14 Set 2011
    • Aceito
      20 Ago 2012
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